Muito se cobra do poder público quando ele falha em fornecer a infraestrutura que necessitamos. Falamos de ineficiência, de gastos exorbitantes sem sentido, da demora em realizar obras e da burocracia. Mas e quanto o Poder Público oferece a infraestrutura e a própria população a destrói? Segundo levantamento da prefeitura de Bento Gonçalves, o gasto para consertos de patrimônio destruído chega a R$ 40 mil todos os anos.
A noção de vandalismo é sempre acionada para ler dois tipos de práticas: uma é a intervenção no espaço urbano que fere o senso estético de certos grupos sociais, mais sensíveis a pichações do que a outdoors (agressivos não só pelo tamanho, mas muitas vezes por seus conteúdos publicitários machistas, racistas, etc), e outra é a destruição que não está inscrita sob o signo do desenvolvimento, do progresso, da civilização, ou mesmo que se coloca em oposição a essa lógica do capital, como a ação direta dos Black blocs, por exemplo.
Não podemos aceitar nem conviver com o vandalismo
A verdade é que o vandalismo é um problema típico de cidades médias e grandes. As pessoas não têm senso de pertencer ao órgão público, aquele sentimento de coletividade. É a inversão de valores, um não respeita o outro. Outro motivo que pode explicar atos como o praticado nas Praças Centenário e Vico Barbieri é a sensação que a pessoa tem de não depender dos serviços públicos, devido à sua boa condição econômica. Acreditam que estão acima das coisas, e o patrimônio público abaixo dela. É uma atitude de petulância. Dizer que o vandalismo acontece por razões econômicas não é real. Outros vândalos depredam os espaços públicos simplesmente pela sensação de prazer e rebeldia.
A punição para quem comete esse tipo de delito deveria ser severa, imediata e educativa. Os vândalos mesmos deveriam pagar pelo o que depredaram e ainda ter a obrigação de ajudar a consertar ou mesmo prestar algum serviço comunitário no mesmo local, enquanto o ponto é reparado. Só assim aprenderão o verdadeiro valor do patrimônio público. Só assim entenderão que é o dinheiro deles mesmos, a partir dos impostos, que custeiam os reparos e as estruturas.
É preciso ainda uma mudança de atitude da própria população, diante dos flagrantes de vandalismo. Não se importar não é o caminho. O caminho é chamar a polícia, a Guarda Municipal, fazer a sua parte, e reclamar caso os policiais não apareçam. Não podemos apenas cobrar que a prefeitura cuide da cidade. É fundamental que cada cidadão também cuide. Só assim, ao andarmos pelas ruas, teremos a percepção de que nossa cidade está sempre bem cuidada. Não podemos aceitar nem conviver com o vandalismo.