Atualmente Basso busca fundos junto a comunidade para a realização de mais cinco cirurgias, para as quais necessita de R$ 63.710,00

A vida de Bruno Basso, de 32 anos, é marcada por uma incessante batalha contra enfermidades crônicas e pela dedicação ao auxílio de outras pessoas. Em entrevista, Basso detalha as complexas intervenções cirúrgicas necessárias, a gestão de sua saúde mental e a atuação à frente do grupo Solidariedade Serra gaúcha, iniciativa que já registrou mais de 2 mil ações beneficentes.
A trajetória de Basso iniciou-se abruptamente aos 14 anos, em 2007, quando um diagnóstico de Leucemia Linfoblástica Aguda alterou seu percurso. O processo de tratamento, que se estendeu por anos, incluiu intensivas sessões de quimioterapia e radioterapia entre 2007 e 2008, além de uma cirurgia testicular em 2008, parte dos procedimentos protocolares da quimioterapia. Contudo, em março de 2010, a doença retornou, culminando em um transplante de medula óssea realizado em agosto do mesmo ano, utilizando dois cordões umbilicais oriundos de São Paulo e Nova York.

Basso passou por vários tratamentos ao longo da vida

Sequências de tratamentos e novos desafios de saúde
Apesar do êxito do transplante, a saúde de Basso foi subsequentemente desafiada por uma série de complicações. Entre 2011 e 2012, ele enfrentou quadros de pneumonia bacteriana, tuberculose, pneumonia pulmonar por fungos, meta-hemoglobinemia e parainfluenza. Tais episódios exigiram internações e tratamentos contínuos, demandando uma luta persistente contra as doenças e os efeitos adversos das terapias.
Em 2013, o uso prolongado de medicamentos, notadamente corticoides, resultou em severas consequências ortopédicas. Basso foi diagnosticado com osteoporose crônica, osteonecrose, gonartrose severa e escoliose. “Em 2013, comecei uma nova luta. Tudo devido ao uso prolongado de corticoides”, afirma Basso. A fragilidade óssea impôs a necessidade de uma prótese no joelho esquerdo, a primeira de mais de 20 cirurgias ortopédicas realizadas desde então, abrangendo joelhos e cotovelos. Em 2016, uma artroplastia bilateral nos cotovelos foi executada para restaurar a mobilidade comprometida. Atualmente, Basso ainda convive com limitações físicas significativas, que impactam sua mobilidade e capacidade de esforço.

A urgência das próximas intervenções cirúrgicas e a questão financeira
A prioridade imediata de Basso reside nas cirurgias urológicas. Desde 2018, um bloqueio emocional e complicações urológicas severas resultaram na indicação de três procedimentos cirúrgicos em uma única intervenção, a ser conduzida pelo Dr. Fábio Pascoalotto, em Caxias do Sul. A condição é agravada por sequelas de tratamentos prévios, incluindo a criptorquidia em 2008, a radioterapia em 2010 e o uso prolongado de antidepressivos desde 2018, que, segundo ele: “deixam a pessoa perder a libido sexual, deixam literalmente broxa”. Basso aborda a delicadeza do tema, ressaltando o impacto em sua vida pessoal: “É um assunto delicado de falar, ainda mais na nossa faixa etária, porque eu já fui muito julgado”, explica.
No âmbito ortopédico, a colocação de uma prótese no joelho direito é fundamental para conter a progressão de uma patologia que já afetou ambos os joelhos e cotovelos. “Em 2013 eu só tinha no joelho esquerdo, passou para o direito e para os dois cotovelos”, explica. Um linfonodo na bochecha, classificado como cisto, também aguarda remoção. Ao todo, Basso já se submeteu a 21 cirurgias e possui outras cinco planejadas, para as quais necessita de R$ 63.710,00, além de R$ 1.500,00 para um exame de ecodoppler peniano. Para essa empreitada, Basso conta com o auxílio da comunidade para a arrecadação dos valores para o custeio das cirurgias.

Saúde mental e a atuação no grupo solidariedade Serra Gaúcha

O grupo arrecada aparelhos ortopédicos para empréstimos

Apesar das adversidades financeiras, acentuadas pelos custos mensais de R$ 500 a R$ 600 com medicamentos para depressão, Bruno mantém a esperança. Sua experiência com a leucemia, diagnosticada em 2007 com um prognóstico inicial desfavorável, forjou sua resiliência. “100% de esperança onde houver 1% de chance”, é a máxima que o orienta. O acúmulo de experiências traumáticas, incluindo a perda de amigos para doenças similares, o levou a oito tentativas de suicídio, as últimas em janeiro e março deste ano. Atualmente, a administração de sua medicação é feita por sua mãe, medida essencial para prevenir recaídas. “Eu tô no 80, é ver alguma coisa, alguma pessoa falar alguma coisa, eu decaio, tipo, eu tenho uma queda muito brusca. No entanto, um ‘choque de realidade’ proporcionado por um médico em outubro de 2023, me ajudou a ver as coisas de outra maneira”, afirma Basso.
Para a manutenção de sua saúde mental, Basso participa ativamente de terapias e grupos de apoio. Às segundas-feiras, frequenta o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), recebendo acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Nas terças-feiras, integra um grupo de apoio na Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (AAPECAM), onde, como um dos membros mais antigos, compartilha experiências e participa de atividades terapêuticas. Sua dedicação estende-se a ações solidárias com a AAPECAM, como a distribuição de materiais informativos e participação em eventos externos.

Solidariedade Serra Gaúcha

Itens básicos também podem ser doados

Em paralelo à sua luta pessoal, Bruno Basso é o fundador do Grupo Solidariedade Serra Gaúcha, estabelecido em 13 de novembro de 2014. A iniciativa, que inicialmente focava na doação de móveis e eletrodomésticos, evoluiu para a distribuição de produtos ortopédicos por empréstimo. “Hoje eu passo dos 400 produtos ortopédicos, que já foram doados para mim, para trabalhar por empréstimos”, informa. Com um sistema transparente, que exige dados de identificação para empréstimos, o grupo já efetivou 2.093 ações beneficentes. Apesar de enfrentar a inadimplência de alguns usuários e uma recente diminuição de membros, devido a disseminação de uma informação falsa. “Devido a uma fofoca de má índole de uma pessoa, aqui de Bento Gonçalves, provavelmente, que disse que eu estava usando drogas, o que não é verdade. Eu, realmente, gostaria de saber quem foi”, desabafa Basso, demonstrando determinação em superar tais obstáculos. A transparência é um princípio basilar para ele, que realiza a prestação de contas mensalmente, detalhando as finanças do grupo e apresentando comprovantes. “Eu tento sempre ser muito transparente, até porque no grupo eu faço esse detalhamento de verbas, de números”, garante.
Apesar do sentimento de instabilidade, devido ao corte de seu benefício do INSS, que foi suspenso em 2023 após perícia judicial e só retomado em maio deste ano, Basso não desiste. Ele enfrenta dificuldades na inserção no mercado de trabalho formal em razão de sua condição de Pessoa com Deficiência (PCD). “Eu compreendo também as empresas, mas eu me sinto um pouco na corda bamba”, pondera, salientando que uma nova perícia pode a qualquer momento revogar seu benefício. “O valor de R$ 1.518,00 do benefício mal cobre os gastos com medicamentos, dificultando a estabilidade financeira e o apoio à família”, salienta.
O projeto de formalizar o Grupo Solidariedade Serra Gaúcha como uma ONG permanece uma meta clara para Basso. “Gostaria de formalizar o projeto, torná-lo maior e mais eficiente. Mas, para isso, eu preciso de ajuda, porque sozinho eu não sou ninguém”, afirma. “A vida é incerta, o dinheiro é importante, mas não é tudo”, reflete Basso, concluindo: “O que eu levo comigo é a gratidão por tudo que as pessoas fizeram por mim. E enquanto eu puder, vou continuar retribuindo essa ajuda”. Para contribuições, a chave PIX é 838.479.280-15, em nome de Bruno Basso.