Membros de duas igrejas evangélicas se reuniram, na última semana, para realizar súplicas em frente à casa de saúde de Bento
Em meio a momentos de dor, os pacientes e funcionários do Hospital Tacchini e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h puderam sentir compaixão na última semana. Isto porque membros de igrejas evangélicas de Bento Gonçalves se reuniram – mantendo o distanciamento – para orar e cantar louvores do lado de fora dos locais, visando dar suporte emocional e espiritual àqueles que estão vivendo e vendo de perto o momento mais crítico da pandemia.
O pastor da igreja Verbo da Vida, Raphael Vargas, afirma que foi muito especial o momento em que orou pelas pessoas. Os membros da instituição foram aos locais na última terça-feira, 9 de março. “Foi muito bom estar intercedendo para que os enfermos sejam restaurados, curados, e para que os funcionários sejam guardados pelo Senhor. Oramos para que os números baixem, que as pessoas se recuperem e vão para as suas casas. Pelo nosso prefeito, pelo governador do estado, para que tenham a sabedoria de Deus neste momento tão difícil. Foi maravilhoso ver o rosto deles na janela, chorando e recebendo aquela oração. A gente percebe que Deus é aquilo que todos precisam neste momento, foi muito gratificante e a gente já está desejando fazer em um outro momento também”, relata.
Certeza de que tudo vai passar
A costureira Silone Coleraux Pinheiro é membro da Igreja Universal do Reino de Deus e esteve na última quarta-feira, 10, orando e cantando louvores em frente ao Hospital Tacchini. Em um dos versos da música cantada pelos fiéis, estava a frase “vai passar”, e ela sabe exatamente o que é superar uma situação como essa.
Em agosto de 2020, a costureira perdeu o marido para a Covid-19. Além disso, ela e seus pais também contraíram a doença. “Foi um mês muito aterrorizante, de tristeza e dor. Mas o que me ajudou a suportar tudo isso foi Deus”, garante.
Segundo Silone, o que a motivou a ir ao local foi o amor àquelas pessoas que ela nem mesmo conhece. “Também passei por isso e foi uma forma que encontrei de ajudar e dizer para elas que Deus está com a gente em todas as horas, e que Ele não nos abandona em nenhum momento. Que elas sejam fortes e saibam que tudo passa. Nunca se pode perder a fé e a esperança”, frisa.
O sentimento na hora da oração, para a viúva, foi muito intenso. “Lembrei de tudo que passei, mas senti alegria por estar transmitindo fé para que não desanimem, como o louvor que foi cantado, o qual diz que tudo vai passar. Espero que muitas pessoas sejam curadas e que se tinha alguém ali com pouca fé e esperança, naquele momento que Deus tenha dado conforto. Orei para que a motivação delas pela vida ficasse mais forte”, expõe.
Relatos de solidariedade
O auxiliar de estofaria, André de Barros, participou da oração na quarta-feira e acredita que existem muitas pessoas desistindo de viver e precisando de apoio, seja com um louvor ou uma palavra. “Nesse momento difícil causado pela pandemia, tudo o que pudermos fazer para dar suporte e apoio, nós faremos. Essa foi uma solução para que, mesmo sem podermos estar juntos presencialmente, estamos unidos por meio da fé”, afirma.
A técnica em segurança do trabalho, Jamily Fidelis, explica que foi ao local para poder levar um pouco de fé e esperança e lembrar àquelas pessoas que não estão sozinhas. “Deus as ouve e nós estamos orando pela melhora delas. Juntos podemos mudar uma situação, dar apoio à sociedade, trazer de volta a ideia que tudo vai passar e vamos vencer esse momento crítico”, ressalta.
A mercadóloga Monique Silva diz que muitas pessoas enfrentam algum tipo de problema de saúde, não apenas pela Covid-19, mas outras doenças. “Elas podem se sentir abatidas e até mesmo sozinhas no leito. Isso nos motivou a lembrá-las que não estão só, prestando nosso apoio e solidariedade, lembrando-as para continuarem lutando, pois essa situação vai passar. Fico com um sentimento de satisfação em saber que, de alguma forma, conseguimos levar alegria e força em um momento tão difícil”, pondera.
A ministra da Verbo da Vida, Inalda Domingues, conta que o momento das orações foi marcante. “Fui inundada por uma compaixão muito grande por aquelas pessoas. Se a gente não está perto, temos empatia, mas quando você está lá vendo elas na janela olhando e agradecendo, com esperança naquilo que a gente está fazendo, é muito mais intenso. Depois que a gente saiu, sentimos um privilégio ao ver que Deus pode contar com as nossas vidas, é uma sensação de recompensa, felicidade e alegria no coração por ter feito aquilo”, conta.
Resultados
A técnica em enfermagem Jozana Lopes da Silva viu, na noite de quarta-feira, a mensagem de esperança. “Achei lindo. Nesse momento é o que mais a gente está precisando. O trabalho está exaustivo e desgastante. Pois, querendo ou não, a gente está junto com os pacientes e pode acontecer com um de nós também, porque estamos ali. Isso renova a gente para seguir trabalhando”, conclui.