Tive a oportunidade de conhecer e estar duas vezes em Paris e confesso que minha decepção com a cidade não é de hoje. Desde a primeira vez, em 2011, o que vi foram águas poluídas, pessoas em um geral com uma educação indesejada ao receber turistas, cidade cinza e cara. Os monumentos que chamam atenção foram obras construídas: a torre Eiffel, o arco do triunfo e a catedral de Notre Dame, por exemplo. Em si, Paris não é nada acolhedora a meu ver. Com as Olimpíadas, não foi diferente. Querer mudar o formato da abertura para fora de um estádio não é o que impactou, foi a falta de sensibilização mesmo.

O Sena sempre foi um dos rios mais poluídos do mundo e não é de hoje, tanto que desde 1923 o nado em suas águas é proibido, já que há despejo de esgoto industrial e residencial em suas águas. A cidade da moda podia ter abordado de inúmeras formas esses jogos pós pandemia. Mas não foi dessa vez que conseguiram superar as Olimpíadas do Brasil e, posteriormente, de Tóquio.

Pra começar, a chegada das delegações em barcos foi sem graça, Lady Gaga (que não entendi porque estava ali, se nem é francesa nem nada) deixou a desejar. Celine Dion salvou o espetáculo ao encantar o público, ainda mais depois da parada de sua carreira devido ao diagnóstico de Síndrome da Pessoa Rígida. Zidane, Nadal, o mascarado e outros nomes agitaram positivamente ao carregarem a tocha.

Mas o que mais impactou negativamente o mundo, sem dúvida, foi a falta de respeito e sensibilidade com temas que nada têm a ver com as Olimpíadas, em especial, em zombar, através de uma releitura grotesca e insensata, da fé cristã. Isso atinge não só toda uma cultura que tem o filho de Deus como centro de sua fé, mas também recebe o repúdio de pessoas de outras crenças que veemente criticaram a perdição da cidade luz ao esquecer de Nossa Senhora das Graças e Virgem Maria e de uma terra que tem muita história com o cristianismo.

A Santa Ceia remonta a última refeição de Jesus Cristo com seus discípulos na véspera de sua crucificação, representando o sacrifício de Jesus. Representá-la através de drags, crianças e com uma detonação pejorativa a um clássico da Arte e da Religião de da Vinci, é declarar guerra a povos diferentes, desrespeitar cultura de atletas mundiais, ao contrário do objetivo do esporte nas Olimpíadas que é justamente a promoção da paz e união entre os povos.

Não sei em que ponto os franceses se perderam, se foi inclusive ali que temos registro de aparição de muitos santos que são ícones à igreja católica. Além disso, outros pontos podiam ter sido abarcados e não envolver a religião de forma desrespeitosa. Além do mais, não foi só a abertura que foi um show de horrores: há problemas na vila olímpica; na poluição que, mesmo dispendendo de mais de um bilhão, ainda não tornou a água propícia para saúde humana; no preparo de alimentação aos países. Enfim…

Não foi por nada que a cidade luz ficou apagada bem depois da abertura olímpica. Se o bom senso não existe, alguém vem cobrar a conta! Nesse quesito, a França já saiu perdendo. E vai ser muito difícil recuperar.