O cabelo e a barba são de verdade. Os imensos olhos azuis dispensaram os óculos. E os dentes ganharam aparelho… Isso impressionou a menininha, que não para de olhar para esta figura tão… insólita.
Passado o primeiro impacto, ela questiona:
-Onde tu mora, Papai Noel?
-Em Arvorezinha – responde ele espontaneamente sem dar-se conta da sutileza da pergunta.
-Fica no Polo Norte? – insiste ela.
-Ah, fica, sim!
Ele sorri para a mãe, que suspira aliviada.
-Tu conhece Frozen? Porque também é do Polo Norte – garante a pequena.
-Conheço! É uma garota muito comportada, obedece aos pais, cuida dos maninhos, ajuda a vovó e o vovô…
A pequena parece refletir. As personagens de Frozen não são bem assim… Anna é meio maluquinha, e Elsa tem o raio congelante que é muito perigoso… Mas se ele diz, está dito. Afinal é o Papai
Noel quem sabe das coisas.
Agora é ele quem puxa conversa:
-Você já me mandou a cartinha?
A menina fica confusa… Que bagunça é esta? Então o avô não entregou? Será que não dá pra confiar nos adultos?
O Noel raciocina rápido e quebra o desencanto:
-Me conta o que você pediu…
-Uma bicicleta! Mas tem que ser rosa, tá?
O Noel interpela a mãe com o olhar. Ele não pode ser irresponsável e prometer algo que não vá cumprir. Ela acena que sim.
-Está certo! Se eu não puder te entregar pessoalmente, mando um dos meus ajudantes.
-Um gnomo? Ou a Mamãe Noel? – interroga a baixinha, querendo certificar-se de que o transporte será feito por alguém confiável do mundo da fantasia.
O Papai Noel garante que tudo dará certo, independentemente de quem será o carregador. Enquanto fazem o registro fotográfico exigido pelos “grandes” e estimulado pelo Noel, que usa uma balinha como expediente de convencimento, o menininho que vem logo atrás previne a sua mãe:
-Eu NÃO vou falar com ele.
E enrola-se na saia materna para se proteger. Que segredinhos “infames” seus quatro anos escondem?