Robert Francis Prevost, novo papa, escolheu o nome Leão XIV, e é o segundo papa das Américas, sendo o primeiro Francisco

Em um momento histórico para a Igreja Católica, o arcebispo americano Robert Francis Prevost ascende ao papado, sucedendo a Francisco. A eleição de Prevost, um religioso da Ordem de Santo Agostinho, primeiro Papa Agostiniano, com vasta experiência pastoral e administrativa. Nascido em Chicago, Illinois, nos Estados Unidos, em 14 de setembro de 1955, Prevost trilhou um caminho de profunda dedicação à fé e ao serviço eclesiástico, culminando em sua inesperada eleição como o novo Sumo Pontífice.
A escolha de Prebost representa uma busca por equilíbrio entre as alas tradicionalista e reformista da Igreja, em um momento de tensões internas.

Origens

Filho de pais com raízes humildes e fervorosamente católicos, Robert Francis cresceu em um lar onde os valores cristãos eram pilares fundamentais. Sua educação primária e secundária transcorreram em instituições católicas de Chicago, onde desde cedo demonstrou uma inclinação para a reflexão e um interesse genuíno pelas questões espirituais. Embora na juventude tenha explorado outras áreas de estudo e cogitado diferentes caminhos profissionais, o chamado da fé se intensificou gradualmente, marcando uma guinada decisiva em sua vida.
Aos 22 anos, impulsionado por um desejo crescente de servir a Deus e à comunidade, Robert Francis Prevost ingressou na Ordem de Santo Agostinho, uma ordem religiosa com uma rica história de serviço e ensino. Sua jornada de formação religiosa o levou a aprofundar seus estudos em filosofia e teologia, obtendo licenciaturas e doutorados em instituições de prestígio tanto nos Estados Unidos quanto em Roma. Esse período de intensa imersão intelectual e espiritual moldou sua visão de mundo e o preparou para os desafios que viriam.
Após sua ordenação sacerdotal, em 1982, o Padre Robert Francis Prevost iniciou seu ministério pastoral com um forte senso de missão. Sua primeira grande experiência de serviço ocorreu no Peru, onde atuou como missionário por mais de uma década. Nesse período, trabalhou incansavelmente em paróquias humildes, dedicando-se ao serviço dos mais necessitados, à educação e à evangelização. Sua proximidade com a realidade latino-americana e seu compromisso com a justiça social deixaram marcas profundas em sua espiritualidade e em sua compreensão dos desafios enfrentados pela Igreja em diferentes contextos culturais.
Ao retornar aos Estados Unidos, Prevost assumiu importantes responsabilidades dentro da Ordem Agostiniana. Serviu como formador de jovens religiosos, prior provincial de sua província nos Estados Unidos e, posteriormente, como prior geral da Ordem Agostiniana em nível mundial, cargo que ocupou por mais de dez anos. Sua liderança foi marcada pela busca do diálogo, pela valorização da vida comunitária e pelo estímulo à renovação da ordem em face dos desafios contemporâneos. Sua capacidade de escuta e sua visão abrangente o tornaram uma figura respeitada e admirada dentro da hierarquia religiosa.
Em 2014, o Papa Francisco o nomeou Bispo de Chiclayo, no Peru, marcando um novo capítulo em sua trajetória eclesiástica. Mais uma vez, Dom Robert Francis demonstrou sua dedicação ao povo peruano, liderando a diocese com zelo pastoral, promovendo a unidade eclesial e defendendo os direitos dos mais vulneráveis. Sua experiência como missionário e sua profunda compreensão da realidade local foram cruciais para o seu ministério episcopal em Chiclayo.
A nomeação de Dom Robert Francis Prevost como Prefeito do Dicastério para os Bispos em 2023 o trouxe para o centro da administração da Igreja Católica em Roma. Sua responsabilidade de auxiliar o Papa na escolha de novos bispos em todo o mundo o colocou em contato direto com as diversas realidades eclesiais e o preparou para a magnitude da tarefa que agora lhe é confiada.

Proximidade com Francisco

A ascensão deste novo pontífice inevitavelmente suscita comparações e análises sobre a continuidade ou as possíveis nuances em relação ao seu predecessor, o Papa Francisco. A trajetória de Robert Francis Prevost, antes de ascender ao papado, já o havia colocado em contato direto com o Papa Francisco em diversas ocasiões. Sua atuação como Prior Geral da Ordem Agostiniana por mais de uma década naturalmente o levou a participar de encontros e audiências no Vaticano. Um momento crucial nessa relação de proximidade foi a nomeação de Robert Francis Prevost como Bispo de Chiclayo, no Peru, em 2014. Essa designação, feita pelo próprio Papa Francisco, demonstrava uma confiança nas capacidades pastorais e na experiência missionária de Prevost. A elevação de Dom Robert Francis Prevost ao cargo de Prefeito do Dicastério para os Bispos em 2023 consolidou ainda mais sua proximidade com o Papa Francisco. Essa nomeação o colocou no centro do processo de seleção de novos bispos em todo o mundo, uma função de extrema importância e que requer uma colaboração estreita e constante com o Santo Padre.
Entretanto, o novo Papa apresenta um posicionamento mais conservador em questões morais como homossexualidade, divórcio e planejamento familiar.

Contradições

A índole do novo Papa já passa a ser discutida devido ao envolvimento em dois casos de escândalos sexuais. O primeiro caso envolve sua postura sobre um caso de abuso sexual durante seu tempo como provincial da Província Agostiniana de Chicago (1999-2001).Na época, um padre condenado por abuso sexual de menores foi autorizado a permanecer em um priorado agostiniano perto de uma escola primária e continuar as funções como padre até mais tarde ser removido e, então, laicizado em 2012. No entanto, diz-se que Prevost nunca autorizou essa situação em particular.
A segunda situação envolve alegações de abuso em sua antiga Diocese de Chiclayo, no Peru. Dois padres foram acusados ​​de molestar três meninas, com as alegações surgindo em abril de 2022, durante o mandato de Prevost como bispo. Alguns acusadores alegam que Prevost não realizou uma investigação adequada e encobriu o padre acusado, entretanto a diocese negou o caso.
Em maio de 2025, surgiram alegações de que a diocese pagou 150 mil dólares às três vitimas para silenciá-las, e as meninas teriam acusado Prevost de encobrir os abusos sexuais cometidos pelo padre. As investigações sobre o caso ainda não foram encerradas.
Ainda é cedo para delinear com precisão as prioridades do pontificado de Robert Francis Prevost. No entanto, sua trajetória sugere uma atenção para as questões da evangelização, do diálogo intercultural e da justiça social, temas caros ao pontificado de Francisco.