O voluntariado é uma forma desenvolver a empatia e a relação com o próximo, de viver novas experiências, de conhecer outras realidades e ter a oportunidade de fazer novos amigos. Alguns projetos, organizações, associações e pessoas de Bento Gonçalves fazem a diferença com serviços à comunidade e aos animais.
Liderança no voluntariado
A advogada, presidente do Observatório Social de Bento Gonçalves, vice presidente do Sindilojas Jovem e coordenadora de inferiorização da OAB RS, Aiala Maria Santin Premaor, atua como voluntária desde 2014, contribuindo com ações sociais das duas organizações. Uma delas é a ‘Campanha do Bem’, realizada pelo Sindilojas Jovem, que tem como principal objetivo, arrecadar alimentos e agasalhos aos mais vulneráveis. “Temos também o projeto ‘Integra’, em que através de palestras e cases de sucesso, buscamos integrar o jovem do ensino médio no mercado de trabalho. No auge da pandemia, também fizemos uma forte campanha para auxiliar as pessoas que estavam em isolamento e não podiam sair de casa”, conta.
A advogada também atua como voluntária do Observatório Social do município, está há dois anos contribuindo para a cidadania fiscal, organizando palestras que tratam sobre educação fiscal para jovens das séries iniciais nas escolas da cidade, além de realizar análises de editais e licitações. “O braço forte do observatório é o voluntariado, assim quem tiver interesse em transformar a sua indignação em ação e nos auxiliar em análises de editais, licitações e gastos públicos, pode entrar em contato através do WhatsApp 54-984329337”, informa.
Em 2019, foi convidada para representar a jovem advocacia na subseção de Bento, que através da comissão de educação, leva noções básicas de conhecimento jurídico aos jovens das escolas municipais. “Também são feitas ações de arrecadação de doces e brinquedos para as crianças em datas comemorativas. Além disso, coordeno a interiorização da comissão da jovem advocacia no Estado, em que a principal finalidade é auxiliar novos colegas advogados em início de carreira”, relata.
Para ela, é muito gratificante participar dessas ações voluntárias. “Esse tempo despendido à sociedade acaba sendo convertido em uma alegria imensa. A doação é um ato de esperança e amor. Ser voluntário é uma forma de contribuir para a comunidade, seja em meio a educação fiscal ou jurídica, mas também um jeito de confortar as pessoas que passam por necessidades”, comenta.
Aiala lembra de algo que época da pandemia, o qual a deixou muito acalentada e realizada por ter ajudado alguém. “Recebi uma ligação informando que tinha uma família que estava precisando de comida, no momento eu estava almoçando e me comovi por ter alimento e aquelas pessoas não terem o que colocar na mesa. Fui até o mercado, comprei uma cesta básica e segui até uma casa, lá estava uma mulher com três crianças me esperando. Naquele momento a mãe me contou que eles tinham apenas um ovo para dividir entre os quatro, e me agradeceram muito pela ajuda. Foi muito gratificante ser abraçada com tanto carinho e ver o brilho no olhar das crianças”, conclui.
A cultura da paz
O engenheiro mecânico e pastor evangélico, Willames Tenório Costa, lidera um grupo de voluntários de Bento Gonçalves, atuando dentro de escolas e comunidades do município com o projeto de nível mundial “Escola da Vida”, que busca resgatar princípios e valores nos jovens e adolescentes. “Vamos nas escolas e realizamos todo o atendimento da parte de capelania, observamos o desenvolvimento dos alunos, juntamente com os professores e a equipe escolar com foco no amparo espiritual, moral e na dignidade. Também temos o projeto ‘O que cabe no meu mundo’, voltado às crianças”, fala.
Segundo Costa, sempre atuam em conjunto e nunca é sobre uma só ação. “Unidos à comunidade escolar, que se refere à todas as famílias, queremos promover de fato a cultura da paz dentro daquele ambiente”, afirma.
Recentemente, o voluntário esteve com o grupo na Escola Estadual de Ensino Fundamental Pedro Vicente da Rosa, o que resultou em um encontro com pais na última semana. “Estávamos em quase 50 pessoas na Comunidade Santa Lúcia, no bairro Progresso, debatendo sobre a criação de filhos, as responsabilidades, as necessidades que se apresentam e como precisamos fazer para de lidar com tudo isso. Focando sempre na formação do caráter na criança e do adolescente, para que sejam pessoas de princípios e valores”, pondera.
Como pastor, ele trabalha com questões de suprimento das necessidades das pessoas, principalmente com a alimentação de quem se encontra em vulnerabilidade econômica e social. “Ajudamos algumas pessoas com os próprios recursos vindos de voluntários que doam na igreja, outros nós encaminhamos para os serviços públicos”, menciona.
Costa se sente pleno e realizado ao fazer parte do voluntariado. “Dentro da minha educação cristã e evangélica, entendo que há um mandamento de Jesus que fala sobre amar à Deus sobre todas as coisas, mas ele tem um outro muito importante, que é amar o próximo como a ti mesmo. Então fui criado dentro dessa ideia de que ajudar o outro é uma ordem do senhor e isso me completa como pessoa”, sublinha.
Fazendo essas ações sociais e mobilizando a igreja que conduz na Cidade Alta, o pastor sustenta e orgulha-se sobre o que já foi realizado. “Fizemos uma festa de pais e filhos, trouxemos a comunidade do bairro Glória e foi muito legal, colocamos brinquedos infláveis, pipoca, refrigerante, etc. Quando vejo a comunidade unida e crianças que talvez não tenham a festa como algo contínuo em sua casa, se divertindo e deixando para trás todos os medos e pensamentos negativos, me vejo amando todos que estavam naquele momento e feliz por fazer parte daquilo que é vontade de Deus”, realça.
Conforme Costa, às vezes se terceirizam muito as responsabilidade como cidadão, para a política, empresas ou outras pessoas. “Precisamos nos posicionar e assumir o protagonismo da realidade que nos cerca, se quero uma sociedade melhor, tenho que fazer acontecer. Venho falando muito isso ultimamente, que nossas ações mudarão o futuro e presente daqueles que estão ao nosso lado, que é necessário parar de reclamar do que não está bom, sendo práticos e executar as ideias que temos em prol de ajudar as pessoas”, encerra.
Amor aos animais
A costureira Elenir de Souza, 47 anos, é voluntária das causas animais no município há uma década. “Tudo começou quando conheci algumas pessoas que já atuavam ajudando, me pediram para ser lar temporário e segurar os cachorrinhos na minha casa, que elas me ajudariam com as despesas. Sempre gostei muito de bichos e de ajuda-los, assim fui dando lar para um, para dois, para três e foi só aumentando”, conta.
Atualmente a costureira abriga 30 cães em sua residência, quatro estão para adoção. Ela explica que as madrinhas foram sumindo e ela assumiu o apadrinhamento. “Já tive mais, muitos doei e alguns estão comigo há anos. Não tem como doar os que estou apegada, não é justo também para eles, como aqueles que estão aqui há oito ano e já são super acostumados”, ressalta.
Elenir explica que não consegue mais ser lar temporário de novos animais, mas segue dando amor, alimento e teto para os que permanecem com ela. Além de ajudar os que encontra em situação de perigo, encaminhando para clínicas e fazendo pedidos de ajuda para custear os valores. “As pessoas fazem mil promessas de que vão buscar o bichinho que deixaram temporariamente comigo, depois cancelam e deixam toda a responsabilidade para mim. Já tenho muitos e cuido de cada um com carinho”, revela.
Um dos 30 cachorros, o Pedro, foi resgatado de um incêndio e ficou cego por causa das queimaduras. Após ficar em uma hospedagem, foi para a casa de Elenir como lar temporário, mas está até hoje com a costureira. “Foi um exemplo de superação, sobreviveu e chegou até mim através de algumas pessoas que pediram abrigo a ele. Com o tempo, já conhecia cada pedacinho da residência e se acostumou com o local, então o adotei”, lembra.
Segundo ela, a experiência de ser voluntária da causa animal é gratificante, pois se aprende muito com eles. “Mas também é bem sofrida, deito na cama e não sei se no outro dia de manhã vou levantar e ter alimento para todos os animais, se vou ter força para fazer a limpeza do ambiente, pois muitas vezes acabo adoecendo e tenho problemas na coluna. Então, ao mesmo tempo que eles nos dão muita alegria, há muita preocupação pelo preço das coisas para mantê-los bem. Por enquanto consigo suprir tudo, mas não é fácil, todos os meses preciso pedir ajuda com ração, medicação e produtos de limpeza”, considera.
A voluntária faz rifas para poder manter os custos que tem com todos eles, além de algumas vezes precisar postar em grupos de redes sociais. “Lá as pessoas me recebem muito bem, e algumas estão dispostas a ajudar após ver minha postagem. Aceito ração, produtos de limpeza, cobertinhas também, pois muda muito o tempo e tenho que lavar seguidamente”, destaca.
Roupas e utensílios domésticos também são aceitos por Elenir, para serem doados no Brechó Bicho Carente, estabelecimento de Ivone de Villa, que usa uma parte de seus lucros para ajudar na causa animal. “Em troca, a dona me ajuda com cinco sacos de 15kg de ração por mês, o que já auxilia muito os animais resgatados”, completa.
Recentemente, Elenir alugou um sítio no interior, no qual pretende se mudar definitivamente no futuro. “A ideia é fazer uma hospedagem para os animais que não tem para onde ir, sempre com alguém responsável por ele e com adoção garantida. Além de abrigar os meus quase 30 cães, que vão ficar comigo para toda a vida”, finaliza.
Para adoção ou apadrinhamento:
Contato para ajuda e adoção:
(54) 99180-1518 com Elenir de Souza
Fotos: Arquivo Pessoal