Resido na Rua Avaí, em Bento, há mais de 45 anos. Morei na Saldanha Marinho por outros 15 anos, na época em que o telefone era aquele de pedir ligação para a telefonista.
Posso dizer com segurança que criei meu “ninho” Bento Gonçalves e nele decidi morar, criar família e envelhecer.

Viajei muito em função do trabalho e perdi o convívio da “turma” de amigos nos dez anos em que me ausentei seguidamente de Bento.

A cidade cresceu mais rápido do que pude acompanhar e muitos bairros surgiram sem eu ter percebido. Lembro que no passado meus pais, o Pedro e a Blandina, me levavam a conhecer uma nova rua, recém aberta na cidade e juntos caminhávamos sentindo o cheiro da terra removida pela patrola. Parecia que éramos nós inaugurando a rua.

Todos sabíamos quem eram os moradores de cada rua e quando chegava alguém de fora para morar em Bento era uma festa.

As ruas se multiplicaram, casas e edifícios surgiram e perdemos a referência dos moradores. Felizmente nossa Bento Gonçalves se tornou um centro progressista e muitos novos moradores de outros municípios vieram para aqui residir e encontraram solidariedade, emprego e futuro para suas famílias. Assim a cidade cresceu.

Poucas vezes tenho a oportunidade de ir ao centro da cidade e mais raramente ainda para passear pelos bairros.

Quando isto acontece é sempre de carro, apreciando casas, jardins, o comércio, escolas, a praça e pessoas que passam, ilustres desconhecidos.

Fiz uma estatística: caminhei ida e volta desde o BRADESCO até a Igreja Santo Antônio, indo por um lado da Marechal Deodoro e voltando pelo outro lado. Contei por quantas pessoas passei ou cruzei e quantas destas eram minhas conhecidas. Incrível: apenas 8%. Isto mesmo: contei 260 pessoas e só conheci 21 delas.

ME SENTI UM ESTRANHO NO NINHO!

Talvez me falte popularidade; talvez tenha escolhido a hora errada para fazer o passeio estatístico; talvez as pessoas me conheçam e ainda não tive a oportunidade de cumprimenta-las. Talvez…sei lá!

São mais de cem mil moradores. Bento cresceu e já me sinto pequeno diante dela e, mesmo assim, é o melhor lugar para viver!