Todos conquistaram o primeiro lugar em suas respectivas categorias

A alegria é palpável dentro do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Laço Velho, de Bento Gonçalves, alcançou um feito histórico ao eleger três de seus membros para as competições da 11ª Região Tradicionalista no próximo ano, conforme expressa o diretor cultural Joel J. Castellani. “Para a entidade CTG Laço Velho, ter três representantes conquistando o primeiro lugar em suas respectivas categorias é algo de extrema euforia, pois sabemos o quão difícil é entrar numa gestão regional e ainda mais conquistar o primeiro lugar. É uma emoção enorme. Poucas entidades tradicionalistas conseguem este feito de uma só vez, o que nos deixa ainda mais orgulhosos com estes nossos jovens talentos promissores”, salienta Castellani. 

O caminho para essa vitória não foi construído sem desafios, mas o apoio incondicional da entidade foi um pilar. Sérgio De Toni, Patrão do CTG detalha a estrutura de suporte oferecida, mesmo com a saída da antiga diretora cultural, o que abalou um pouco na preparação para as disputas. “Junto com a diretora cultural que ficara, Marilene T. De Toni, ingressou outro diretor cultural, Joel J. Castellani, que veio com ideias novas e um trabalho intenso juntamente com uma experiente equipe de apoiadores do mais alto conhecimento composto por Sabrina R. Lazzari, Isadora B. Castellani, Miguel Gaienski, Luiz C. Ferrigo e Pedro B. H. Gomes, além dos professores em todas as áreas para dar o melhor costado a seus concorrentes intensificando os encontros, planejamentos e treinamentos específicos em todas as áreas que abrangem o concurso, além de outras estratégias que por se tratar de competição, mantemos em off hehehe. Nada fácil, porém alcançável”, explica o diretor.

Esse esforço coletivo vai além da preparação para concursos, visando um engajamento mais profundo com a cultura. “Acreditamos que com todo esse trabalho realizado junto a estes jovens, com o apoio direto de toda patronagem e departamento artístico liderado pela diretora artística Josliane A. de Freitas, a entidade cativa e fomenta seus integrantes das invernadas a fazer parte desse grupo de pessoas que queiram conhecer e aprender algo mais da nossa cultura além dos tablados de dança. Temos oficinas, seminários, entre tantos outros eventos que fazem jus à cultura gaúcha, ao nosso tradicionalismo”, ressalta Castellani. 

Com a vitória regional assegurada, o foco do CTG Laço Velho se volta agora para a etapa estadual, um desafio de maior envergadura. “Daqui para frente, o próximo passo é preparar ao máximo estes jovens que irão para o concurso estadual. Em se tratando de nível de Estado, a dificuldade é maior, ao abranger muitas entidades, são 30 regiões tradicionalistas atrás do mesmo objetivo, do mesmo sonho”, pondera o diretor cultural. A entidade já traça um plano de ação meticuloso: “Estamos organizando um cronograma de estudos e ensaios, para lapidar nossos jovens. Diante das avaliações do concurso regional, conseguimos ter uma visão melhor daquilo que está bom, mas também do que precisamos melhorar para estarmos entre os coroados”, afirma.

A Paixão compartilhada por César, Vitor e Francisca

Francisca Tomasi, primeira prenda Mirim

Entre os jovens talentos que agora carregarão a bandeira da 11ª Região Tradicionalista estão César Augusto Reginatto , o primeiro Guri Farroupilha, Vitor Manuel Frizzo, o primeiro Peão Farroupilha, e Francisca Tomasi, primeira prenda Mirim. A jornada de César no tradicionalismo é marcada por um profundo envolvimento e paixão pelas raízes gaúchas, um sentimento ecoado por Vitor e Francisca, que encontraram na cultura gaúcha a sua principal motivação. 

“O tradicionalismo hoje se tornou algo muito importante para mim. O momento em que o conheci como base foi quando comecei a dançar na invernada juvenil do CTG Gaudério Serrano, e após isso fui para a juvenil do Laço Velho, onde fiz muitas amizades, irmãos de outras mães, e inclusive conheci o concurso interno”, conta César. Sua dedicação  foi recompensada com o tempo, e após um segundo lugar em sua primeira participação, ele persistiu e alcançou a distinção máxima. “O primeiro ano que concorri foi somente prova escrita, onde me consagrei com o segundo lugar de três participantes! Logo após, no outro ano, tentei de novo, e recebi a surpresa de ocupar o cargo de primeiro guri do CTG Laço Velho, e hoje, guri da 11ª RT”, afirma com alegria. 

Vitor Manuel Frizzo, o primeiro Peão

Vitor, por sua vez, compartilha a intensidade dessa descoberta. “A minha principal motivação é o amor pela cultura gaúcha. Nem passava pela minha cabeça o que o tradicionalismo consegue fazer em nossa vida, mas desde que entrei nesse meio, posso dizer com toda certeza, que a nossa cultura é muito rica”, afirma com determinação.

Os títulos de Prenda Mirim, Guri e Peão Farroupilha da 11ª Região Tradicionalista representam mais do que honrarias; são um chamado à responsabilidade e à difusão dos valores ancestrais. César expressa o peso e o significado dessa honra com a convicção. “Significa uma paixão enorme para mim no tradicionalismo, ser difusor do tradicionalismo, como um jovem que carrega valores de outrora em sua “bagagem”. Isso vai além de saberes, teoria, é um sentimento de quem pode escrever a história de jovens que não seguir esse legado depois da minha geração”, afirma.

Francisca ressalta  importância da união no meio. “O que me encanta muito no tradicionalismo é a união que as pessoas têm, o carinho, o acolhimento e a paixão por estar lá auxiliando os outros ou até mesmo recebendo ajuda”, afirma. Para ela a preparação para o concurso foi intensa, mas o resultado superou as dificuldades. “Eu fiquei muito feliz e orgulhosa que poderia representar o CTG Laço Velho foram dias intensos de preparo e ensaios, me senti muito orgulhosa de mim mesma. Também sou muito grata pelo apoio recebido da minha entidade, que sempre me ajudou desde o início da nossa gestão”, explica com alegria.

Estudos e dedicação

César Augusto Reginatto , o primeiro Guri Farroupilha

A preparação para as competições foi um processo árduo e exigente, demandando estudo e dedicação intensos. “Minha rotina foi bem intensa, muitos livros, PDFs e documentos para resumir. Práticas campeiras para aprender, e vou seguir com uma preparação mais intensa para o estadual. Além do cansaço, para mim, cada conhecimento, cada livro lido, sempre engrandeceu meu saber, e eu agradeço imensamente o tradicionalismo por isso. Priorizei em minha preparação o meu psicológico, pois além de tudo isso, tem que ter cabeça para aguentar”, descreve César.

Francisca ecoa o mesmo sentimento que César a respeito da prepração das provas. “A parte mais fácil, em minha opinião, é a mostra folclórica, pois não tem muitas coisas para decorar e estudar, é só fazer, praticamente o natural de você mesmo, e a mais desafiadora foi a prova escrita, foram dias intensos de muito estudo e dedicação”, conta.

Para Vitor o sentimento é de que o esforço valeu a pena, enxergando as dificuldades como aprendizado. “Não foi fácil, mas posso dizer, que quando fazemos as coisas por amor, toda dificuldade se transforma em aprendizado. Quando estava na beira de desistir, minha família e meus amigos estavam lá para me incentivar a levantar a cabeça. Minha mãe e meus irmão. Pessoas que sempre me apoiaram e seguraram a minha mão, meus amigos tradicionalistas, que me ensinaram, me aconselharam e estiveram ao meu lado até o fim. Só tenho a agradecer a todas estas pessoas que estiveram ao meu lado. E para a estrela que brilha lá no alto, meu muito obrigado por me incentivar, eterna Dai”, afirma com emoção.

Francisca salienta também o quanto o apoio da família e de amigos foi importante em sua trajetória. “Uma pessoa que me inspira muito é a Carolini Nunes Fernandes, atualmente 1ª prenda do CTG Laço Velho, ela me inspira e me incentiva muito. Em maio eu queria desistir do concurso porque pensei que não seria capaz, mas todos os dias ela me apoiava e me fazia levantar a cabeça, é isso que me encanta muito no tradicionalismo”, afirma com carinho.

A inspiração e o apoio foram elementos cruciais nas jornadas de César, Vitor e Francisca. César encontrou inspiração em Barbosa Lessa, considerado o maior intelectual do tradicionalismo, cujas teses foram fundamentais para a consolidação da tradição gaúcha organizada. O fascínio pelo tradicionalismo para César tem suas raízes na história e no folclore. “História, desde sempre fui fascinado pela questão histórica, de tudo, mas quando conheci a do tradicionalismo, eu realmente me encantei, os aspectos de folclore também”, afirma. 

Francisca Tomasi, primeira prenda Mirim

Vitor também vê a preservação e divulgação das tradições gaúchas como um imperativo na sociedade contemporânea, especialmente em um mundo tão rápido e tecnológico.”Muito mais que um crachá no peito, um Peão Tradicionalista carrega consigo a cultura, o exemplo e a responsabilidade do gaúcho, a responsabilidade de levar adiante a cultura gaúcha. Ser Peão Tradicionalista é escutar as pessoas, ajudar no que for preciso, ter respeito com todos e sempre estar à disposição”, afirma 

Para Francisca a preservação da cultura também é importante e faz parte do seu dia-a-dia. “Eu gosto muito de fazer parte da invernada e declamar, mas agora por conta que irei para o estadual os preparativos são mais intensos, então terei que abrir mão de dançar na invernada, mas estou pronta para novas oportunidades”, explica

Conselho à quem deseja participar 

Ao se dirigirem aos mais jovens, ambos os representantes compartilham uma mensagem de encorajamento e perseverança, permeada por valores como humildade e fé. “Eu gostaria de deixar que vocês conseguem tudo que almejam, mas sempre com muita humildade no caminho e Deus no coração, porque sem ele nada é possível”, aconselha César. Que enfatiza também a importância de nunca desistir:

Vitor expressa o desejo de inspirar e transmitir a alegria de difundir a cultura. “Sonhos se realizam. Muito mais que um título, quero passar aos mais jovens que devemos sempre ir em busca dos nossos sonhos, e que sempre devem carregar consigo o sorriso do jovem tradicionalista, a alegria do gaúcho e o amor pela nossa bandeira.” 

César Augusto Reginatto , o primeiro Guri Farroupilha

A responsabilidade social também é um ponto chave. “Como jovens tradicionalistas, temos muito o que fazer, ajudar nossa Entidade, nossa Região Tradicionalista e as pessoas que não estão neste meio”, afirma Vitor.

Para Francisca, abrir mão de seus sonhos não é uma opção. “Desistir não é uma opção, falo isso por experiência própria, se não conquistarem cargos ou faixas na primeira vez vão de novo, cada vez mais forte até que um dia chegarão no primeiro. Assim como nas brincadeiras de roda,  damos as mãos para girar em união,  no tradicionalismo unimos nossos corações e almas porque o tradicionalismo se faz assim:  de mãos dadas em movimento, cantando juntos a beleza de sermos tradicionalistas e gaúchos”, finaliza. 

A maior lição que Vitor leva é o amor que as pessoas têm pelo que fazem e a forma como consideram os CTGs suas casas e seus integrantes como membros de suas famílias, um sentimento que ressoa na união e no empenho observados em toda a equipe do CTG Laço Velho.

Desafios para a decisão final

Vitor Manuel Frizzo, o primeiro Peão

A logística para a fase estadual apresenta particularidades que exigem planejamento cuidadoso. “Quanto ao concurso estadual, difere um pouco do regional. Sendo que no regional o local das provas é na mesma cidade para prendas e peões, ou seja, em nossa região, a 11ª RT. No estadual, peões irão para a cidade do Peão do RS, hoje Santa Maria, e as Prendas para a cidade da Prenda Estadual, hoje Erechim”, esclarece Castellani. Ele garante que o CTG estará presente em ambos os locais com estrutura adequada. “Diante desta exigência, estamos organizando duas equipes distintas, pois são provas diferentes, mas com certeza a entidade Laço Velho estará nas duas cidades com grupos super bem preparados para apoiar nossos representantes. Estamos analisando a possibilidade de transporte próprio para ambas as cidades e hospedagem em hotel para melhor descanso de nossos concorrentes”, explica.

A mensagem final do diretor cultural é um convite à comunidade para valorizar e perpetuar a riqueza cultural gaúcha. “Queremos deixar aqui uma mensagem para todas as famílias bento-gonçalvenses, mas em especial às tradicionalistas: Nosso estado é rico em cultura e é essa cultura que devemos manter viva em nossos CTGs e seus associados, com o intuito de divulgar ainda mais a nossa tradição”, conclui Castellani.