Celebração reúne mais de 300 pessoas em almoço comunitário, preserva costumes transmitidos entre gerações e garante manutenção da capela e do salão
A comunidade Nossa Senhora de Monte Bérico, na Linha Eulália Baixa, celebrou no último domingo, dia 24, a 123ª Festa em honra à padroeira. O encontro mobilizou moradores e visitantes em torno da fé, da partilha e da herança italiana, reunindo, segundo a organização, entre 300 e 350 pessoas para a Missa Festiva e o almoço comunitário, cujo cardápio foi preparado integralmente por voluntários. A arrecadação é destinada à manutenção da capela e do salão comunitário.
A refeição servida no almoço seguiu o padrão tradicional: sopa de capeletti, lesso, piên (recheio), massa, maionese, galeto, churrasco, salada verde, pão, refrigerante, água e vinho. Os ingressos e a colaboração dos voluntários cobriram custos operacionais e contribuições para pequenas obras, como reparos no telhado e pintura externa.
Voluntariado e trabalho coletivo



A organização da festa depende exclusivamente do engajamento dos moradores. O presidente da comunidade, Roberto Dal Ponte, destaca que a participação é totalmente voluntária. “Garçons e cozinheiras são da nossa comunidade; ninguém é remunerado”, afirma. Ele acrescenta que a diretoria muda a cada ano, o que ajuda a renovar o envolvimento das famílias.
Dal Ponte também explica como os recursos são aplicados. “Anos atrás estragou o telhado. Sempre tem manutenção. Agora foi feita pintura por fora e melhorias na cozinha”, relata. Segundo ele, a região passa por um adensamento urbano acelerado. “No início eram 40 famílias só. Agora está rodeado de loteamentos; em no máximo cinco anos vai ter mais de mil casas ao redor”, observa.
Na cozinha, a preparação começa semanas antes. Margarete Menegotto, responsável pela equipe, descreve a rotina. “Há pelo menos 15 dias a gente se organiza: limpeza, produção dos alimentos, etc.”, explica. Nos dias que antecedem a festa, o trabalho inicia de madrugada. “Começamos às quatro da manhã; vim acender os fogos. Eu chego às cinco e meia”, conta.
Ela reforça que, além do cardápio, a festa exige toda uma logística de atendimento. “Tem o serviço de mesa, a parte da louça e o cuidado com o fluxo de pessoas. Tudo isso a gente organiza junto”, comenta.
Dimensão espiritual

No campo religioso, a Missa Festiva foi o ponto central da celebração. O padre Ademar Pelegrini, da Paróquia São Roque, ressalta que a importância da festa vai além da comunidade local. “É a oportunidade de unir os participantes desta comunidade e também de outras que vêm até aqui para celebrar a devoção a Nossa Senhora de Monte Bérico. Esse momento nos convida a partilhar a vida a serviço do Reino de Deus”, afirma.
Segundo ele, a cada ano a festa torna-se espaço para que as pessoas se aproximem umas das outras na fé e no louvor. “Todos os anos vemos pessoas de diferentes comunidades que participam e vêm agradecer a Nossa Senhora de Monte Bérico pelas graças e bênçãos recebidas. É um tempo de oração, de celebração da Eucaristia e de gratidão”, destaca.
O sacerdote reforça que o encontro é, sobretudo, ocasião de confiança e esperança. “As pessoas têm mais oportunidade de agradecer do que pedir, porque sabemos muito bem que a mãe sabe o que os filhos precisam. Neste mundo em que vivemos, com tantas guerras e revoluções, precisamos desses momentos de paz, e Maria nos ensina a ser sinal de paz, amor, alegria e serviço”, declara.
Ele também recorda a origem da devoção. “Nossa Senhora de Monte Bérico apareceu na Itália, onde foi erguido um santuário após os sinais de sua presença. No início, nem todos acreditavam, mas quando ela tocou os corações. É a mesma Mãe do Salvador, presente em tantos títulos diferentes, que sempre nos traz sentido para a vida, para a fé e para a caminhada diária”, explica.
Infraestrutura e planejamento
Os desafios de infraestrutura também estão no radar da comunidade. Dal Ponte ressalta que as intempéries exigem atenção constante. “Estamos em uma área de risco de vendavais. A cada ano temos que cuidar do telhado, da pintura e da cozinha”, afirma.
Margarete complementa que o esforço coletivo garante que tudo esteja pronto para receber os visitantes. “Primeiro a limpeza, depois o recheio, um dia inteiro de capeletti. Essas etapas são realizadas nos dias anteriores para que o almoço seja servido no horário certo”, explica.
Entre os festeiros de honra estiveram Altair Toniolo, André Demari, Azir Pioco, Enio Garbin, Luciano Dal Ponte, Claudines Zonta Minosso, Jair Passaia, Jane Dal Ponte, Fernando De Bona, Fernando Meggiolaro, Alcindo Haefliger, Valdemar Demari, Valdir Garbin, Alexandra Garbin, Paulo César Carvalho, Luciane Lazzarotto, Adelaide Rossatto, Avelino Dal Ponte, Elide Gabbardo, Jair Meggiolaro, Raimundo Garbin, Sergio Toniolo, Vanderlei Dal Ponte, Rui Gabardo, Marcos Rigotti e Solange Titton. Já a diretoria responsável pela organização foi composta por Roberto e Marinês Romio Dal Ponte, Gilberto e Ivanilce Balbinot Dal Ponte, e Jair e Dalva Rossato Gabardo.
Ao final, padre Ademar deixa uma mensagem à comunidade: “Mais do que pedir, é preciso agradecer. Mesmo em meio às dificuldades que enfrentamos, Maria nos ensina a confiar e a partilhar o dom da vida. Com ela, cada um pode encontrar força para viver com fé e esperança”, conclui.






