“Conscientizar as pessoas de sua história, tradições e valores, é encontrar fontes vivas sócios-culturais na caminhada de um povo e ver nesse povo uma profunda afirmação dos estudiosos que encontram, nos mais velhos que representam o passado e assumem uma posição julgadora em face do presente”. É urgente dialogar com a sabedoria do passado, procurando analisar os valores da imigração como um momento histórico de relevante importância social a partir dos relatos da vida, que passaram a ter sempre maior valor para a dimensão antropológica no estudo de nossa cultura.
Com base nas suas tradições, o imigrante foi criando seu próprio código de valores que se constituem uma nova contribuição à cultura sul-rio-grandense.
Quem olhasse apenas o lado administrativo, abordaria o problema da imigração italiana fundamentando-se nas causas históricas que foram seus antecedentes: por exemplo: situação bélica da Itália, propostas alvissareiras do Brasil… Porém, existem os estudos de valores existenciais em que se fundamentou uma forma de vida individual, familiar e comunitária. A pesquisa de campo revela que o valor-base, que levou o italiano a afastar-se de sua Pátria, e assumir o imprevisível, foi para a grande maioria, pela independência e autonomia econômica radicadas na posse da terra. Ser proprietário, ser dono da terra, desbastar a mata, abrir estradas, instalar indústrias, organizar uma família e ter o próprio trabalho, foi o que fez o italiano o imigrante típico do Rio Grande do Sul. As demais perspectivas e até os ideais religiosos foram vistos sob este ângulo: ter saúde e trabalhar em sua terra própria era tudo. Do trabalho familiar surgiria a riqueza dos valores da família e da solidariedade associativa a escola e a igreja para a comunidade.
A leitura era cultivada, no início, embora os poucos livros trazidos da Itália. Criaram-se poetas e músicos. Especialmente os músicos traziam uma cultura musical gregoriana de inspiração religiosa, o que evidencia também a igreja no culto da arte musical.
Importante observar o que ocorreu com as primeiras gerações dos filhos dos imigrantes. O abandono em suas glebas de terra, a falta de interação social, as distâncias das poucas escolas, fez com que os filhos tivessem apenas uma rudimentar alfabetização, razão porque poucos sabiam ler fluentemente, escrever e contar. Razões pelas quais as primeiras gerações serem consideradas semiletradas, estavam fundamentalmente, na necessidade de trabalho para a sobrevivência.
Hoje o cenário é outro. “A vitivinicultura é um componente de uma civilização. É um estilo de vida e uma forma de componente humano…”
O vinhateiro é um tipo humano extremamente vinculado à sua atividade, tornando-a mais do que uma profissão: UMA VOCAÇÃO.
Parabenizo todos os que trabalham a terra e dela sabem valorizar as colheitas, transformando a nossa região numa grande manifestação cultural, como marca de privilégio e Patrimônio Cultural.