Reeleito para um novo mandato, Fabris destaca sua trajetória política, seus projetos de impacto social e a necessidade de envolver mais jovens na política
Thiago Israel Fabris (PP) é uma figura conhecida na política de Bento Gonçalves. Aos 35 anos, reeleito para o mandato de 2025/2028 com 1.992 votos, ele continua sua atuação como Vice-presidente da Câmara Municipal, cargo que já ocupou na legislatura anterior. Empresário da construção civil e formado em Direito pela Universidade de Caxias do Sul, Fabris tem uma trajetória marcada pelo envolvimento comunitário e por um forte vínculo com a segurança pública e o empreendedorismo.
Primeiros passos e influência militar
Desde cedo, Fabris esteve ligado ao setor de obras, primeiro na serraria da família e depois em uma mecânica do tio. Seu ingresso no Exército como 3º Sargento Temporário foi um divisor de águas. Durante os oito anos de serviço, decidiu cursar Direito com o objetivo de ingressar na Polícia Federal. “Achei que Direito seria a área mais ligada e que me ajudaria mais, mas no fim descobri que não tinha nada a ver”, relata.
A política entrou em sua vida de maneira natural. “No quartel, o General Mourão era nosso comandante. Quando tínhamos operações, ele ia comigo na viatura e falávamos de política. Foi ele quem mais me influenciou”, conta. A relação com Mourão e o contato com o então prefeito Guilherme Pasin fortaleceram sua decisão de entrar para a vida pública.
A entrada na política e a atuação na Defesa Civil
O interesse pela política surgiu durante as manifestações de 2013 e 2014, quando começou a acompanhar mais de perto o cenário político e perceber a necessidade de participação ativa. Além disso, algumas lideranças foram fundamentais para inspirá-lo a entrar na vida pública. “Segui o exemplo do Pasin, que já era prefeito na época, do General Mourão e do Coronel Alexandre, nosso comandante do batalhão. Essas três pessoas me influenciaram a participar ativamente da política”, afirma.

Em 2016, Fabris concorreu pela primeira vez a vereador, ficando na suplência com 919 votos. Pouco tempo depois, foi convidado por Pasin para assumir a coordenação da Defesa Civil. “Já era voluntário na Defesa Civil desde 2008, na primeira grande enchente em Santa Tereza”, relembra. Em 2017, além da Defesa Civil, assumiu a direção de trânsito e, posteriormente, a Secretaria de Segurança e Administração, acumulando funções em momentos críticos, como a greve dos caminhoneiros e a pandemia da Covid-19.
Seu trabalho à frente da Defesa Civil ganhou destaque principalmente pela atuação em enchentes e vendavais. “O vendaval de 2016 na região de Cambará foi um marco. Organizamos uma ação de doações em Bento Gonçalves e enviamos dezenas de caminhões com ajuda para os afetados”, afirma.
A decisão de buscar a reeleição veio da percepção de que dois mandatos são o período ideal para consolidar projetos e entregar resultados mais concretos. Para ele, o primeiro mandato é um período de aprendizado, enquanto no segundo há mais experiência para a execução das propostas. “Após dois mandatos, penso que é importante dar espaço para novas ideias e uma renovação. A decisão para concorrer à reeleição veio da necessidade de finalizar projetos iniciados no primeiro mandato e continuar trabalhando em prol da comunidade”, explica.
Mandato anterior e projetos desenvolvidos
Eleito vereador em 2020 com 1.791 votos, Fabris atuou fortemente na infraestrutura e segurança pública. “Quando assumi como vereador, dois projetos principais foram pavimentar a estrada na Via dos Imigrantes e a pavimentação do asfalto na Sertorina Alta”, destaca.
Entre as iniciativas implementadas no primeiro mandato, destaca-se a criação da Casa Animal, do Samu Pet e do Centro de Bem-Estar Animal, serviços inéditos no município voltados à causa animal. Agora, o desafio é estruturar essas iniciativas para garantir um atendimento mais eficiente. “Agora, é necessário estruturar a Casa Animal com um laboratório próprio, onde nosso veterinário possa fazer castrações e atendimentos básicos, reduzindo custos e agilizando o processo. Também é importante auxiliar as ONGs com a arrecadação de ração e cuidados básicos para os animais abandonados, que muitas vezes têm problemas de saúde”, detalha.
Mesmo diante de desafios, reforça seu compromisso com a comunidade e a continuidade de projetos de impacto social e de infraestrutura. A atuação na busca por melhorias inclui desde a pavimentação de vias até programas estaduais de incentivo à educação e ao desenvolvimento econômico.
Outra iniciativa relevante é o Programa de Integração Empresas e Escolas (PIE), inspirado no modelo de incentivo asfáltico do governo estadual. “Esse programa permite que empresas destinem 5% do ICMS para construir e manter creches em distritos industriais”, explica. Outro projeto de grande impacto é a redução de 50% do IPVA para veículos registrados em municípios onde há pedágios. “O projeto já passou nas comissões e está pronto para ir ao plenário, aguardando decisão do governador”, complementa.
Novo mandato

Para o atual mandato, as prioridades incluem a estruturação do Samu Pet, investimentos na segurança pública e melhorias na mobilidade urbana. Uma das propostas é a criação de uma nova estrada para desafogar o trânsito entre os Portais da Fundaparque e o Eucaliptos. Além disso, busca incentivos fiscais para manter empresas na cidade. “Estamos procurando um prédio maior para a Secretaria de Segurança, que funcionará como um batalhão. Também trabalhamos na redução do ISS para atrair empresas e evitar que migrem para municípios vizinhos, como quase aconteceu com a Ludfor. Conseguimos reduzir o ISS de 3% para 2%, garantindo que a empresa permanecesse em Bento, o que fortalece a economia local”, destaca.
A filiação ao PP foi motivada pela influência do ex-prefeito Pasin, com quem compartilha projetos voltados ao desenvolvimento econômico e infraestrutura. Além disso, defende a necessidade de fomentar o crescimento dos distritos industriais da cidade. “Os terrenos disponíveis estão em áreas turísticas, onde não podem ser construídas empresas. Precisamos criar incentivos para manter as indústrias aqui, como ocorre no distrito de Tamandaré, em Garibaldi, que concentra grande parte das empresas e funcionários de Bento”, pontua.
Política municipal e desafios
Fabris avalia que a administração municipal de Bento Gonçalves está em um bom momento, destacando o comprometimento do prefeito Diogo Siqueira. “Até a oposição reconhece que, por mais críticas que façam ao Diogo, não se pode dizer que ele é corrupto ou que está no cargo por interesse próprio. Ele quer trabalhar pelo município e fazê-lo crescer, rompendo com velhas práticas da política assistencialista”, afirma.
Além disso, o vereador ressalta que Bento Gonçalves é uma cidade atrativa para novos moradores devido à qualidade de vida e ao crescimento econômico. “Hoje, há milhares de vagas de emprego abertas. Recentemente, uma reportagem indicou cerca de sete mil oportunidades, e esse número pode ser ainda maior”, comenta. Para ele, a política municipal deve continuar incentivando o trabalho e a geração de empregos.
Relação com os governos estadual e federal
Apesar do crescimento da cidade, Fabris aponta desafios na relação com os governos estadual e federal, principalmente no acesso a recursos. “A Serra Gaúcha é vista como uma região independente, e isso dificulta o recebimento de verbas. Muitas vezes ouvimos nas secretarias do Estado: ‘Bento tem dinheiro, para que está pedindo?’. Mas a realidade é que estamos sempre pagando impostos e precisamos de investimentos”, explica. O vereador defende a retirada da contrapartida de 10% exigida pelo Estado em programas como o Pró-Social, Pró-Esporte e Pró-Cultura.
A burocracia para empreendedores
Outro ponto de crítica do vereador é a burocracia enfrentada por quem quer empreender. “Conheço uma empresa de organização de resíduos que teve que pagar R$ 17 mil apenas para a vistoria inicial do licenciamento ambiental. Quando precisaram mudar de endereço, cobraram mais R$ 17 mil. O empresário não tinha esse dinheiro e acabou preso por discutir com fiscais”, relata.
Por outro lado, ele elogia a legislação municipal que facilita a abertura de pequenos negócios. “Em Bento, você pode abrir um salão de beleza e começar a trabalhar ao mesmo tempo em que abre o CNPJ, desde que não envolva riscos. Isso é algo que precisamos replicar no Estado e no país”, sugere.
Entre os principais desafios da cidade, Fabris destaca a necessidade de melhorias no trânsito, na mobilidade urbana, no saneamento básico e na conscientização sobre a causa animal. “Precisamos construir mais duas estações de tratamento de esgoto, mas isso exige a canalização de toda a cidade. Será uma grande obra”, avalia.
O futuro na política
Questionado sobre suas próximas eleições, Fabris afirma que pretende concluir seu mandato sem previsão de buscar outros cargos. “Quero mostrar que os jovens com vontade e ideias não precisam ter medo da política. Existe uma visão de que ela é suja, mas não é bem assim. Nunca fui obrigado a votar de um jeito ou de outro. O partido apresenta o projeto, explica o impacto e cada um vota conforme sua consciência”, pontua.
Para o futuro, Fabris pretende incentivar a formação de novas lideranças políticas. “Temos 130 mil habitantes, mas sempre a mesma meia dúzia concorre. Quero apoiar três ou quatro pessoas que tenham potencial. Mas quem quiser entrar precisa se capacitar. A política deve ser ocupada por pessoas preparadas e bem-intencionadas”, conclui.