Há algum tempo atrás, perguntei a um jovem estagiário o que significava “restégui”.

– “Hejjjjjjjjjjjjteg” – corrigiu ele em carioquês arrastado – Não significa nada, não te preocupa.
Fiquei de cara com a resposta. Como assim “nada?” E por que eu estaria preocupada? A coisa poderia cair na minha cabeça? Seria capaz de provocar um tsunami no Rio das Antas? Tinha a ver com o Gilmar Mendes? Era dotada de poderes metafísicos? Faria sumir todo o chocolate do Planeta?

Felizmente, não demorou pra me cair a ficha. O menino estava com preguiça de gastar saliva com uma sobrevivente da era jurássica. Segundo ele, meus neurônios atrofiados pela idade não conseguiriam captar a mensagem. Só que captei. Meses depois. Hoje repito “hashtag” com sotaque chiado e uso o sinal do jogo da velha que o representa, com familiaridade.

Mas nem deu tempo de curtir essa conquista, porque enxurradas de estrangeirismos continuaram invadindo nosso bom e velho Português, feito zumbis comedores de Língua. E eu, atrás…

A fim de não correr o risco de ser chutada outra vez para escanteio, resolvi que devo me virar nos trinta. E realmente tenho me virado com sucesso absoluto… ou quase. Volta e meia, empaco em explicações técnicas e vazias de significado para mim.

Atualmente, ando às voltas com um novato de origem duvidosa, primo do Logaritmo (elemento que me sacaneou no ensino médio). O fulano chegou chegando nas melhores paradas e já se tornou o mega star da inteligência artificial. Seu nome? Algoritmo.

Busquei clarear os conceitos na Internet, mas tudo ficou mais escuro ainda. Então resolvi dissecá-lo por conta e risco como se fosse um sapo. Primeiro identifiquei o gênero. Masculino. Depois cortei bem no meio, no sentido vertical, pra ver seu DNA. Assim: “algo”, alguma coisa; ritmo: sucessão de tempos fortes e fracos.

Seria então o mesmo que baile? Briga? Política? Música sertaneja? Receita de bolo? Fetiche? Coaching? (Opa! É só falar em sapo que a palavra vem voando…)

Tenho a certeza que, mais dias, menos dias, andarei de galope nesse tal de Algoritmo. Mas por agora, preciso mesmo de um time longe de estrangeirismos. Arghn! Overdoses costumam provocar blackouts na cachola e apagar o sujeito.

Acho que um drink me faria esquecer essa invasão neolinguística do caramba. Pensando bem, uma volta no shopping pra degustar um delivery é uma boa ideia, não acham? Vá que ainda me depare com um Black Friday, talvez um Flash Sale ou Sale up to 50% off… Business! Business!