Sim! Apanhei de palmada, de cinta, de reguada na mão (do Irmão Teófilo, nos Maristas), de chinelo, de varinha de marmelo e de alpargatas. Me batiam e lá ia para a saia chorando aos berros:
-“Mããããiêêêêê….. o pai me bateu!”
Ela nem perguntava por qual razão e batia também:
-“Se ele bateu é porque tinha razão!”
Burro eu que ia reclamar. Fui aprendendo, fazendo as coisas certas, não mentindo e aprendi a ser homem.
Vi muitas crianças, mimadas na época e que nunca sofreram castigo, virarem bandidos, especialmente abraçados pelas más companhias, drogas e vagabundagem. Coitados: faltou laço.
Agora os tempos são outros: é de Lei que bater em criança dá cadeia e já tem filho ameaçando os pais de denúncia no Conselho Tutelar. Lei é Lei…… e está aí para ser cumprida.
Fazer o quê!…..
No armazém do Seu Pedro, ainda menino, eu pegava a vassoura para varrer, escolhia feijão e ensacava (o preço de feijão escolhido era maior), fazia pequenas tarefas e nunca faltou tempo para brincar e estudar. Também não sobrava tempo para vagabundear, tempo para pitar cigarro e tempo para as drogas.
É certo que se fazia muita arte….. e tome cintada. Coisas de guri que não tinha tanto brinquedo para distrair.
Hoje agradeço pela criação dos velhos tempos, que ensinava as responsabilidades desde cedo, mesclando trabalho, estudo e muito tempo para jogar pião, jogar vieira, andar de carrinho de lomba e…..
Hoje, já idoso, ainda arrumo a cama, lavo e enxugo a louça, varro a cozinha, enquanto meus netos aprendem com o exemplo. Não tenho vergonha de sacudir os lençóis da cama desde a sacada da casa, sob os olhos da vizinhança. E se já não consigo vergar as costas os netos seguram a pazinha enquanto varro o lixo.
A velha guarda dos cidadãos de Bento Gonçalves foi toda criada com tunda, trabalho e estudo… e ninguém morreu por isto.