Reportagem do Semanário fez uma mini enquete para saber quem é a favor ou contra a doação de esmolas em Bento Gonçalves
Andando pelas ruas de Bento Gonçalves ou até mesmo ao parar no sinal vermelho de um semáforo, quem nunca foi abordado por alguém pedindo apenas um “troquinho”? E quem nunca, por comoção, ficou com aquela sensação de dúvida: “dou umas moedinhas ou não”?!
Esse tipo de acontecimento, embora muito corriqueiro, principalmente em pontos com grande fluxo de carros e pedestres, deve torna-se cada vez menos comum, se depender dos esforços do poder público municipal. É que desde setembro do ano passado, está sendo realizada a campanha “Sinal Vermelho para Esmola”, que visa justamente coibir esse tipo de ato.
Embora feita com a melhor das intenções, dar esmolas gera malefícios para quem recebe, segundo a coordenadora da Proteção Social Especial, da Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social, Simone Menegotto. “Reforça a permanência de pessoas na condição de rua, expondo-as a constantes situações de risco, suscetíveis ao uso do álcool e outras drogas e todo tipo de violência, indo contra os princípios da dignidade humana”, afirma.
O que é feito por quem está nas ruas?
Ainda de acordo com Simone, no mês de junho, 81 pessoas em situação de rua estavam cadastradas junto ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) do município. Entretanto, dessas, apenas 47 estão sendo acompanhadas pelo serviço ofertado pelo Executivo.
Especificamente para essa população, Simone explica que o Serviço de Abordagem Social ofertado pelo CREAS, realiza trabalho de abordagem e busca ativa de pessoas em situação de rua. “Além da identificação dos indivíduos, também busca entender a natureza da violação de direitos, procedências, desejos e relações estabelecidas com a comunidade, com vistas a construir o processo de saída das ruas e possibilitar condições de acesso a rede de serviços e benefícios socioassistencias”, complementa.
Outras medidas ofertadas pela rede de serviços vão desde a realização de encaminhamentos para tratamento de saúde, confecção de documentação e direcionamento para o Sistema Nacional de Emprego (SINE). “São realizados ainda, contatos com familiares, analisando possibilidades de resgate de vínculos, disponibilizando passagens quando há o desejo de retorno à família e/ou cidade de origem”, destaca a coordenadora.
A campanha
Esse ano já foram realizadas duas edições da campanha, ambas em junho, porém, em pontos diferentes da cidade. A próxima ação deve ser realizada neste mês, segundo Simone. “Com o intuito de intensificar este trabalho, a gestão possui um planejamento para que ocorram de forma sistemática, numa periodicidade mensal”, afirma.
Você é a favor ou contra à doação de esmolas?
Giovani Francisco dos Santos, 30 anos, profissional de educação física: “Sou contra. A grande maioria utiliza como fonte para alimentar vícios. Acredito que devemos ensinar a pescar, ao invés de dar o peixe. Essas pessoas estão acostumadas a ganhar o dinheiro e não buscam uma solução para sair das ruas. Não costumo dar dinheiro, mas se me pedem comida, compro e entrego o alimento”.
Matheus Sartori, 20 anos, vendedor: “Sou a favor. Se a pessoa não for usar para o mal, sou a favor. Muitas vezes é melhor ao invés de dar o dinheiro, perguntar se quer algo para comer e comprar para ela, normalmente faço isso”.
Adelino Luiz Salini, 52 anos, motorista: “Sou contra. Fico na dúvida, até em virtude da situação que estamos vivendo, porque tem pessoas passando dificuldades. Por outro lado, a gente não sabe o destino desse dinheiro, então fica aquela dúvida: dou ou não? E na verdade, acho que não devemos dar. O próprio pessoal deve procurar apoio pela prefeitura”.
Julia Trevisan, 20 anos, gerente em loja: “Sou a favor. É uma maneira das pessoas trabalharem, porque agora, com a pandemia do coronavírus, às vezes fica muito difícil. Eles não estão fazendo por mal, tem alguns que realmente precisam, então não tenho nada contra. Mesmo que seja R$0,10 centavos, sempre dou, o importante é que minha parte estou fazendo”
Rosaura Adriana da Silva, 42 anos, dona de casa: “Sou contra. Já ajudei pessoas que pedem, mas muitos pegam o dinheiro e usam para fumar. Acho errado tirar dinheiro de uma família para usar com porcaria. Por isso não ajudo mais”.
Gian Smalti, 28 anos, barbeiro e cabeleireiro: “Sou a favor. Não tem problema ajudar. É até saudável ajudar as pessoas, ainda mais nesse momento. Costumo ser abordado no semáforo, inclusive ajudo. Se as pessoas se conscientizarem e ajudarem com uma moedinha, não tem problema.