Um estudo do Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Sebrae RS) apontou o fluxo turístico em 15 municípios gaúchos, dentre eles está a Capital do Vinho. O diagnóstico mostra que uma média de 51,05% dos turistas reside até 250 quilômetros do local visitado.
O resultado aponta uma nova opção de turismo pós-pandemia: a de viajar de carro ao invés de longas distâncias de avião. A representante da Rota Cantinas Históricas, Bruna Cristofoli, afirma que apesar de ainda não poder mensurar o quanto o turismo voltou a crescer desde que a curva dos boletins epidemiológicos começou a se estabilizar, é possível afirmar que “a maioria das pessoas está vindo da região próxima a Bento, também da grande Porto Alegre e de outras partes do estado, além de Santa Catarina e do Paraná”, explica.
Setores têm retomada gradual
O presidente da Associação do Vale do Rio das Antas, Elison Postal, também confirma essa tendência. “Está tendo um movimento de retomada, mas ele fica restrito a turistas mais próximos daqui, ou do estado vizinho. Muito pouco do Sudeste, que é de onde também costumavam vir bastante turistas. Aproximadamente dois terços do total vinham de fora do Rio Grande do Sul”, aponta.
Para a representante da Rota Encantos de Eulália, Alexandra Garbin, fazer turismo é desafiador. “O novo cenário segue difícil, mas não podemos ficar parados. A pandemia obrigou os empresários a se reinventarem. Atualmente, nosso público tem sido local, cidades próximas, Porto Alegre e arredores”, conta.
O comportamento do turista também mudou. O presidente da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Jones Valduga, confirma que o que se busca hoje é a segurança como um fator fundamental no momento de escolha. “Todos os detalhes são observados pelo visitante. Como consequência, a busca pelo agendamento prévio de visitas aumentou, para garantia de recepção sem esperas. Isso é muito bom, pois além da qualidade no atendimento, protege nosso colaborador”, observa.
Valduga relata que as empresas estão totalmente preparadas para o retorno. “Os dados do Observatório Turístico de Combate à Covid-19 nos apontam isso cientificamente Quando falamos dos reflexos para a economia, os impactos são inimagináveis e estão longe da recuperação”, lamenta.
Impactos na hotelaria
Segundo a diretora executiva do Sindicato Empresarial de Gastronomia e Hotelaria (SEGH) e presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), Marcia Ferronato, até agosto de 2019 a taxa média de ocupação girou em 50%, mas hoje não alcança 20%. “É impossível cumprir com os compromissos com esta taxa e faturamento reduzido. Com este pequeno aumento, começamos a ver luz no fim do túnel”, afirma.
Marcia também frisa que é possível perceber o turista regional visitando, por estar cansado do isolamento. “Para a hotelaria este é um bom sinal. O fato de Bento ter adotado o selo de ambiente limpo e seguro lá em maio é um ponto muito positivo, passa confiança para o turista vir a cidade se divertir com todos os cuidados”, explica a diretora executiva do SEGH.
Por estar lidando com curtas distância, o visitante está ficando menos tempo hospedado. A presidente do Comtur explica que a média tem se mantido em uma diária aos finais de semana e feriados. “Quanto ao turismo corporativo, quase não acontece e de eventos está zerado por ainda não estarem liberados. Com certeza o setor de turismo vai superar este momento, mas com cicatrizes profundas”, garante.
O SEGH, de acordo com Marcia, defende a retomada com protocolos de segurança. “Ampliar as liberações da capacidade, horários, criar alternativas, etc. Somos da opinião que quanto mais aberto, menos aglomeração. O recado é: use máscara, lave as mãos, mantenha o distanciamento, use álcool gel, respeite as recomendações. Temos que aprender a conviver com a Covid-19”, adverte.
Com certeza o setor de turismo vai superar este momento, mas com cicatrizes profundas
Marcia Ferronato, Diretora do SEGH Uva e Vinho e presidente do Comtur
Fotos: Gilmar Gomes, divulgação