Com grande incidência de casos, o trabalho das corporações dos bombeiros ganha destaque. Representantes trazem as principais causas e alertam sobre os cuidados necessários para evitar estes acontecimentos

Os incêndios causados pela ação humana, sem intenção, geralmente ocorrem em consequência de negligência, imprudência ou imperícia. Porém, quando ocorrem por ação intencional do ser humano, sua origem é tida como criminosa. Ao se conhecerem as causas dos incêndios, é possível adotar políticas prevencionistas evitando novas ocorrências no futuro.

Um incêndio pode começar por diversos motivos. As causas são uma combinação de fatores como material combustível, calor de ignição, e se há uma pessoa responsável, por ação intencional ou omissão, acidental ou proposital, pela reunião de um ou mais desses fatores.

Gustavo Kist, Comandante da 3ª CiaEspBM de Bento Gonçalves, atua há oito anos na corporação. Ele informa que em 2022, das 1672 ocorrências registradas, 227 foram incêndios. No ano de 2023, o Corpo de Bombeiros de Bento Gonçalves atendeu um total de 1689 ocorrências, destas, 249 foram de incêndio. Já em 2024, até o momento foram contabilizadas cerca de 331 ocorrências, sendo 46 incêndios.

De acordo com Kist, os serviços de segurança contra incêndios prestados pelo CBMRS objetivam promover a segurança e a incolumidade pública, preservando vidas e o patrimônio. “Concedemos alvarás, mediante análise de Planos de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), se as edificações e áreas de risco de incêndio estiverem de acordo com as normas de segurança necessárias”, respalda.

O perigo pode estar dentro de casa

É bastante comum que incêndios iniciem na cozinha, pela utilização de equipamentos com gás, fogo e calor, além de eletricidade. Instalações feitas incorretamente, como por exemplo em botijões de gás, podem causar vazamentos e levar a explosões.

Também é o caso do óleo de cozinha superaquecido, que não deve ser apagado com água de forma alguma, pois explode. Deve ser utilizada uma toalha ou pano úmido ou extintores de incêndio. Outros equipamentos como micro-ondas e torradeiras também podem superaquecer, além de causar curtos-circuitos com certa frequência. Por isso é importante manter a manutenção e limpeza desses aparelhos, além de monitorar as instalações elétricas.

A presença de crianças e animais na cozinha, enquanto há panelas no fogo, também pode ser perigosa, pois em algum descuido podem ocorrer acidentes. Por isso, é importante sempre haver supervisão de um adulto responsável nessas situações.

Panelas de pressão podem ser utilizadas, com cautela. É necessário cozinhar em uma panela com selo de segurança do INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e verificar se está em boas condições, principalmente a borracha de vedação e o pino de segurança. Seguir as instruções de uso é importante para evitar qualquer acidente.

Nas regiões frias, como é o caso da Serra Gaúcha, é comum a utilização de aquecedores a gás e elétricos, além de fogões e lareiras. Não há problema nenhum em usar estes equipamentos para deixar o ambiente com temperaturas mais agradáveis, porém, há necessidade de alguns cuidados para evitar incêndios domésticos.

Outros aparelhos bastante utilizados em residências são as secadoras de roupas e chuveiros elétricos. Assim como qualquer equipamento, estes devem estar instalados e ser utilizados da maneira indicada pelo fabricante, evitando acidentes.

O uso de velas também é um grande causador de incêndios. Seja por falta de energia elétrica, uma noite relaxante ou um momento de oração, as velas nunca devem ser deixadas nos ambientes sem a presença e supervisão de uma pessoa.

Conforme o Subcomandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Garibaldi, Daniel Borsoi, entre os cuidados, o mais importante é manter aquecedores portáteis a pelo menos um metro de distância de qualquer coisa que possa pegar fogo facilmente, como móveis, cortinas e roupas. “Outro risco que pode ser gerado pelos aquecedores é a redução do oxigênio no ambiente, que pode causar asfixia e levar à morte”, alerta.

Borsoi informa que, dos 1594 atendimentos registrados no ano de 2022, cerca de 118 foram incêndios. Já em 2023, foram atendidas 1796 ocorrências, sendo 94 incêndios.

Neste ano de 2024, o número de ocorrências registradas até então é de 364, com 21 episódios de incêndios, que ocorreram tanto em estruturas como residências e empresas, quanto em veículos.
Somados os ocorridos do ano de 2024 das duas corporações, resulta-se em cerca de 67 incêndios ao total, até o momento.

Kist elenca algumas medidas preventivas para evitar incêndios, sendo elas: instalar detectores de fumaça; não sobrecarregar tomadas e verificar regularmente as fiações; armazenar produtos inflamáveis, como combustíveis, longe de fontes de calor; evitar fumar dentro de casa ou perto de materiais inflamáveis; manter chaminés limpas e inspecionadas; adquirir um extintor de incêndio e aprender como utilizá-lo; e estar atento às condições climáticas e ao risco de incêndios florestais. “É importante educar todos os membros da família sobre medidas de segurança em caso de incêndio e planejar rotas de fuga”, orienta.

Trabalho nobre

O Corpo de Bombeiros tem por função a preservação da vida e patrimônio seguindo o disposto no Artigo 130 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul.

O CBMRS realiza ações educativas através de palestras prevencionistas, projetos sociais, tais como Projeto Guarda-Vidas Mirim, Projeto Bombeiro Mirim, Projeto Bombeiro na Escola. Bem como, fiscalizações a fim de evitar a ocorrência de sinistros. É possível fazer denúncias de instalações mal feitas ou com potencial para pegarem fogo, através do atendimento presencial na Av. Osvaldo Aranha, 359 ou pelo canal de atendimento online, no site www.bombeiros.rs.gov.br.

O telefone 193 fica disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana. Basta acionar o número, em casos que coloquem em risco a vida ou o patrimônio das pessoas.