O presidente do Sindilojas, Daniel Amadio, começa o ano com um pensamento positivo, apesar das dificuldades já anunciadas pelos governos federal e estadual. Ele acredita que a crise anunciada pode servir de aprendizado e de aposta para os comerciantes. “É difícil traçar uma projeção, pois temos o ano inteiro pela frente. Mesmo assim, sabemos que o nosso comerciante é audacioso e vai driblar este período com criatividade. Confira o que pensa o presidente da entidade para o ano que inicia.
Já estamos em 2015. Quais as frentes de atuação do Sindilojas nestes primeiros meses?
Daniel Amadio – Mesmo que informalmente, já estamos conversando, trocando informações com nossos representados para montar a convenção coletiva 2015/2016. Existem itens da convenção atual que precisam ser revistos, outros que serão colocados em negociações. Apesar de termos uma comissão que trata diretamente deste assunto, achamos por bem ouvir todos os nossos representados. Desta forma, quando as reuniões com os comerciários tiverem início formalmente, já teremos uma posição da nossa classe.
Podemos dizer ainda que estaremos atentos às ações do novo governo gaúcho. Em 2014, tivemos vitórias importantes em relação ao ICMS de fronteira, mas sabemos que ainda há muito a ser feito para ver de vez essa bitributação derrubada. Dentro do assunto “difa” proporcionamos aos associados condições de pagar o imposto na forma de depósito judicial, para que, após julgada a ação de inconstitucionalidade, poderão reaver os valores. Tememos que o novo governo volte atrás das decisões que já foram anunciadas pela gestão anterior, justamente por tratar de valores altos e que fazem falta no cofre do Piratini. Vamos continuar mobilizados e, se preciso, voltaremos à Porto Alegre junto com outras lideranças do comércio varejista para pressionar as autoridades.
Quanto à esfera nacional, esperamos apoio maior por parte de Brasília em relação à redução da carga tributária das micro e pequenas empresas, que são as que mais empregam, geram impostos e, mesmo assim, são as mais penalizadas pelo governo.
O que podemos esperar para o comércio em termos de desempenho?
Amadio – Isso vai depender de cada segmento do varejo. Temos empreendimentos como os mercados e supermercados que, mesmo projetando percentual menor, devem apresentar crescimento, por ser um ramo importante na economia. Mas no geral, apesar das perspectivas pessimistas, devemos crescer igual ou até mais que no ano passado, pois não teremos Copa do Mundo nem eleições. Foram períodos de incerteza, períodos em que tivemos feriados ou até mesmo o fechamento das lojas antes do horário. Mas se o comerciante for atuante, criativo e tiver uma equipe unida e comprometida, ele vai chegar ao final do ano bem mais feliz.
Em 2014, o Sindilojas esteve envolvido em diversas frentes, defendendo o todo, ou seja, não só levantando a bandeira dos seus representados. Esses pleitos continuarão sendo defendidos? Como será a atuação da sua entidade?
Amadio – Em 2014 nós estivemos juntos com outras entidades de classe, sindicatos e representações em diversas ações. Infelizmente, nem todas tiveram êxito, embora sejam essenciais para o desenvolvimento da cidade. Tivemos debates sobre a Lei das Placas e participamos efetivamente na construção do texto e na aprovação do projeto. Ainda temos a questão que envolve o estacionamento de ônibus de turismo na área central. Se tivéssemos um espaço certo, algo coberto, com condições de receptividade, com certeza o turista iria passear pelo Centro e efetuar compras. Por isso que o Sindilojas defendeu a construção da rua coberta junto ao Centro. Teríamos um espaço com diferentes opções junto à lojas, bancos, comércio, enfim. Participamos de uma maneira muito firme na elaboração e aprovação do projeto de limitação dos veículos pesados no centro da cidade, entendendo ser um grande problema para a mobilidade urbana. Levamos ao Poder Público o texto para formulação do Projeto de Lei que irá beneficiar nosso comerciante local com a regulamentação da feiras itinerantes, que está em fase de análise.
Para este ano, é importante concluir a reforma da Casa do Vinho (junto à Via del Vino), transformando-a num espaço atrativo para a comunidade e ao turista. Poderia ser um local com comércio de vinho, suco de uva, artesanato e produtos típicos da região, valorizando a economia das famílias de pequenos agricultores. Aliado à isso, há ainda a questão que envolve o quadrilátero central, com uniformidade das calçadas, estacionamentos, sinalização. É um trabalho de revitalização e que deixaria o Centro mais bonito, mais atrativo.
Por fim, esperamos a conclusão do processo que envolve o asfaltamento da pista do aeroclube de Bento Gonçalves. Já estamos tratando este assunto há quase dois anos e seria um importante passo para o desenvolvimento da cidade, visando a qualificação do trade turístico que nossa cidade possui.
Você foi convidado para ser diretor da Fecomércio. Como será sua atuação na entidade?
Amadio – Quando se realiza um trabalho sério e focado é natural que este tipo de convite seja feito e, nós, com certeza não recusaríamos, pois entendemos que é uma forma de levar à Fecomércio-RS o pleito de nossos associados. Lá damos voz a quem está com a gente. Isso foi um trabalho que começou ainda com o nosso ex-presidente Jovino Demari e agora, eu e ele, continuamos atuando por lá. Foi ainda na gestão do Jovino que começaram as discussões com relação à nova sede do Sesc e que agora já tem verba garantida para ampliar o espaço e construir o tão esperado restaurante para os comerciários. Dependemos apenas da conclusão do projeto e questões que envolvem a autorização para iniciar as reformas. Mas creio que ao longo do ano já veremos alterações acontecendo no local.
Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário deste sábado, 10 de janeiro.