FIV e Felv são tratáveis. Mesmo após o diagnóstico positivo para estas situações, gatos podem viver por muitos anos com tratamento
Gatos são lembrados por terem personalidade forte e para alguns donos, pode ser difícil mantê-los dentro de casa, ainda que o local tenha atrativos para os felinos. Outra situação comum é a adoção de animais que viviam na rua ou tinham convívio com outros gatos. Nos dois cenários é comum que já tenha acontecido exposição a doenças perigosas. Conhecidas como Aids felina (FIV) e leucemia felina (FeLv), as doenças costumam agir nos animais de forma parecida com a dos humanos.
FIV, o vírus da Imunodeficiência Felina
Segundo a médica veterinária da Feliclínica, Janice Kasdorf Thiessen, o Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV) foi identificado pela primeira vez em um gato imunodeprimido – em estado de deficiência do sistema imunitário – em 1986. “O FIV é um lentivírus, assim chamado devido ao lento desenvolvimento da doença, pertencente à mesma família do vírus da Síndrome de Imunodeficiência Humana (Aids), embora o FIV seja uma doença exclusiva dos felinos”, explica.
A infecção é mais frequente em machos de vida livre, com mais de seis anos, de acordo com a veterinária. “A transmissão da doença dá-se através de dentadas durante as lutas pelo acasalamento ou de defesa do território, sendo o mesmo inoculado diretamente na pele do animal ou por contato com sangue, como transfusões e mordidas profundas. As mães podem contaminar o filhote via transplacentária ou durante o parto”, afirma.
Outra forma de transmitir o FIV é por meio da contaminação salivar de alimentos e comedouros. Entretanto, como o vírus é instável no ambiente, essa não é uma forma eficiente de contágio. “Os gatos ficarão expostos a níveis muito baixos de vírus, como também o contato com urina e fezes”, aponta.
Além disso, com o contato íntimo entre os felinos durante um longo período, é possível facilitar a contaminação direta “por higiene com a boca mútua e da lambedura de arranhões e ferimentos. No entanto, em estudos de transmissão em que gatos infectados e não-infectados foram abrigados juntos por vários anos, as taxas de transmissão foram baixas, de forma que os contatos direto e indireto são considerados como relativamente sem importância”, destaca.
Como é o desenvolvimento da doença?
Janice adverte que quando um gato contrai a FIV, desenvolve uma fase aguda que pode durar entre quatro e seis semanas. “Cursa com febre, depressão e aumento de linfonodos”, exemplifica.
Na segunda fase é possível que o animal aparente ser saudável durante três anos ou mais. “Após isso o vírus pode afetar a medula óssea, inibindo a produção de defesas por parte do organismo, provocando anemia e ocorrência de tumores. Também é comum os gatos apresentares doenças como gengivites, e doenças normalmente comuns podem cursar com mais severidade neles”, alerta.
Leucemia Viral Felina (Felv)
Causada por um retrovírus que pode acometer tanto felinos domésticos, como selvagens, a Leucemia Viral Felina (Felv) foi descoberta em 1964. Os gatos, segundo a médica veterinária, são usualmente infectados a partir do contato próximo com portadores assintomáticos da Felv. “Através de mordidas, cuidados mútuos com pelos, por meio do uso em comum de vasilhas sanitárias e potes de água e comida. Também pode ser transmitido pela mãe através do leite, via transplacentária ou por transfusões sanguíneas”, exemplifica.
Quando infectados, os felinos começam a desenvolver sinais clínicos “os quais podem ser inespecíficos como abatimento, diminuição do apetite, ou mais específicos como anemias e linfomas. O vírus pode gerar uma imunossupressão no animal, deixando o mesmo vulnerável a outras doenças”, afirma Janice.
Tratamento é caminho para vida normal
O tratamento é realizado de acordo com a necessidade de cada animal. “Alguns necessitam de terapia de suporte contínuo, hemogramas frequentes, transfusões e no caso de linfomas, quimioterapia”, conta. Porém, um resultado positivo não é motivo para entrar em pânico, conforme explica Janice. “Alguns animais vivem muito bem durante anos e podem inclusive nunca desencadearem a doença”, garante.
A vacinação é a melhor forma de prevenção para a Felv. Existem diversas vacinas disponíveis no mercado, com eficácia de cerca de 95%. “São duas doses em intervalos de 21 e 30 dias, com reforço anual. Todos os gatos devem ser testados antes da aplicação, pois a vacinação contra não reverterá uma infecção em gatos contaminados”, assegura.
A assistência necessária para preservar o bem-estar dos pets está em profissionais qualificados. “Lembre-se de levar regularmente seu felino ao médico veterinário, para acompanhamento e monitoramento constante da saúde. Com vacinação e acompanhamento, você estará proporcionando uma vida longa e saudável a seu pet”, aconselha Janice.