Os servidores municipais de Bento Gonçalves realizaram uma manifestação nesta segunda-feira, 3 de fevereiro, contra projetos apresentados pelo prefeito Diogo Siqueira. O ato, organizado pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindiserp-BG), teve início às 12h30min em frente à Prefeitura Municipal e seguiu até a Câmara de Vereadores, onde os manifestantes acompanharam a sessão legislativa das 15h.
De acordo com a categoria, as mudanças propostas ameaçam os direitos dos futuros concursados e colocam em risco a sustentabilidade do Fundo de Aposentadoria e Pensão dos Servidores de Bento Gonçalves (FAPSBENTO). Conselheiros do fundo e parlamentares da oposição, como o vereador Moisés Scussel (MDB), também manifestaram preocupação com os impactos das medidas.
Durante o protesto, a presidente do Sindiserp-BG, Neilene Lunelli, acompanhada por outros servidores, conversou com o vice-prefeito Amarildo Lucatelli. No encontro, foi definida a realização de uma reunião com o prefeito, que atualmente está de férias. Caso não haja acordo, os servidores prometem intensificar as mobilizações.
O que diz o sindicato
Neilene Lunelli apontou diversos problemas que, segundo o sindicato, podem surgir caso os projetos sejam aprovados:
- Desvalorização da carreira pública: Os projetos ameaçam a valorização dos servidores, retirando benefícios como biênios, licença-prêmio e abono de permanência, que são fundamentais para atrair e reter talentos. A presidente do Sindiserp-BG destaca que muitos candidatos aprovados em concurso público recusaram assumir os cargos devido aos baixos salários, levando à necessidade de contratos emergenciais.
- Sustentabilidade do FAPSBENTO: O fundo já enfrenta desafios devido ao aumento de aposentadorias, e a extinção do abono de permanência pode acelerar esse processo. Um parecer do conselho do fundo foi enviado ao prefeito, alertando sobre os riscos das mudanças.
- Disparidade entre servidores: A retirada dos biênios criaria uma desigualdade entre servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada, que possuem adicional por tempo de serviço garantido pela CLT.
- Valorização salarial: O sindicato critica a disparidade salarial entre servidores municipais e trabalhadores da iniciativa privada. Segundo Neilene, um professor da rede pública municipal recebe R$ 2.628,68, enquanto um professor com a mesma qualificação e carga horária na iniciativa privada recebe R$ 4.036,55. Em cidades vizinhas, como Caxias do Sul, os salários também são mais altos, o que pode levar à fuga de profissionais qualificados.
“Esses projetos afrontam uma categoria que tanto faz pela cidade. Somos tratados como heróis nas pandemias e tragédias, mas quando elas passam, somos vistos como peso”, desabafa a presidente do sindicato.
Próximos passos
O Sindiserp-BG seguirá mobilizado e buscando diálogo com o Legislativo. A entidade exige a retirada dos projetos e, caso isso não ocorra, pede que os vereadores votem contra as propostas.
Além disso, o sindicato aguarda uma audiência com o prefeito. O vice-prefeito Amarildo Lucatelli, em reunião com os manifestantes, comprometeu-se a levar a demanda ao chefe do Executivo. “Os servidores públicos cuidam diariamente da população com zelo e profissionalismo e merecem respeito e apoio da sociedade”, conclui Neilene Lunelli. O Sindiserp-BG reforçou que continuará na luta pela valorização da categoria e contra medidas que prejudiquem os trabalhadores municipais.