Assim como eu, muita gente não entende estas duas paixões nacionais, até há pouco predominantemente masculinas, que são o futebol e a pescaria, especialmente quando combinadas. Afinal uma é quente, a outra é fria. Uma mexe com as emoções, descontrola, acorda a fera adormecida. A outra acalma, relaxa, põe a fera a dormir. O que elas têm em comum é que ambas promovem histórias bizarras. Contei algumas. Esta é a mais recente e aconteceu no Rio onde as Antas já eram.

Então, há cerca de dois meses, um ativista dos direitos dos homens, liberado pela mulher, armou o arsenal para o evento, junto com o irmão, também grande apreciador da “arte” de afogar minhocas.

Desceram de carro até onde foi possível e depois seguiram a pé, margeando o rio, à cata do local perfeito: um pedrão pra sentar e fundura pra pescar. Mas não estava fácil por causa das águas de março. O terreno, instável, volta e meia, sumia.

Finalmente, acomodaram-se na mesma rocha, mas não no mesmo lado. E começaram o ritual da pescaria.

Às vezes quebravam o silêncio com uma palavrinha, que era até pra comprovar que estavam vivos. De repente:

-Peguei!

Nenhuma resposta.

-Ei??? (Silêncio) Ei??? (Silêncio) Cristo, onde tá esse filho da mãe? ONDE TU TÁ, CARA…? – gritou o irmão apavorado.

Então, um par de óculos apareceu boiando sobre a água. Era a tragédia anunciada. Mas, não demorou a subir também o cordão e, logo depois, o pescador. Que foi salvo, graças a Deus… e aos óculos.

Macacos me mordam!

Um grupo de motoqueiros, rodando pela região dos vinhedos, viram uma lagoinha com Pesque e Pague e resolveram mudar de programa. Assim, enquanto as motos esfriavam, eles se esquentavam com uma caipirinha da hora, preparando-se para a pesca do jantar.

Abrindo um parêntese: o protagonista desta história fez parte da dupla daquele naufrágio que contei na vez passada. Parêntese fechado.

Então o pescador jogou a carretilha para a água exibindo sua performance aos companheiros. E a linha foi, foi, foi e passou pela ilha, onde um macaco-prego estava instalado como se fosse o dono dela. O primata fixou o olhar no outro e, desafiadoramente, apanhou a linha logo acima do anzol e pôs-se a puxar. Gargalhada geral. Menos do macaco, que, invocado, expulsou o baixinho com uma varada.