A saúde auditiva da população brasileira é uma questão de preocupação crescente entre especialistas. De acordo com dados do IBGE, em 2021, mais de 2,3 milhões de brasileiros apresentavam deficiência auditiva. Quando incluímos casos de perda auditiva leve, esse número ultrapassa 10 milhões de pessoas. No âmbito global, a OMS estima que cerca de 1,5 bilhão de pessoas possuem algum grau de perda auditiva. A Dra. Marina Paese Pasqualini, Médica Otorrinolaringologista, destaca a importância desses dados: “É fundamental entender a amplitude do problema para podermos direcionar nossos esforços e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas”, afirma.

Fatores que contribuem para a perda auditiva

Dra. Marina Paese Pasqualini foto: divulgação

A médica explica que as causas da perda auditiva variam conforme a faixa etária e incluem desde fatores congênitos até exposição prolongada a ruídos. “Na infância, as doenças congênitas e genéticas são prevalentes, assim como a otite média efusiva. Já na vida adulta, a exposição a ruído e doenças oportunistas ocupam espaço no desenvolvimento das perdas auditivas”, explica. A especialista ressalta a importância da prevenção desde o pré-natal, com tratamentos e reabilitações precoces.

A exposição a ruídos é uma das principais causas evitáveis de perda auditiva. Marina alerta: “A perda auditiva induzida pelo ruído ocorre de forma lenta e progressiva, variando conforme a intensidade do ruído e o tempo de exposição. Milhares de pessoas desenvolvem essa condição a cada ano”, ressalta. Respeitar as orientações no ambiente de trabalho é fundamental para a prevenção. “É importante seguir as orientações dentro de cada ambiente de trabalho, conforme o médico do trabalho e outros profissionais que atuam na fiscalização do ambiente”, acrescenta.

Exames essenciais

O diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento eficaz. “A investigação dos problemas auditivos começa com uma consulta médica detalhada, seguida por exames como audiometria e potenciais evocados auditivos”, explica Pasqualini. Em casos mais complexos, exames de imagem como tomografia e ressonância magnética podem ser necessários para uma avaliação mais aprofundada.

O Sistema Único de Saúde desempenha um papel crucial no atendimento a pacientes com deficiência auditiva. “O SUS dispõe de otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos para diagnóstico e tratamento, fornecendo aparelhos auditivos em praticamente todo o Brasil”, relata. Porém, a médica aponta desafios que incluem a longa espera para o tratamento. “Os desafios variam conforme cada região, mas de forma geral, estão relacionados à demora para reabilitação devido à disponibilidade de capacitação e ao pouco conhecimento de cada etapa do processo”, explica.

Identificação precoce da perda auditiva

Sinais iniciais de perda auditiva podem ser sutis e variar de acordo com a faixa etária. “Em crianças, são comuns a desatenção e a dificuldade de aprendizado, enquanto em adultos, a dificuldade de compreensão da fala em ambientes ruidosos e o zumbido são indicadores”, afirma a especialista. A melhor forma de identificá-los precocemente é por meio de exames de triagem auditiva neonatal e consultas regulares com o Médico Otorrinolaringologista.

Prevenir a perda auditiva é possível com medidas simples. “Evitar uso de cotonete, tratar adequadamente as otites e evitar exposição a ruídos intensos são cuidados essenciais”, orienta Dra. Marina. Além disso, a especialista destaca a importância do exame de triagem neonatal, conhecido como teste da orelhinha, para um diagnóstico precoce e intervenções necessárias.

Diagnóstico e tratamento

Os avanços tecnológicos têm sido aliados no diagnóstico e tratamento da perda auditiva. “Exames diagnósticos confiáveis são realizados desde os primeiros meses de vida, permitindo a adaptação de aparelhos auditivos e reabilitação precoce”, destaca Dra. Marina. Implantes cocleares e próteses osteoancoradas são exemplos de inovações que beneficiam pacientes de todas as idades. “Graças ao desenvolvimento de novas tecnologias, tornou-se possível a realização da reabilitação auditiva de forma mais precoce”, conclui.

A conscientização sobre saúde auditiva deve começar desde cedo. “A exposição a telas e o uso de fones de ouvido preocupam especialistas. A população adulta é protagonista no cultivo de bons hábitos para as futuras gerações, evitando o uso prolongado de fones de ouvido e promovendo estímulos interpessoais”, finaliza a médica.