Em três meses, foi realizada uma reestruturação do departamento de Bem-estar Animal, que foi transferido de secretaria municipal, passando dos cuidados do Meio Ambiente para a Saúde. A partir disso, diversos projetos tem sido apresentados à comunidade, que esperara há cerca de 20 anos por ações concretas voltadas à causa animal.

Com a missão de organizar o setor, o secretário adjunto de Saúde, Gilberto Júnior, apontou que o primeiro passo foi zerar a fila de castrações que estava reprimida desde junho de 2021. “Em fevereiro, abrimos dois períodos para as pessoas se cadastrarem na castração. No mesmo mês acabamos com toda a antiga demanda. Depois disso, iniciamos em forma de mutirão, aonde estamos indo aos bairros e atendendo o nosso foco principal, que são os animais de rua”, aponta.

Assim, desde fevereiro, mais de dois mil animais já passaram pelo procedimento. O mutirão de castração já passou pelos bairros Zatt, Vila Nova II, Ouro Verde (Novo Futuro) e Conceição/ Tancredo. “Iremos estender para outras localidades, mas nossa prioridade, nesse primeiro momento, são bairros vulneráveis, para que atinjamos o maior número de animais. A castração evita que eles procriem, é um controle de zoonose que estamos investindo bastante,” ressalta Júnior.

Samu Pet

O mais recente projeto que saiu do papel é o Samu Pet, que está em funcionamento desde terça-feira, 24. Com uma ambulância equipada e duas médicas veterinárias, são atendidos chamados de urgência e emergência de animais vítimas de atropelamento ou maus-tratos. O atendimento também é realizado para pessoas vulneráveis que não tem condições de pagar os custos do animal.

Conforme Júnior, o primeiro caso foi um cão vítima de atropelamento no bairro Aparecida na quarta-feira, 25. “Direcionamos ele à clínica para fazer procedimento na sexta-feira, com uma fratura no quadril. A tutora já tinha levado ele até o local, mas demos todo o suporte. Hoje o procedimento cirúrgico é difícil e, muitas vezes, os donos não têm condição, ou principalmente por se tratar de um animal de rua que não tem quem cuide. Então para isso que o Samu Pet vem, para dar todo esse apoio”, salienta.

O chamado pode ser feito pelo telefone (54) 99223-1853, de segunda à sexta-feira, das 7h30min às 11h30min e das 13h às 17h. O número também possui WhatsApp, sendo um canal aberto para questionamos e denúncias. “Temos isso para acelerar todo o processo, passa por uma triagem, hoje temos duas médicas veterinárias, que avaliam a necessidade de deslocar a viatura e vão até o local para fazer o atendimento”, frisa.

Da esquerda para a direita, a estagiária Yanca Santi; a médica veterinária, Vanessa Farina; o secretário Gilberto Junior; coordenadora do setor, a médica veterinária Rafaela Jornada; e do administrativo, Nathalia Poletto

Hospedagem de animais

Outra iniciativa que já está sendo executada é a hospedagem de animais em situação de maus-tratos e bravios. Das 20 vagas, quatro já estão sendo ocupadas. “Para essas duas finalidades conseguimos direcionar os animais para o lar pago. Verificamos a situação, identificamos os maus-tratos e os encaminhamos para o espaço. Já está em funcionando e justamente para atender essa demanda”, explica Júnior.

Feirinha de adoção

Após o sucesso da primeira edição, onde mais de 40 animais, entre gatos e cachorros, foram adotados, a próxima feirinha de adoção já tem data marcada: no dia 11 de junho, na Via Del Vino, que contará com ações de conscientização e arrecadação de ração.

Projetos futuros

Outra ação que deve entrar em funcionamento em breve é a Farma Pet. Conforme Junior, a proposta se trata de uma farmácia veterinária. “Está em fase de homologação, já encaminhamos a licitação, dentro de alguns dias deve estar saindo o vencedor e teremos os medicamentos mais comuns que utilizamos no dia a dia, como vermífugos, vacinas, antibióticos, que poderemos também dar esse suporte para pessoas vulneráveis e para os animais de rua”, evidencia.

Também está em andamento um edital para disponibilização de procedimentos cirúrgicos aos animais. Outro passo é um local próprio para atuação do setor. “A ideia é ter um espaço nosso, para que o departamento do Bem-estar Animal tenha um local para fazer pequenos procedimentos e tenho algo administrativo para receber os encaminhamentos. Estou trabalhando muito nisso e acho que até o final do ano vamos ter mais esse espaço para a causa”, acentua o secretário.

Cão comunitário

Uma novidade que será implementada no mês de junho é o “Cão comunitário”. “Estamos trabalhando para que consigamos ter um local específico para o cão da comunidade, onde as pessoas do bairro consigam ajudar o animal. Vai ter uma identificação, então os moradores vão saber que ele é comunitário e poder ajudar com ração e de outras formas. Vai ter uma casinha e um espaço para ele que iremos destinar”, explana.

Confecção de casinhas

Outra ação que segue em andamento é Projeto Posse Responsável de cães, realizado em parceria com o Gabinete da Primeira-Dama. Destinadas para pessoas vulneráveis ou para animais vítimas de maus-tratos, as casinhas são confeccionadas em madeira pela Comunidade Terapêutica Rural de Bento Gonçalves.

Ativistas da causa animal opinam

Conforme Junior, o contato com as protetoras e as Organizações Não Governamentais (ONG’s) tem sido fundamental. “Conseguimos aproximar algo que estava bem distante da prefeitura, hoje elas participam das nossas ações. Fizemos diversas reuniões, entendemos seus anseios e as dificuldades e procuramos avançar em projetos que pudessem beneficiar e ajudá-las de alguma forma. Evitar que elas tivessem todo esse desgaste que elas têm durante todos esses anos”, afirma.

A ativista da causa animal, Noely Olbacher, espera que as ações tenham continuidade e sejam concretas. “Espero que esteja sendo feito com comprometimento, com cuidado e com atenção. Acho a ação muito boa, só espero que seja um compromisso real, uma atitude honesta e não seja fruto de outros interesses”, aponta.

Já Gizele Fedrigo anseia que Bento Gonçalves se torne referência na causa animal. “Há muitos anos todas essas voluntárias, me incluindo também, lutam muito pelo bem dos pets. Se somos potencial turístico, podemos e devemos ser potencial em proteção animal também”, declara. A voluntária complementa que a causa animal é um compromisso de todos. “É muito importante lembrar que isso não é só dever da prefeitura e órgãos públicos, é responsabilidade principalmente dos tutores, que por muitas vezes por problemas minúsculos, abandonam, não tratam os animais como deveriam”, finaliza.

Fotos: Laura Kirchhof