Caminhei todo o percurso, desde a Marechal Deodoro até a Treze de Maio, bem devagarinho e recordando o passado. Me dediquei a apenas um lado da rua e do outro lado comentarei noutro dia.
Na casa FONTANARI marquei o primeiro passo e decidi fazer aqueles três quarteirões que pareciam intermináveis quando percorridos na minha infância.
Até a casa do dos LORENZONI era só um muro e logo depois havia o primeiro armazém, dos PERTILE, e a casa do Seu Pedro, meu padrinho, seguida do enorme edifício MENEGOTTO.
Atravessava-se a rua e o Solar Montalves, residência dos MÔNACO, apresentava um belo jardim. Logo em seguida o armazém BUTELLI, os FIAMETTI, os ESCRAVAGLIONE, os ABREU e outra casa da família MÔNACO. Nesta quadra também morava o Seu Liberato, taxista, e outras famílias mais.
Nova travessia de rua e na casa do LINDERMAYER ficava o armazém do TOFOLI, em seguida um terreno baldio (depois Casa PERUFFO), a família NEIS, com o restaurante TORRIANI e o Supermercado INSA, o primeiro de Bento, o açougue BARUFFI, minha casa, com o armazém do Seu Pedro e desde aí até a esquina só a casa dos MUSSOI e a garagem do Dr. Otávio.
Nos dias de verão a “chuva das 4” (todos os dias as 16 horas caia um toró) levava a piazada da rua para o banho de chuva. Era uma algazarra e os lugares mais disputados: a sarjeta e a água que jorrava das calhas. Curioso é que ninguém ficava doente por isto.
O Dr. Otávio, morador da rua, com breves corridas abrigava-se sob as marquises e beirais das casas em direção a sua casa. Meu pai lhe ofereceu um guarda-chuva que ele agradeceu e recusou pois já estava bem perto de sua residência e já com a roupa molhada.
Passados alguns minutos o Dr. Otávio, de guarda-chuva em punho, caminhava em direção ao centro da cidade e meu pai lhe perguntou:
– “Já voltando para o centro, Dr. Otávio?
– “Esqueci que estava de carro e estou voltando para buscar.”