Neste ano, colheita será menor devido à fatores climáticos, o que aumenta a procura
A safra dos citros iniciou na Serra Gaúcha e a região deve colher toneladas de bergamotas e laranjas. A quantidade neste ano ficará abaixo da média, sendo menor devido a dois anos de estiagem, entre outros fatores climáticos.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Pinto Bandeira, Cedenir Postal, conta sobre a safra deste ano. “A expectativa é que os produtores ganhem um valor bom pela colheita, a qualidade está boa, apesar de ainda estar no início. Nos próximos meses se intensifica a quantidade”, ressalta.
De acordo com Postal, esse tipo de cultivo é importante para ter uma diversificação de culturas na região. “Temos vários produtores que sua atividade principal são os citros. É plantada, principalmente, próximo ao Rio das Antas. Mas também tem outros locais onde se consegue colher mais tarde e isso às vezes facilita o preço, pois foge da safra tradicional. A região do Vale do Caí é a que mais produz, mas Bento Gonçalves, Cotiporã, Veranópolis e Pinto Bandeira também tem boas produções”, diz.
Conforme o dirigente sindical, para iniciar a produção de citros ou outra atividade agrícola, o interessado precisa ver se há mercado para tal no local. “O ponto fundamental é saber onde o agricultor vai vender. Depois, é a escolha do terreno, para ver como a cultivar se comporta na região escolhida”, frisa.
Além disso, a maior parte da comercialização é feita na Serra Gaúcha. “Mas também vai para outros estados, principalmente quem mantém em câmara fria e vende mais tarde, fora dos períodos de safra”, aponta.
O que dizem os produtores
A agricultora da Linha Natividade, localizada no distrito de Faria Lemos, Aline Marin Sikorski, 38 anos, produz citros há quase duas décadas. “Cultivo bergamota Caí, Pareci, Montenegrina e Ponkan, além de laranja de umbigo. É minha principal renda e vendo para mercados de Farroupilha e Caxias do Sul”, conta.
Aline destaca que o frio é o clima ideal para o desenvolvimento dessas frutas. “É o principal fator na questão da produção, tudo depende dele. Claro que os cuidados como poda, adubo e tratamento não podem faltar. O trabalho nos citros exige bastante dedicação, pois precisa ter uma boa qualidade”, diz. Infelizmente, esses aspectos tiveram impacto em algumas variedades. “Esse ano a safra vai ter quebra de 70% nas bergamotas Caí e Pareci. Por conta da seca que acontece há dois anos, elas não conseguiram florescer”, completa.
O produtor Antônio Carlos Menegotto Rebelo, 52 anos, cultiva citros com a família desde criança em Verissimo de Matos, Tuiuty. As variedades que ele tem atualmente são laranja de umbigo, do céu e Valência, bergamotas Caí, Satsuma e Ponkan. “Minha principal renda é a uva, mas os citros são os que menos me dão gastos, se for comparar, ainda é o que mais me dá lucro”, afirma.
Segundo Rebelo, o clima às vezes prejudica as frutas, não deixando-as se desenvolver. “Nos últimos anos teve seca, o que não deixa os cultivos perfeitos, sempre crescem menores do que o normal. A falta de chuva é horrível. A laranja de umbigo é um exemplo, ao invés de ficar graúda, o agricultor colhe um tamanho médio”, explica.
Nascido e criado ajudando seu pai na lavoura, o agricultor Mateus Rosina, 26 anos, reserva um espaço para produção de citros na região de São Luiz do Rio das Antas, distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves. “No momento está acontecendo a colheita das bergamotas Caí e Ponkan e das laranjas de suco e do céu. Mas não são o nosso principal cultivo, pois trabalhamos mais com hortaliças”, destaca.
Rosina explica que os fatores climáticos influenciaram bastante na colheita deste ano, sendo reduzida pela metade. Por isso, muitas pessoas vêm em busca dos produtos. “Como a produção caiu bastante, todos os citros estão tendo uma boa procura. O clima tem impacto direto, pois não pode ter muita chuva e frio na época de floração, pois as abelhas acabam não polinizando as flores, causando abortamento. Já quando a fruta está se desenvolvendo, é bom que chova, se não o volume dela não será tão bom. E quando as bergamotas e laranjas se desenvolveram, não pode ser tão calor, para não causar doenças como a pinta preta, mosca e outras pragas”, encerra.