Vez por outra os pais arrumam uma fórmula mágica para “enrolar” os filhos, tudo por uma boa causa.
São experiências de vida que merecem ser lembradas e, se necessário, aplicadas no quotidiano.
Lembro dizeres do seu Pedro como:
– “Se um chorar, os dois apanham”, e o Plinio, mano mais velho, nunca batia de mais, ao ponto de eu chorar, pois ele também levava uns tapas do pai. E o Seu Pedro não perdoava.
– “Plinio: tu que manuseia melhor a faca, corta o pedaço da cuca e tu Paulo, escolhe o pedaço” e o mano Plinio caprichava no corte para que os dois pedaços tivessem a mesma quantidade de broas e de cascão. Se o Plinio dizia que um pedaço era o melhor eu logo escolhia o outro (coisa de criança).
Já o Nilson, meu compadre, recebeu orientação médica para que seus filhos melhorassem o apetite com o “Biotônico Fontoura”. A gurizada não aceitava o remédio. Muito experto, comprou uma garrafa de “Underberg” e com a esposa Nair saboreavam o aperitivo antes das refeições. Os tios Ari e Vilson também compartiam o aperitivo quando compareciam. A gurizada ficava atenta e curiosa com o ritual dos adultos naquela saudável bebida.
Foi só terminar o “Underberg” que o Nilson, genioso e as escondidas, encheu a garrafa com o “Biotônico Fontoura” e tomou o primeiro gole ao sentar-se para almoçar. Prontamente ofereceu para as atentas crianças:
– “É só um golinho para cada um, nada mais do que isto” e as crianças se sentiram o máximo. Até engordarem o necessário, tomaram felizes aquele “santo aperitivo”.
E a Maitê, decidida a saborear sozinha um negrinho de panela, foi para o fogão e preparou ao seu gosto. Sentou-se no sofá e com prazer saboreava a guloseima com a colher. Não tardou, os filhos adentraram na sala com os amigos e veio a pergunta:
– “Mãe, o que estás comendo?”.
– “Creme de ameixa!”, respondeu a Maitê, e a gurizada, com cara de quem não apreciava a “coisa”, seguiu ruidosa para o pátio.