Nem os dois últimos acidentes de trânsito que vitimaram duas pessoas no início do mês, no quilômetro 12,2 da ERS – 431, em Faria Lemos, impedem motoristas de caminhões passarem pelo local. Em vigor desde o mês de junho desse ano, a instrução que proíbe o tráfego de caminhões pela rodovia não é respeitada. Pelo menos é o que apontam as imagens captadas durante a tarde de segunda-feira, 16, no trecho que compreende a comunidade de Santa Bárbara, até o distrito de Faria Lemos. Motoristas afirmam que não há alternativa a não ser burlar a proibição. Conforme o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), a recuperação do trecho está em fase final de aprovação do contrato.
A suspensão do tráfego por veículos pesados no no quilômetro 12,2 da rodovia, em Monte Belo do Sul, foi considerada uma ação preventiva pelo Daer, com o intuito de preservar a segurança de quem trafega na estrada desde quando surgiram as trincas. Segundo nota do Departamento, na época, a passagem de caminhões e carretas nessas circunstâncias agravaria o problema e causaria riscos aos motoristas. Naquele momento, a informação da autarquia era de que solução seria tomada, após a publicação de um decreto de emergencialidade, que possibilitaria a contratação de uma empresa por meio de pregão eletrônico, o que pouparia tempo e evitaria a modificação do leito da estrada. Porém, passados mais de dois meses da última enxurrada que agravou ainda mais a situação, as obras sequer começaram e há grande dificuldade em atravessar pelo local.
No entanto, não foi o que aconteceu. Pelo menos até o momento: caminhões continuam a trafegar normalmente e não há sinais de homens trabalhando para reparar o problema. Conforme nota da assessoria de comunicação do Daer, o comando rodoviário da Polícia Rodoviária Estadual foi orientado a reforçar a fiscalização no local. “O Daer emitiu um ofício reforçando ao Comando Rodoviário da Brigada Militar que fiscalize a circulação desses veículos na rodovia”, afirma.
Em pouco mais de uma hora no local, a reportagem do Semanário presenciou diversos veículos pesados passando pelo trecho. A maioria deles diz desconhecer a proibição ou justifica que não há outro acesso próximo que possa ser utilizado para chegar a Bento Gonçalves e cidades vizinhas. “Não temos outro caminho que seja possível de fazer. A gente corre o risco de ser pego pela polícia e levar multa, mas, infelizmente, não tem outro trecho que seja viável para a gente deslocar a produção. O bom seria que refizessem essa parte que desbarrancou. E não é de uma, duas semanas. Já fazem mais de dois meses que está nessa situação e a gente não vê obra nenhuma. Está uma vergonha”, disse um motorista que preferiu não ser identificado.
De acordo com a autarquia, o processo para restauro da rodovia está em fase final de aprovação do contrato emergencial. “Após a finalização, ele será submetido ao Conselho de Administração do Daer, que reúne os diretores”, explica a nota.
Ponte deverá receber malha asfáltica
Com acesso liberado há pouco mais de dois meses, a ponte que liga o município de São Valentim do Sul a Bento Gonçalves, também enfrenta problemas de trafegabilidade. Parte do caminho ainda é composto por estrada de chão, que com as últimas chuvas foram danificadas, com o surgimento de buracos que prejudicam a passagem de veículos no local. De acordo com o Daer, a estrada receberá camada asfáltica e estará toda recuperada. “Tanto a ponte, quanto os trechos antes e depois da estrutura receberão pavimento”. A previsão é de que até o final deste mês, sejam iniciadas as obras.
Fiscalização intensificada
De acordo com o Comando Rodoviário da Polícia Rodoviária Estadual, no final de semana foi intensificado o trabalho de fiscalização e autuação dos motoristas de caminhões, visando coibir a passagem de veículos pesados, conforme solicitação do Daer. Além do controle, placas de sinalização informando a proibição foram implantadas ao longo do trecho.
Pedido de providências encaminhado
O vereador Paulo Roberto Cavalli, “Paco”, do PTB encaminhou, um pedido de providências, que obteve a participação de todos os demais parlamentares ao Daer, solicitando celeridade no restauro da rodovia. “Ainda não foi feito nada e já se passaram meses desse novo desmoronamento. Precisamos de uma solução urgente. É preciso pressionar o Daer para executar uma solução definitiva deste e de outros problemas que atingem a rodovia”, enfatiza.
É o caso da construção de refúgios ao longo do trecho. Cavalli afirma que empresários de diversos setores, que utilizam a ERS-431 se dispuseram em pagar para implantar nova sinalização e a construção de caixas de brita para minimizar os efeitos de possíveis acidentes que por ali ocorrem. “Quem anda na estrada diariamente sabe o quão complicado está. Famílias já perderam a vida, pessoas perderam bens materiais. Morre quem não tem culpa e ninguém mata por querer. O trecho é muito mal sinalizado”, pontua. “Se existissem refúgios com caixas de brita, amenizaria a situação e há local pra fazer isso”, acrescenta.