Vocês se lembram do meu vizinho madrugador aquele que, há algumas semanas, procurava desesperadamente por uma companheira? Graças à sua voz melodiosa, ele achou. Fico feliz pelo sabiá e também por mim, já que o recesso para a lua-de-mel vai dar uma trégua aos meus ouvidos… Até setembro quando o divórcio lhe permite cantar nova fêmea e formar novo ninho.
Machos! Quem pode com eles?! Começando pelo sapo, o primeiro animal terrestre a ganhar cordas vocais há cerca de 300 milhões de anos. Todo o seu potencial fônico é usado para atrair uma parceira, numa cantoria que pode durar até o sol nascer. Se bem que isso prova que as pererecas também não são nada fáceis…
Já o macaco gibão, que também usa a voz na arte da conquista, fazendo muita serenata sobre as árvores, procura uma relação monogâmica, assim como os pinguins. Estes carinhas de smoking dão gritinhos e se exibem diante das fêmeas, cabendo a elas fazer a escolha, que será “até que a morte os separe”.
O tango penoso dança Piazzolla na água para seduzir a amada. Outras aves aquáticas, além do bailado, oferecem mimos durante a paquera, como plantinhas e afins. O tesourão ganha um saco vermelho junto ao papo, que vai inflando até ficar trinta vezes maior que seu tamanho natural. O truque é para ser notado pela fêmea. Aqui o tamanho é realmente documento.
Alguns animais lutam bravamente para disputar as fêmeas, como o leão, que, ao perder a luta, perde também a juga. Outros, feito o pavão e o galo usam a mesma estratégia na arte da conquista, abrindo a cauda (de proporções diferentes) em leque.
O mais romântico de todos os rituais de sedução é do cavalo-marinho, que começa quando macho e fêmea se entrelaçam e dançam entre os corais, com suas “silhuetas à luz da lua, fazendo borbulhas de amor” durante oito horas ininterruptas. De dar inveja ao Raimundo Fagner. E o mais cruel é o de algumas aranhas, escorpiões e gafanhotos, cujos machos perdem a cabeça durante a relação. Literalmente.
Quanto ao ser humano, entram, na disputa, atributos como simpatia, bom papo, inteligência, caráter, afinidades, aparência e coração. Hormônios também mexem muito. Em alguns casos da espécie, a atração fica por conta do CCC: Car, Cashe e Credit Card.
Pois é! O cérebro está sempre por trás de tudo: na química da paixão ou na voz da razão.