Em Bento, já foram encontrados 79 focos de Aedes aegypti. O número supera todo o ano de 2021, o que reforça a importância dos cuidados

Os registros de dengue aumentaram 95,2% este ano em todo o país, com relação ao mesmo período de 2021. Segundo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde no dia 18 de abril, foram notificados 400 mil casos prováveis da doença, o que representa uma incidência de 184 casos para cada 100 mil habitantes.

Até a data do levantamento, foram confirmados 112 óbitos por dengue no Brasil. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, dois fatores podem explicar esse crescimento considerável. O primeiro é que a dengue é uma doença sazonal, com maior incidência em períodos de chuva e calor. E, como este ano muitas regiões tiveram chuvas acima do esperado, favoreceu o acúmulo de água, situação propícia para o surgimento de focos do mosquito transmissor.

Outro motivo é que o medo da covid-19 fez muita gente procurar atendimento médico, aumentando os registros oficiais de casos de dengue, já que, no início as duas doenças têm sintomas parecidos.

Atrás da região centro-oeste, a Região Sul está em segundo lugar na taxa de incidência da doença, com 272,1 casos a cada 100 mil habitantes.

Estado entra em alerta máximo contra a dengue

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) anunciou na quarta-feira, 20 de abril, que o Rio Grande do Sul está em alerta máximo contra a dengue. Já são mais de 9 mil casos confirmados este ano ocorridos dentro do Estado, chamados de autóctones. Entre esses, cinco mortes pela doença já foram confirmadas.

A declaração tem por efeito o reforço na mobilização de enfrentamento ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti. O foco são os 177 municípios, incluindo a Capital, onde o nível de alerta é maior pelo número de casos e óbitos registrados.

As áreas com maior nível de alerta (por Coordenadorias Regionais de Saúde – CRS) são: 2ª CRS (sede Frederico Westphalen); 16ª CRS (sede Lajeado); 1ª CRS (sem considerar a sede Porto Alegre); Porto Alegre; 14ª CRS (sede Santa Rosa) e 15ª CRS (sede Palmeira das Missões).

Situação em Bento Gonçalves

Segundo informações da Secretaria de Saúde, até o dia 20 de abril, foram encontrados 79 focos de Aedes aegypti. O número supera todo o ano de 2021, onde foram detectados 76 focos. As vistorias são realizadas pelos agentes de endemias que realizam cerca de mil visitas semanais em espaços públicos, residências, empresas, dentre outros locais com possíveis criadouros.

Com relação aos casos, até o momento foram notificados 22 suspeitos e um confirmado (caso importado, ou seja, morador de Bento que foi infectado com o vírus em outro município). De acordo com a secretária de saúde, Tatiane Fiorio, todos os suspeitos foram testados.

Segundo ela, as equipes atuam da seguinte forma. “Identificar os casos suspeitos, realizar manejo clínico conforme classificação de risco, notificar o caso para que a Vigilância Epidemiológica agende a sorologia e monitorá-los na atenção primária”, ressalta Tatiane.

Em casos suspeitos outros procedimentos adotados são: estímulo da comunidade no combate ao vetor, realização de medidas de prevenção peridomiciliar (raio de até 50 metros em torno do domicílio) e acionar os agentes comunitários de saúde para visitas domiciliares.

Conforme a titular da pasta a realização da sorologia para confirmação do diagnóstico segue as definições do Ministério da Saúde: febre com duração máxima de 7 dias acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sinais e sintomas: náuseas, vômitos, cefaleia, dor atrás dos olhos, dor nas articulações e no corpo, prostração, fraqueza e exantema (irritação na pele espalhada pelo corpo). Além disso, deve residir ou ter viajado em área de transmissão de dengue ou presença de Aedes aegypti nos últimos 14 dias.

Ao apresentar os sintomas, a orientação é procurar atendimento médico e não utilizar medicamentos sem prescrição.

Dicas para evitar o aparecimento do mosquito:

Conforme a Vigilância Ambiental, alguns cuidados devem ser tomados para evitar a proliferação do Aedes aegypti:

– Certificar que caixa d’água e reservatórios de coleta de água de chuva estejam devidamente tampados;

– O lixo reciclável deve ser encaminhado para coleta de lixo em sacos bem fechados;

– Piscinas devem ser tratadas durante todo ano;

– Retirar folhas ou outro tipo de sujeira que pode gerar acúmulo de água nas calhas;

– Guardar pneus em locais cobertos;

– Guardar garrafas e baldes com a boca virada para baixo;

– Realizar limpeza periódica em ralos, canaletas e outros tipos de escoamentos de água;

– Limpar e retirar acúmulo de água de bandejas de ar-condicionado e de geladeiras.

– Utilizar areia até a borda nos pratos de vasos de plantas ou retirar pratos para que a água escoe.

– Retirar água e fazer limpeza periódica em plantas e árvores que podem acumular água, como bambu e bromélias.

Locais como terrenos baldios sujos ou depósitos de lixo em vias públicas devem ser denunciados pelo 0800-9796-866.

Sobre o mosquito

O Aedes aegypti tem em média, menos de 1 centímetro de tamanho, é escuro e com riscos brancos nas patas, cabeça e corpo. Com hábitos diurnos, sobretudo ao amanhecer e ao entardecer, o inseto (apenas a fêmea) se alimenta basicamente de sangue humano.

A reprodução acontece em água parada (limpa ou suja), onde os ovos são depositados.

Os principais sintomas são:

Febre alta (maior que 38.5°C) de início abrupto e que dura entre 2 e 7 dias

Dores musculares intensas

Dor ao movimentar os olhos

Mal-estar

Falta de apetite

Dor de cabeça

Manchas vermelhas no corpo