Hoje, que se faz formatura até baixinhos de Jardim da Infância, a palavra colação de grau perdeu seu glamour. Mas depois de 46 anos da cerimônia acadêmica, é quase um pecado esquecer.

“Uau” – exclamarão os mais jovens que, por ventura, me lerem – “Em que século aconteceu isso?”. “Bom”, direi, “logo aí, na curva do milênio”. “No teu tempo, como eram as coisas?”– perguntarão, acreditando serem donos do tempo atual. E eu responderei que o tempo não tem dono, nem antes, nem agora. Mas que, de lá para cá, o mundo virou de ponta-cabeça, que está quase irreconhecível, e que, apesar disso, alguns conceitos continuam sem prazo de validade. E os convidarei a dar uma volta pela pelas linhas de conhecimento da época, através de nossos mestres…

No início dos anos setenta, ainda não se vislumbravam sinais de globalização no horizonte, mas o professor Guarani defendia a tese de McLuhan, de que o mundo é uma imensa aldeia global.

A filosofia andava meio sufocada pelo Estado, mas o professor Keche nos instigava a pensar penetrando no niilismo de Heidegger.

O Brasil perdia a copa do mundo, com o futebol arte vencido pelo futebol força. Enquanto isso, o professor Pirolli nos fazia transitar pela sétima arte, para que víssemos o mundo sem precisarmos de força, em close, em plongée e contra-plongée.

Os astrônomos investigavam os céus, sondando os planetas Júpiter, Mercúrio e Vênus. Já o Professor Pozzenato nos fazia viajar pelo universo de Adonias Filho, com reflexos decisivos em nossas escolhas.

A vida era mais síntese do que análise, mas decifrávamos os enigmas linguísticos de Camões, desafiados pelo Prof. Kolling.

O mundo do ultrapequeno teve um grande impulso em 1974, com a descoberta de uma partícula atômica inteiramente nova. Nós tb. fomos arremessados para dentro dos morfemas e semantemas das palavras, incitados pelo professor Pedro e Prof. Régis.

O Latim não nos fazia a cabeça, mas logo aprendemos com o professor Madallozzo que “Utilius tarde quam nunquam”. Antes tarde do que nunca.
Aliás, língua estrangeira era nosso calcanhar de Aquiles. Mister Müller tinha verdadeiros ataques de asma porque não saíamos do “The book is on the table.”

E houve outros que também deixaram sua marca. Tenho flashes de aulas pinceladas com tons de carinho, mas a memória me trai. Assim, deixo um recadinho a todos que passaram por nós, quer estejam aqui ou na eternidade: “A gente ainda se vê por aí…”