Fotografias dos alunos do Ensino Médio do Alfredo Aveline estão expostas no terminal da Júlio de Castilhos
Em março deste ano o Museu do Imigrante acolheu a mostra Êxodos do fotógrafo brasileiro reconhecido mundialmente, Sebastião Salgado. A partir do contato com a exposição, os alunos do Ensino Médio da Escola Alfredo Aveline foram submetidos pela professora de geografia, Eliana Passarin, a um desafio, um novo olhar para a sociedade. O resultado está na mostra em mais de 120 capturas, que retratam as mazelas do ser humano ou momentos de humanidade.
Eliana conta que divide suas atenções entre ser educadora e a fotografia, e revela ter o profissional como referência. “É bom a gente começar olhar para a cidade, sair do automático do cotidiano, focar nos detalhes, no tratamento”, ressalta.
A professora ainda relata que ficou surpreendida com a qualidade do trabalho apresentado pelos alunos, e a partir de um consenso entre alunos e coordenação, foi decidido fazer uma exposição pública. “Como diz Milton Nascimento, ‘todo artista deve ir a onde o povo está’. Por isso, optamos em fazer na parada, em um terminal que é visto como um ponto de encontro de muitas pessoas. Aqui se tem todas etnias, classes sociais e que vivem as mazelas do humano”, destaca.
Sobre as fotografias, Eliana define como porta vozes da sociedade. “Nas imagens tem muita coisa boa, bonita de Bento, mas também momentos tristes. É a verdade”, enfatiza.
O estudante Luca Ventura Gregio, afirma que após o trabalho ampliou o olhar e entendimento para os problemas sociais. “ A gente pode ter empatia com as pessoas. Não é só uma foto. Ela carrega toda uma história por trás. Hoje, abri meus olhos para toda a situação crítica e o quanto podemos e devemos ajudar as pessoas”, comenta. Ele ainda acrescenta que “vou escolher uma profissão que eu possa ajudar os outros e valorizar a cultura e a arte”, ressalta.
A aposentada Maria Barros de Souza, 67 anos, usa o terminal da Júlio de Castilhos todos os dias para ir para casa. Ela ficou emocionada ao ver as fotografias. “Faz oito meses que perdi um filho, fruto da violência em Bento. Ver fotos que provoquem as pessoas a refletir é importante. Dói meu coração, mas assim, talvez as pessoas entendam algumas realidades ”, desabafa.
Maria ainda parabeniza a sensibilidade dos jovens. “Tudo muito lindo. Tem as fotos da realidade. Mas tem um gatinho que fiquei boba olhando. Quase pedi a foto para mim”, finaliza.