Clacir Rasador
Talvez o leitor sequer saiba o que é mostarda e, portanto, tão pouco a tenha comido. Creio ainda ser raro alguém se referir especificamente ao planejar o cardápio: hoje quero comer mostarda. Não estou a me referir ao condimento, ao molho de mostarda, mas à própria hortaliça, aliás, a maior delas; acredite, com alto poder de desintoxicação, sem que isso seja entendido como uma homenagem a mesma, pois nessa linha já bastou uma ex-presidente homenagear, ops, desculpe, saudando… a mandioca.
Porém, sempre que ouço essa palavra – mostarda – não há como dissociá-la de uma passagem bíblica em que JESUS CRISTO nos dá a dimensão da força da fé, pois, se esta fosse do tamanho da semente da mostarda – nada maior que a cabeça de um alfinete –, poder-se-ia, olha só, mudar de lugar nossas verdejantes montanhas para o litoral… Arroio do Sal teria tudo para virar a capital da uva e do vinho… Calma, é só uma comparação; voltemos à nossa querida, amada e incomparável bordada de parreirais, Bento Gonçalves – RS.
Vivemos tempos em que esta pequena semente poderá fazer toda a diferença no terreno de nossas vidas e da colheita de seus frutos poderemos ter uma grata ou desagradável surpresa.
O infortúnio, em especial o medo da morte, seja de si próprio, de um familiar ou amigo, tem na fé a sua última esperança.
Fé, algo inexplicável, senão pela crença de que a DEUS nada é impossível, de que não estamos sós, de que o que se almeja já se realizou, mesmo que ainda não tenha se realizado.
O impossível tem nos olhos da fé a mais clara visão do possível, e isso não é romantismo, ilusão, ou negar a realidade; chamo, “simplesmente”, fé.
Sim, um tanto complicado, mais ainda quando se tem a fé do tamanho… menor do que a cabeça de um alfinete.
Mas a experiência vivenciada – e aqui o falo em nome próprio – nos revela que a semente, por menor que seja, recebe naquele momento uma vasta gama de nutrientes. Refiro-me às orações, aos pedidos, às energias positivas de pessoas próximas, distantes, conhecidas ou não, ligadas pelo cordão da fé, cuja gratidão se estende além do obrigado, retribuída igualmente em forma de oração.
Enfim, fazer chama viva à centelha de fé que recebemos de nossos pais, que remonta a crença e herança religiosa de nossos antepassados, nos faz desintoxicar a alma e voltar a sorrir.
De tudo isso, quisera, doravante, reconhecer e jamais olvidar que a dor nos faz crescer e se aproximar do melhor conceito de irmãos seres humanos; que é necessário regar constantemente a “semente da mostarda”, por menor que ela seja, e nutrir igualmente a do próximo; que DEUS estará lá de braços abertos em todos os momentos, quando não nos carregando no colo sem nos apercebermos – por mais ausentes que tenhamos sido com ELE –, porém, não é loja de conveniência; e que nem sempre entenderemos as razões do que aconteceu ou do que virá a acontecer – isso não nos pertence – senão a fé de que o AMOR verdadeiro, independente de tudo, nos acompanhará pela eternidade.
Vamos em frente! Saúde!