Em tempos de pouco diálogo e intolerância religiosa, neste sábado, 28, a Praça Vico Barbieri, em Bento Gonçalves, deverá ser tomada por uma multidão. O motivo é único: igrejas cristãs querendo contribuir para a busca de caminhos que passem do confronto e conflito à comunhão entre os seus seguidores. O evento, marcado para as 19h30min, vem sendo elaborado há tempo, com diálogo e buscando identificar temas e causas que lhes permitem passar por cima das diferenças teológicas. O momento, segundo os organizadores é de dar ouvidos ao que as outras pessoas têm a dizer e celebrar o encontro histórico que modificou as relações entre católicos e evangélicos, que aos poucos é reconstruída.
Envolvida diretamente nessa atividade está a pastora da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Paula Naegele. Segundo ela, a ideia em organizar um evento contando com a participação de diversas denominações cristãs, que já mantém um forte diálogo em Bento Gonçalves, através de um grupo de Igrejas, partiu da irmã Vilma Rech, que tomou a iniciativa em contatar os responsáveis de cada igreja. “Passamos a nos encontrar, dialogamos e concordamos em iniciar a caminhada ecumênica com esta celebração. Na terça-feira, 24, realizamos o último encontro para finalizar os preparativos”, explica.
Conforme a pastora Paula, a celebração que foi preparada é cheia de simbologias e significados, em especial, sobre os principais pontos da Reforma Luterana. “Estes pilares, como nós chamamos, formam a nossa maneira de sermos luteranos hoje. São essas bases que irão nortear o momento ecumênico”, pontua. Segundo ela, o momento religioso será dividido em cinco pontos, espalhados pela Praça Vico Barbieri, onde pastores, padres, religiosos e toda a comunidade caminharão, recordando o momento. “Em cada parada haverá uma reflexão e pedidos de intercessão por cada um desses motivos, lembrando nosso compromisso pós-Reforma. Os cinco pilares estão baseados na crença em Jesus Cristo, na fé nas escrituras, a graça e a glória de Deus”, explica.
Questionada sobre a importância do momento, Paula garante que o evento é o reinício da caminhada ecumênica em Bento Gonçalves. “Daremos nosso testemunho público de unidade e respeito, onde nos comprometeremos com o próximo, com a criação de Deus da qual fazemos parte”, enfatiza.
Para o pastor da Igreja Metodista de Bento Gonçalves, Márcio Gomes, o evento é um grande marco para a sociedade, “pois irá reforçar o propósito de falar em unidade que promove a paz, principalmente entre as mais diversas confessionalidades cristãs. Esse é um belo caminho que está apenas começando e quem sabe gerará frutos para a nossa região”, afirma.
Conforme a organização do evento, em caso de mau tempo, a celebração será realizada na Igreja Santo Antônio, no Centro.
Avanços entre as igrejas
De acordo com Gomes, o diálogo não deveria ser uma opção nos dias atuais, e sim uma oportunidade única para gerar aproximação entre as diferenças “na tentativa de melhorar o convívio social, político, etc”, garante. Conforme Gomes, “sempre que essas aproximações acontecem o que é priorizado são as “diferenças” enquanto o que deveria ser exaltado é o que existe de comum em cada grupo religioso que nos faz confessar uma Fé Cristã”, pontua.
Grupo ecumênico
Um dos frutos da celebração, segundo Paula, foi a criação de um grupo ecumênico que deverá manter encontros periódicos, para discutir as ações e celebrações para o ano que vem. “O grupo tem se mostrado ativo e comprometido com esta caminhada. Certamente ouviremos muito a este respeito na cidade”, garante. “Queremos que o ecumenismo seja real e ativo, em palavras e ações”, enfatiza.