Nova alíquota divulgada pelo governo Estadual passa a valer segunda-feira; valor deve alterar o preço nas bombas
O preço médio da gasolina, nos postos de Bento Gonçalves deve sofrer novo aumento com o reajuste de pauta dos combustíveis, divulgado pelo governo Estadual. A partir de segunda-feira, 1 de outubro, o valor de base do cálculo para a gasolina comum será elevado de R$4,69 para R$4,88. Em cima desse valor é aplicada a taxa de impostos de 30%, referentes ao ICMS do Rio Grande do Sul.
Embora não seja possível prognosticar o índice real do reajuste nas bombas, a tendência, conforme explica o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis (Sindipetro) da Serra Gaúcha, Eduardo Martins, é de que os postos tenham que repassar essa diferença de custo ao consumidor.
Em setembro, o preço médio do litro fechou em R$ 4,95 nos postos do município. Dessa forma, a alta acumulada ao longo do ano chegou a 12,75 % – em janeiro, o valor girava em torno de R$ 4,39, conforme pesquisa divulgada pelo Procon de Bento Gonçalves. Resultado de fatores como a variação do dólar e o aumento das cargas tributárias, as alterações no preço acabam por afetar diretamente o faturamento dos proprietários dos postos de gasolina, bem como a comunidade em geral.
Se os números não são nada animadores, Martins tem uma previsão que pode, ao menos, tranquilizar em parte a comunidade e os proprietários dos postos. Embora frise que se trata de mera especulação, acredita que a partir das eleições e com a economia melhorando, a variação do dólar, bem como dos preços de venda do petróleo tendem a deixar de oscilar, o que deve estabilizar o valor de revenda.
O impacto no bolso do consumidor
Segundo Carlos Coutinho, proprietário do Posto Zambon, o cenário nunca foi tão negativo para o setor. “Desde 2008, quando iniciei meu negócio, o número de concorrentes na cidade dobrou, e o lucro bruto sobre a compra e venda do litro de gasolina caiu quase pela metade”, conta. Coutinho explica ainda que, com a elevação constante dos impostos, o mês de agosto fechou com uma queda de 15% nas vendas de combustível.
Em corroboração com esse discurso, Martins atenta para outro problema comum aos proprietários de postos de combustível: as vendas realizadas com cartão de crédito. “Só no mês de agosto, o valor da gasolina subiu mais de 10%. Esse aumento, ao contrário do que o consumidor imagina, é muito ruim para os revendedores. O valor do litro de gasolina que foi vendido no cartão de crédito é recebido apenas 30 dias depois. Ou seja, no último mês, a cada litro vendido, os postos receberam apenas o equivalente a 900 ml da gasolina”, explica.
É por não poder prever essas oscilações que os postos muitas vezes precisam contar com um alto capital de giro ou buscar isso a juro, o que a constante sequência de variações que iniciou no último ano acaba por tornar impraticável.
Martins destaca ainda que o Rio Grande do Sul é o estado com a menor média de volume de combustível por posto. “Há um número muito grande de revendedores se compararmos com o da frota de carros e também de habitantes. O resultado é que os postos acabam tendo um volume médio de 140 mil litros, quando contam com uma estrutura de despesa montada para vender o dobro dessa quantidade”, salienta.
O prejuízo dos postos de gasolina
Mas não são apenas os proprietários dos postos que sofrem com as variações do preço dos combustíveis, o povo também é prejudicado. De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o consumo de combustível vem caindo desde 2016.
No entanto, enquanto algumas pessoas conseguem apelar para alternativas mais econômicas como diminuir o uso do carro nos fins de semana, trocar o veículo por uma moto, ou utilizar mais o transporte público, o peso é ainda maior para aqueles que dependem do veículo para o trabalho.
Esse é o caso do vendedor Endrigo Gehlen, que comenta que é preciso “fazer malabarismo” para equilibrar o orçamento doméstico. “Faço a mesma quilometragem de sempre e, desde o ano passado, meus gastos com gasolina quase duplicaram. Como dependo do veículo, não tenho como economizar em combustível, mas esse dinheiro, infelizmente, precisa sempre ser descontado em outra ponta: sair menos, deixar de comer fora”, lamenta.