Combinando uma carreira sólida e uma dedicação intensa ao serviço comunitário, a presidente se destaca pela resiliência após uma perda pessoal significativa, e seu compromisso com o fortalecimento do clube e da comunidade local
Raquel de Paula Vieira, atual presidente do Rotary Club Bento Gonçalves, traz consigo uma trajetória marcada pela dedicação e resiliência. Aos 55 anos, a goiana, mãe de dois e avó de um neto, carrega no coração a dor da perda de um filho, mas também a força para continuar sua jornada. “Perdi um filho recentemente, em 2021, e isso é uma das maiores dores que carrego no peito, mas, apesar desse desafio, continuo viva, trabalhando, me desenvolvendo e seguindo a vida como deve ser”, compartilha.
Formada em Administração de Empresas pela PUC e com especialização em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Raquel construiu sua carreira na área de telecomunicações, onde trabalhou por grande parte da sua vida. “Durante muito tempo trabelhei profissionalmente na área, e quando cheguei a Bento, em 2011, migrei para o setor imobiliário, onde pretendo continuar. Gosto muito da minha profissão e do que faço”, revela.
Um chamado ao serviço
O envolvimento de Raquel com o Rotary começou pouco tempo após sua chegada a Bento Gonçalves. “Não conhecia praticamente ninguém quando cheguei aqui, e fui convidada para uma reunião. Lá, encontrei pessoas cultas, inteligentes e com um nível social bacana. Decidi frequentar por minha espontaneidade”, relembra. Em 2013, após um ano de participação, foi oficialmente convidada a se juntar ao clube. Desde então, Raquel tem sido uma presença ativa, ocupando diversos cargos de liderança.
Para ela, o Rotary é muito mais do que um clube, é uma missão. “A missão do Rotary é ajudar pessoas. Nós nos dedicamos ao meio ambiente, à saúde, à educação, e isso, em qualquer lugar do mundo, é muito importante. Considero a possibilidade de me doar para ajudar as pessoas uma forma de dizer: Bento Gonçalves, muito obrigada por me aceitar aqui”, diz.
A atuação do Rotary em Bento Gonçalves
O Rotary Club de Bento Gonçalves foi oficialmente fundado em 26 de novembro de 1949, marcando o início de uma trajetória importante na cidade. Naquele ano, o clube recebeu sua carta constitutiva quando o Distrito rotário ao qual pertencia era o 72, que abrangia 23 clubes. O Brasil contava com apenas sete distritos rotários.
As primeiras discussões para a criação do clube no município começaram em 1940, sob a liderança do então governador Antôio Jacob Renner, que identificou a cidade como um centro populoso e desenvolvido, merecedor de uma unidade do clube. No entanto, sua fundação enfrentou desafios significativos.
O grande responsável pela criação do grupo que mais tarde se tornaria o Rotary Club de Bento Gonçalves foi Saul Sperry Cezar, rotariano natural de Passo Fundo. Cezar, junto com outros empresários locais, ajudou a consolidar um grupo de 26 membros fundadores, que foram reconhecidos como líderes comunitários e formaram um núcleo homogêneo e forte. Esses pioneiros são hoje parte da história do Rotary Club de Bento Gonçalves, uma entidade que nasceu de um esforço coletivo e que continua contribuindo para o desenvolvimento da cidade.
O lema deste ano é “A magia do Rotary”, Raquel conta o porquê do tema. “Na República Dominicana uma criança, ao ver alguém fazendo um tratamento de água pediu para que ela fizesse a magia de novo. E hoje, essa senhora é presidente do Rotary Internacional”, explica, referindo-se a Stephanie Urchick.
Raquel também destaca a importância de cultivar novas gerações para que o trabalho continue. “O que é importante no Rotary é fazer com que outras pessoas se interessem por nossas ações. Além de fazer o bem, construímos amizades sólidas, que tendem a durar para o resto da vida”, explica.
Projetos significativos
Apesar da relevância dos projetos desenvolvidos pelo Rotary, Raquel observa que muitas vezes a atuação do clube não recebe a devida visibilidade. “Nós temos propostas muito significativas, mas pouco é feito em termos de imagem pública. Neste ano, como presidente, vou trabalhar melhor essa questão”, afirma.
Além de presidir o Rotary Bento Gonçalves, Raquel também desempenha a função de Governadora Assistente no clube. “Quando aceitei o convite, sabia que se tratava de uma posição de grande responsabilidade e importância dentro da estrutura do Rotary Internacional”, afirma.
Atuando como elo vital entre a Governadora do Distrito, Ana Cristina Baggio, e os clubes rotários da região, ela se dedica a facilitar a comunicação, promover metas distritais e monitorar o progresso dos clubes. “Busco ser um exemplo de integridade, competência e dedicação, inspirando outros a seguirem o lema já utilizado, “dar de si, antes de pensar em si’”, compartilha. Para ela, a experiência tem sido extremamente gratificante, fortalecendo a rede do Rotary em Bento Gonçalves.
Projetos significativos
Entre os projetos de destaque, Raquel menciona a criação da Apae, cuja implantação em Bento Gonçalves foi desenvolvida pelo Rotary e o projeto “Ver Melhor”, que visa a prevenção e tratamento de doenças oftalmológicas em escolas públicas, identificando problemas de visão em crianças e encaminhando-as para atendimento especializado. “Em Bento Gonçalves, não havia oftalmologista pelo SUS, então conseguimos adquirir todos os equipamentos necessários e disponibilizamos em comodato para a prefeitura, o que permitiu zerar a fila de espera”, conta Raquel.
Outro projeto de grande impacto é o banco de aleitamento materno, que funciona dentro do Hospital Tacchini e atende não só Bento Gonçalves, mas também cerca de 40 municípios próximos. “Foi um projeto desenvolvido pelo Rotary Club Bento Gonçalves, e ele é vital para muitas crianças recém-nascidas”, destaca.
Desafios e Metas para o Futuro
Raquel reconhece que há desafios a serem enfrentados, mas também muitas metas a serem alcançadas. “Estamos definindo os projetos para este ano, mas um dos nossos objetivos é dobrar o número de participantes do Rotary. É uma meta ousada, mas fundamental para continuarmos nosso trabalho”, explica.
Além disso, há um forte compromisso com a Fundação Rotária, que financia diversos projetos locais e internacionais, como o banco de aleitamento materno, que recebeu apoio de um clube do Uruguai.
A erradicação da poliomielite é outra prioridade global do Rotary. “É uma bandeira muito forte, e pretendemos trabalhar com a Prefeitura para sensibilizar os pais sobre a importância de vacinar as crianças”, revela Raquel.
Uma visão sobre Bento Gonçalves
Como residente do município desde 2011, Raquel tem uma visão muito positiva da cidade. “Admiro as pessoas de Bento, são unidas, trabalhadoras e muito íntegras. É nítido como a cidade potencializa as pessoas que são boas naquilo que fazem e também como pessoas, assim como cria um certo bloqueio em relação aquelas que não têm intenções positivas”, analisa.
Raquel destaca a segurança como um dos aspectos que mais aprecia em Bento Gonçalves, comparando-a favoravelmente com Brasília, sua cidade natal. “Aqui me sinto segura, como se morasse em um condomínio fechado. A saúde funciona bem, e só quem vem de outro estado sabe valorizar o que existe aqui”, diz.
Por outro lado, Raquel identifica áreas que ainda precisam de melhorias, como o trânsito. “Como uma cidade que recebe muitos turistas, é fundamental conscientizar a população sobre o respeito às faixas de pedestre. Ficaria muito feliz de ver essa cultura se solidificar aqui”, sugere.
A assistência social em Bento Gonçalves
A atuação na área social é um dos pilares do trabalho do Rotary, e Raquel avalia positivamente os esforços do município nessa área. “Acho admirável o trabalho feito aqui. Compartilhamos alguns projetos com a prefeitura ao longo desses anos, e as indicações muitas vezes vêm deles”, comenta.
Ela enfatiza a importância da colaboração com o poder público. “As ações sociais precisam ser direcionadas e coordenadas, e essa parceria é essencial para alcançar bons resultados”, afirma.
O Rotary em evolução: renovação e compromisso
Raquel também reflete sobre a revitalização dentro do Rotary, destacando que a participação ativa é crucial. “Ser rotariano vai além de participar de jantares. É necessário estar presente nas reuniões, congressos e seminários. Aqueles que não se envolvem acabam se desligando naturalmente”, observa.
Quanto ao futuro, Rachel está determinada a expandir as atividades do Rotary em Bento Gonçalves. “Estamos apenas no início do nosso ano rotário, mas já estamos avaliando a expansão do banco de aleitamento materno, entre outros projetos”, conta.
Raquel salienta sobre as reuniões. “Elas acontecem no hotel Dall’Onder, às terças-feiras, no horário das 19h30min, e são sempre uma oportunidade de discutir novas ideias e fortalecer o nosso compromisso com a comunidade”, ressalta.