Imagens divulgadas em redes sociais e encaminhadas ao Jornal Semanário têm gerado questionamentos sobre possíveis falhas na nova ponte que liga os municípios de Bento Gonçalves e Cotiporã. De acordo com denúncias de um leitor, a estrutura da ponte estaria apresentando problemas que, segundo ele, podem comprometer a segurança do local.

O denunciante, que preferiu permanecer anônimo, alegou que a fixação das longarinas nos pilares foi feita de maneira inadequada, utilizando parabol. “Fixaram as longarinas nos pilares com parabol, inacreditável! Não colocaram o ferro negativo em cima da malha, por isso que vergou as longarinas, imagina passando 60 toneladas. Poderá ser interditada por deficiência estrutural antes de ser inaugurada por oferecer risco de desabamento”, afirma.

Esclarecimentos Técnicos

Em resposta aos questionamentos, a assessoria do Projeto Pontes do Sul, responsável pela construção da nova estrutura, divulgou uma nota técnica, esclarecendo os pontos levantados. O engenheiro responsável pela obra, Jeferson Dal Bello, afirmou que a ponte foi projetada para suportar até 45 toneladas, e não 60 toneladas, como mencionado na denúncia. Ele reforçou que a estrutura tem sido fiscalizada tanto pela Defesa Civil quanto pelo município de Cotiporã, e os movimentos observados na obra estão dentro das normas técnicas.

Dal Bello explicou que a ponte utiliza um sistema de viga mista biapoiada, onde o aço e o concreto trabalham de forma conjunta. Segundo o engenheiro, os movimentos observados durante o lançamento do concreto são esperados, devido a fatores como retração do concreto e variações nas seções de aço. Ele destacou que, após o período de cura de 14 a 21 dias, a estrutura se estabiliza.

Travas Laterais e Segurança

Em relação às travas laterais fixadas nos pilares e vigas da ponte, Dal Bello explicou que elas foram instaladas para conter movimentos durante o processo de construção, especialmente em caso de cheia do rio. Após a conclusão da concretagem, essas travas continuarão a funcionar como mecanismos de segurança. Cada seção da ponte conta com 18 barras de aço reforçadas, o que garante a estabilidade lateral da estrutura.

O engenheiro também fez questão de esclarecer que as deformações observadas nos perfis de borda da ponte não afetam sua resistência, pois essa área não carrega a principal carga estrutural, que é assumida pelo concreto armado.

Embora as denúncias sobre falhas estruturais na nova ponte entre Bento Gonçalves e Cotiporã tenham gerado preocupações, os responsáveis pela obra garantem que a estrutura está dentro das normas técnicas e não apresenta riscos à segurança.

Detalhes da Obra

A obra da nova ponte, orçada em R$ 5,5 milhões com recursos federais da Defesa Civil e um aditivo de aproximadamente R$ 980 mil, totaliza cerca de R$ 5,7 milhões, divididos entre os municípios de Bento Gonçalves e Cotiporã. Embora as críticas surgiram durante a fase final da construção, ainda não há uma data definida para a inauguração da ponte.

A execução do projeto é responsabilidade do Projeto Pontes do Sul, coordenado pelas empresas JB Engenharia e Alsus Infra.

Confira a nota oficial

Gostaria de esclarecer, inicialmente, que a ponte foi projetada para suportar até 45 toneladas, e não 60 toneladas, como mencionado.

O projeto foi aprovado pela Defesa Civil e pelo Município de Cotiporã, sendo devidamente fiscalizado e monitorado por ambos os órgãos. A estrutura da ponte é uma viga mista biapoiada, em que as longarinas principais trabalham no esforço de tração, enquanto o tabuleiro de concreto armado opera na compressão.

O maior movimento da estrutura ocorre durante o lançamento do concreto (ocorrido ontem), podendo variar dependendo das condições mecânicas do aço e dos apoios. As seções de aço soldadas podem apresentar pequenas variações no alongamento, o que pode influenciar no movimento.

Durante o processo de cura do concreto, ele perde água e sofre retração. Como resultado, o movimento observado durante o lançamento diminui, estabilizando-se em uma variação menor. Vale ressaltar que a estrutura continuará em movimento até a cura total do concreto.

Após o período de cura, que pode variar de 14 a 21 dias, a estrutura se torna solidária (aço e concreto), consolidando-se e entrando na fase permanente de sua construção.

Quanto aos perfis de borda, onde é observada variação, sua função é exclusivamente de forma para a laje em balanço lateral, não possuindo qualquer função estrutural. As deformações observadas nesses perfis não afetam a resistência da ponte, pois, nesta área, a principal carga estrutural é assumida pelo concreto armado.

As travas fixadas nas laterais das vigas e dos pilares foram colocadas para conter o movimento lateral numa possível cheia do rio durante o processo construtivo, antes da concretagem. Agora, após concluída essa etapa , essas chapas continuarão funcionando como travas de deslocamento. Cada trava conta com, no mínimo, 3 barras de aço com 28 mm de diâmetro fixadas com chumbador químico especial para essas condições. Ao total, cada seção de ponte conta com 18 barras de aço no travamento do deslocamento lateral.

O movimento observado está dentro das normas, sem apresentar risco.

Eng. Jeferson Dal Bello

Fotos: Isaac Merlo (gerais da ponte)
Foto da denúncia: Redes Sociais