Uma das principais referências do bairro Juventude é o Campus Bento Gonçalves do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), também conhecido como antigo Colégio de Viticultura e Enologia, criado pela Lei n°3.644, em 22 de outubro de 1959, portanto, há mais de seis décadas no mesmo local.

O diretor, Rodrigo Otávio Câmara Monteiro, aponta que a história do bairro se confunde com a da unidade. “O próprio nome, Juventude da Enologia, traz a forte relação e identificação com a criação e o desenrolar das atividades da nossa instituição”, afirma.

Diretor da instituição, Rodrigo Otávio Câmara Monteiro, afirma que unidade forma cerca de 320 mil profissionais

Com mais de 320 mil alunos, o IFRS de Bento é uma instituição federal de ensino público e gratuito. Monteiro destaca que ela “tem importante contribuição e protagonismo no desenvolvimento socioeconômico da região, a partir da educação pública e de excelência, articulando de forma inequívoca, o ensino, a pesquisa/inovação e a extensão”, pontua.

Além disso, acrescenta que a instituição permite aos estudantes uma formação integral, que ajuda a enfrentar e superar as desigualdades sociais, econômicas, culturais e ambientais, em consonância com as potencialidades e as vocações regionais”, frisa.

Para a Capital Nacional do Vinho e região, contar com a existência da instituição é um privilégio, como define o diretor. “Por representar um ganho importante na qualificação e na formação dos futuros profissionais que atuarão no entorno a partir da oferta de uma educação profissional, científica e tecnológica”, salienta.

Os desafios de educar na pandemia

Mesmo diante de um cenário de pandemia do coronavírus, onde a educação foi diretamente afetada, a instituição não parou. “Nosso Campus desenvolveu ano passado, mesmo em condições atípicas, seis projetos de ensino, 24 de pesquisa/inovação e 19 de extensão. Boa parte em parcerias com Instituições da Região e algumas ações foram de enfrentamento à Covid-19”, destaca.

Ainda assim, os desafios impostos não foram poucos. Monteiro explica que na estrutura organizacional da instituição, a administração do IFRS tem como órgão máximo deliberativo o Conselho Superior, sendo composto por representantes dos docentes, estudantes, servidores técnico-administrativos e diretores-gerais de todos os Campi, além de egressos da instituição, sociedade civil e do Ministério da Educação”, aponta.

Esses integrantes, após um período de debates e discussões, acreditaram que a melhor alternativa no momento era a oferta de atividades pedagógicas não presenciais. Contudo, nenhum aluno ficou desassistido. “Para atender os estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica foram disponibilizados dispositivos eletrônicos com planos de internet associados”, destaca.

Menos investimento

Educação é uma atividade especial e singular. Assim acredita o diretor. Além disso, ele aponta que o exercício da profissão demanda muita dedicação e entrega. “Requer um quadro de profissionais qualificados, estruturas e equipamentos compatíveis e, portanto, investimentos suficientemente adequados para o cumprimento da importante missão”, defende.

Contudo, para isso, a instituição vem sofrendo com uma dificuldade: a queda significativa no faturamento disponibilizada para a unidade. “Para exemplificar, o orçamento previsto para o ano de 2021 é de cerca de 20% menos que o ano anterior”, revela.

Os cortes, de acordo com Monteiro, crescem anualmente. Para esse ano, o recurso para investimento é zero. “Teremos apenas recurso para a manutenção das atividades e com sérias restrições. E é angustiante ver essa situação porque o nosso campus chega a pessoas e a locais que outras instituições de ensino não chegam”, lamenta.

Infraestrutura

O Campus de Bento dispõe de uma área de 843.639 m², dividida entre a sede e a Estação Experimental Tuiuty, que fica a 12 km da unidade central. É lá no interior que acontece a parte de produção animal de aves, caprinos, suínos, coelhos e bovinos. Além de fruticultura, vinhedos e lavouras de culturas anuais.

Mesmo diante da pandemia do coronavírus, unidade desenvolveu inúmeros projetos educacionais

Para atender a grande demanda de alunos que circulam pela unidade, além daqueles que estudam de forma remota, com a chamada Educação a Distância (EaD), o educandário conta com 94 servidores técnico-administrativos em educação, 118 docentes efetivos, 17 professores substitutos e três estagiários, totalizando 232 pessoas.

Mais atenção para a segurança do bairro

Quando o assunto é o Juventude, o diretor destaca como pontos positivos de morar naquela região, justamente a proximidade com o IFRS e com outros serviços encontrados por naquela área. “Diferentes redes de supermercados, comércio em geral e com o centro da cidade”, pontua.

Entretanto, quando questionado o que ainda pode melhorar, Monteiro afirma que a questão da proteção das pessoas. “É um bairro que necessita de um maior cuidado na segurança pública, especialmente nos arredores da nossa instituição”, conclui.