Mover doze músculos faciais para sorrirmos, ou vinte e quatro, se gargalharmos, ou ainda oitenta e quatro, se rirmos e conversarmos (espero que minha fonte esteja correta) é um ônus muito baixo pelo bem que proporciona. Na verdade, ônus nenhum. Só traz bônus. O sorriso alivia o estresse, reduz a pressão arterial, dá um “up” no humor, regula a autoestima, rejuvenesce, é um convite para a alegria, tão importante para a manutenção da sanidade mental nos dias de hoje.
Não é por nada que existe a terapia do riso. Isso me reporta a uma noite longínqua, “mil” anos atrás (a Convid19 alterou nossa percepção de tempo), quando, não conseguindo dormir, levantei e fui ver televisão. Naquele momento, num certo canal, líderes de um tipo de religião ou filosofia estavam fazendo uma prática ao vivo, num espaço grande e lotado. Algumas pessoas começavam a rir discretamente. Outras se olhavam meio desconcertadas. Aos poucos, foram cedendo àquela energia e o sorriso virou riso e depois, gargalhada. O ambiente, antes silencioso, ganhou tal sonoridade que reverberou nas paredes em forma de eco. Quando dei por mim, eu chorava de tanto rir. Devo ter dormido tranquila no resto da noite.
Rir é um salvo conduto que autoriza o cérebro a liberar os hormônios do prazer: a dopamina, a serotonina, a endorfina e a gasolina… Opa! Gasolina, não! Se bem que, estando com o tanque do veículo cheio, a gente sente uma felicidade imensa. Enfim, o sorriso funciona como um antidepressivo natural que faz bem da cabeça aos pés. É verdade que nem sempre a cuca obedece. Às vezes, é preciso um empurrão, tipo uma “liminar” dada pelo doutor, para que a química funcione de acordo com a constituição física, aprovada pelas leis da natureza e referendada pelo estilo de vida de cada um.
O exercício do (sor)riso é também um estimulante para nosso sistema imune, cujas estruturas devem garantir proteção ao corpo contra invasores. Os “soldadinhos” que estão no front precisam de um líder positivo que lhes promova motivação para a batalha, caso contrário o desempenho deles enfraquece, podendo significar a rendição das tropas ao inimigo.
Mas nem sempre o sorriso é branco e franco. Ele pode ganhar tonalidades outras conforme as cores do dia da gente. Hoje, por exemplo, o outono se vestiu de palidez até a alma. Enfim, é melhor um sorriso amarelo do que nenhum sorriso. Ou não?!