Douglas Ramos, Bruno de Almeida, Diego Oliveira e Andryo Fracalossi estão se preparando para viajar na semana seguinte
Um dos principais campeonatos mundiais de jiu-jitsu está se aproximando: o World Professional Jiu-Jitsu Championship. Tendo como palco a capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi, a competição ocorrerá entre os dias 13 e 19 de novembro. Apesar da distância de mais de 12 mil quilômetros, quatro bento-gonçalvenses aceitaram o desafio de voar por horas sobre o oceano e enfrentar os melhores do mundo no esporte para trazer o título de campeão para casa, para a Capital Nacional do Vinho.
Do outro lado do mundo
Diretamente da academia Garra Team, Andryo Fracalossi, Bruno Almeida, Diego Oliveira e Douglas Ramos irão representar a cidade em combates contra outros lutadores de diversos países, como Colômbia, Rússia, Itália, Peru, Estados Unidos e afins. Neste momento, eles estão intensificando os treinos para melhorarem seu preparo diante dos adversários que tem pela frente. Até o momento, mais de 640 profissionais já confirmaram suas participações.
Além das lutas no campeonato, que representam o desafio maior em toda a viagem, a própria travessia para um local tão afastado do Brasil também tem suas dificuldades. “A gente viaja agora dia 7 de novembro, para fazer uma adaptação por causa do jet lag (distúrbio temporário do sono), pois são mais de 15 horas de voo. Isso atrapalha bastante o físico do atleta, por conta da retenção de líquido e ter que ficar sentado, portanto, afeta muito o desempenho se não for agregado um trabalho de desintoxicação ao chegar lá”, comenta Ramos.
Representando Bento
Ramos treina jiu-jitsu há quase 15 anos e, assim como seu colega de academia e aluno, Androy Fracalossi, irá para Abu Dhabi pela segunda vez. Em outra ocasião, ele foi campeão mundial pela faixa marrom. Agora, lutando pela preta, de maior nível, ele busca o título inédito para a cidade. Já Fracalossi, de apenas 16 anos, define que a maturidade e experiência que recebeu na última edição o ajudará a alcançar o ponto mais alto do pódio desta vez.
Os outros dois representantes de Bento Gonçalves, Almeida e Oliveira, irão para os Emirados Árabes pela primeira vez. Apesar da novidade, o auxílio dos companheiros, que já estiveram por lá, traz uma orientação mais coordenada. “Estamos trabalhando firme. [A competição] não está sendo levada como um campeonato, mas sim como um trabalho. Foi estudada, feita uma preparação, uma periodização, tanto no treinamento físico quanto mental, técnico e tático”, explica.
Ajuda nos custos
Atualmente, uma passagem aérea de ida e volta para Abu Dhabi custa, em média, R$ 10 mil. O gasto por si só já seria elevado para os atletas de Bento, que ainda precisam lidar com estadia e demais custos pela viagem. Por conta disso, a Garra Team está ajudando os alunos com a venda de camisetas. Cada um deles está comercializando uma de modelo diferente e limitada, no valor de R$ 50.
O professor Ramos justifica que a vestimenta é o item mais viável na hora de ser vendido para os simpatizantes, amigos e apoiadores daqueles que estarão no mundial. “A camiseta foi toda pensada para que as pessoas pudessem usar no seu momento de lazer. É confortável, de material bom e feita um com desenho que gostássemos, na qual nós mesmos pudéssemos usá-las na hora de sair com amigos”, detalha.
Douglas Ramos, 27 anos
Faixa preta, profissional, até 62 kg
“Está sendo um sonho realizado poder participar mais uma vez. É muito difícil, pois o nível é muito alto. O consumo energético, estresse fisiológico e gasto geral de chegar até lá é muito caro. Se a gente quer chegar onde ninguém chegou, nós temos que fazer o que ninguém faz. É muito difícil, tem que pagar o preço para estar ali e estamos pagando. Todos os atletas estão. Em 14 anos eu nunca vi a gente ter tanta chance real de medalha como temos hoje. Esses três atletas que estou levando têm um futuro brilhante no esporte. De lá sairão muitas vitórias e pode ter certeza que sairemos de lá com medalha”.
Andryo Fracalossi, 16 anos
Faixa azul, juvenil, até 60 kg
“Treino desde os meus 10 anos e a expectativa é sempre a maior possível. Nunca tive o objetivo de me tornar um atleta, mas fui percebendo que a minha dedicação e vontade de vencer começou a se tornar algo muito prazeroso. Por isso que, atualmente, continuo lutando e competindo sempre que me surgem as oportunidades. Essa segunda ida à Abu Dhabi não foi diferente e abracei com força o projeto da Garra Team e do Douglas, que sabe da minha preparação. A principal diferença do eu do passado para o hoje com certeza é a maturidade, tanto física quanto mental, me sinto muito mais forte e preparado”.
Diego Oliveira, 18 anos
Faixa azul, profissional, até 62 kg
“Pratico jiu-jitsu desde os meus sete anos de idade e desde pequeno sempre tive que provar para as pessoas que eu queria muito aquilo, que tinha sede por vitória. Hoje em dia não é diferente, e em tudo sigo dando o meu melhor, em todos os treinos, sempre querendo evoluir. Meu objetivo lá é fazer tudo o que estou fazendo aqui: Dar o meu melhor. Com Deus comigo enfrento qualquer desafio”.
Bruno de Almeida, 32 anos
Faixa azul, master, até 77 kg
“Faz três anos que comecei no jiu-jitsu e sempre competi, desde a faixa branca até a azul, onde estou hoje. Trabalho, tenho um filho e treino a noite. Não vivo do jiu-jitsu como meus colegas que irão comigo, mas estou sempre junto, ajudando-os nos treinos. Estou muito contente de poder representar a nossa cidade. Principalmente em um evento que você vai encontrar pessoas do mundo inteiro, que vão lá com o mesmo objetivo: ser campeão. Nós estamos treinando forte pra chegar bem lá. Estou trabalhando a cabeça também para chegar lá bem tranquilo e fazer o que gosto, que é lutar jiu-jitsu. Com certeza vamos dar nosso melhor”.
Fotos: Divulgação