Perder alguém é sempre motivo de tristeza. Familiares, amigos e conhecidos, todos se solidarizam com a partida de um ente querido, seja lá por qual motivo for. Mas quando quem perde é a coletividade, o peso é ainda mais significativo e a repercussão é maior.

E o reconhecimento de todos se faz necessário.

A passagem de Darcy Loss Luzzatto, na madrugada de segunda-feira, com certeza deixa uma grande lacuna não só para quem tem ligação com a cultura como um todo, mas especialmente para os de origem vêneta, assim como ele.

Ao que parece, nos dias atuais, o que foi “plantado” pelos antepassados passou a ter mais valor. O que antes era motivo de vergonha em certas ocasiões, agora passou a ser motivo de orgulho. E tudo isso graças a pessoas como Darcy Loss Luzzatto que incansavelmente, lutaram pelo reconhecimento daquilo que foi trazido pelos italianos de além mar.

Mesmo assim, é importante que se diga que muitos jovens nem sabem o que é o Talian, de onde veio, para onde vai.

Estes se interessam, sim, por outras línguas e culturas, como o inglês, o espanhol, o francês, o alemão, o mandarin, e até o próprio italiano gramatical, mas sequer se interessam e compreendem o que seus avós e pais falam em casa enquanto preparam a polenta do meio-dia ou esmagam a uva que vai virar vinho. A manutenção da cultura, da tradição e dos costumes, seja lá de onde se vier, é essencial para todas as gerações.

Afinal, contar uma história, resgatar valores, seja em palavras, seja através de imagens, de provérbios, de vestimentas, da culinária ou da música, faz com que nos sintamos parte integrante de um determinado grupo, com imensurável valor, e com um legado que não pode ser ignorado por ninguém, como o que foi deixado pelo professor e escritor Luzzatto.

Mais pessoas abnegadas e voluntariosas deveriam existir em todos os tipos de sociedade, como forma de preservação e para contar a história dos nossos antepassados, não deixando morrer, na passagem do tempo, usos e costumes, coisas da nossa tradição e que fazem parte do nosso viver.

Abrir e ler o livro “Almanaque Talian” é ilustrar e enriquecer a mente, ampliar o conhecimento e a bagagem cultural.

Obrigado, Mestre!