Com um movimento iniciado em 2011, que solicitava o asfaltamento de 61 quilômetros de estradas de chão, ligando Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, até Ilópolis, no Vale do Taquari, prefeitos e entidades comemoraram a inclusão do projeto “Pelos Caminhos do Pão e do Vinho” no orçamento federal do ano que vem. A obra, estimada em R$ 79 milhões vai integrar 10 municípios e seus mais de 166 mil habitantes, que juntos geram um Produto Interno Bruto (PIB) superior a R$ 6 bilhões, além de beneficiar o turismo e o escoamento da produção. Líderes políticos e de entidades ligadas ao turismo destacam a decisão e projetam o início das obras para ano que vem.
De acordo com as lideranças que estiveram em Brasília pressionando os parlamentares, durante a sessão para a escolha das obras prioritárias do Rio Grande do Sul, por meio do Orçamento Impositivo do Governo Federal, o projeto ficou entre os 17 selecionados, alcançando a nona colocação. De acordo com o deputado Estadual Edson Brum (PMDB), que acompanhou a comitiva na capital federal, a obra vai fortalecer o turismo nas duas regiões, bem como, o potencial da produção. “Estaremos ligados de forma mais obra ligará o Vale do Taquari com a Serra, especialmente ao Vale do Vinhedos, que recebe mais de um milhão de turistas por ano, além disso, encurta caminho das indústrias para mandar seus produtos para outras regiões do RS e para o Mercosul”, explica.
Em agosto, líderes políticos, empresariais e do setor de turismo estiveram em Brasília para apresentar o projeto e entregar uma carta pedindo a inserção da obra no orçamento impositivo a deputados federais e senadores da bancada gaúcha. Conforme o presidente da Associação de Turismo dos Municípios do Vale do Taquari (Amturvales), Rafael Fontana, a conquista é reflexo do trabalho de mobilização dos últimos anos. “Avançamos nesse projeto em função da união dos municípios envolvidos, especialmente no esforço que os prefeitos dedicaram junto aos nossos representantes estaduais e federais para inserir no orçamento do Governo Federal de 2018, recursos para essa demanda”, revela. A perspectiva, segundo Fontana, é de que os parlamentares continuem pressionando o Governo Federal, para que as verbas sejam disponibilizadas ainda no próximo ano. “Haverá muito trabalho e dedicação. Estivemos também no Ministério do Turismo, para apresentar ao ministro e expor o conjunto de impactos para o desenvolvimento econômico e turístico que o projeto irá proporcionar. Será um trabalho permanente a partir de agora, pois envolve ações políticas e técnicas”, enfatiza.
Projeto poderá ser executado em partes
Em audiência no Ministério do Turismo, o ministro Marx Beltrão sinalizou a possibilidade de desmembrar o projeto e partes, como forma de obter repasses menores e mais garantidos. “Dividir o projeto em etapas é uma das hipóteses, no sentido de executar a obra passo a passo. Todo investimento tem que ter uma lógica. Não dá para iniciar da metade de um trecho”, explica o prefeito de Bento, Guilherme Pasin, que também participou do encontro.
Reforço no turismo e na economia
A obra, considerada importante para o turismo das duas regiões, é vista por Pasin, como facilitadora do escoamento da produção nos mais diversos setores da economia. “Sem sombra de dúvidas é uma vitória. Não só pelo turismo, mas, também, pela questão do desenvolvimento econômico, que vai alavancar a produção moveleira, de alimentos, além, é claro de oportunizar uma nova rota de atrações turísticas e econômica”, afirma. Conforme Pasin, o projeto, elaborado ainda em 2011, precisou se readaptar e agora caminha para a realização de uma obra importante para Bento Gonçalves e região. “Iniciativas regionais necessitam de muito envolvimento e articulação política. Há cerca de seis anos, o projeto havia entrado no orçamento, porém foi contingenciado pelo governo da então presidente Dilma. Vai ser incrível para o Vale dos Vinhedos e arredores se a obra sair do papel”, salienta.
Conforme estudos realizados pela Amturvales, mais de 1,4 milhão de turistas visitam os roteiros turísticos da Serra e dos Vales. São 418 empreendimentos espalhados pelos municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Santa Tereza, Roca Sales, Muçum, Encantado, Doutor Ricardo, Anta Gorda, Ilópolis e Vespasiano Corrêa, gerando mais de dois mil empregos. A expectativa, segundo Fontana, é de que com a ligação asfáltica sejam criados novos negócios e a duplicação no número de vagas de trabalho. “Com a obra concluída, haverá um incremento de novos negócios, ampliação de atuais e construção de novos empreendimentos, gerando muitos postos de trabalho no turismo, mas também em outros setores produtivos. Por consequência, um aumento no número de turistas e ampliação no tempo de permanência no destino”, ressalta.
Para o prefeito de Bento, com a pavimentação asfáltica, além do incremento turístico, as perdas da produção durante o transporte, causadas pelas condições das estradas de chão deverão ser minimizadas. “A questão da produção rural, vai se tornar mais confortável e prática e, consequentemente o custo da produção será barateado”, comemora.