Nas salas de aula dos 6º ao 9º anos das EMEFs Agostino Brun e Vânia Medeiros Mincarone, em Bento Gonçalves, desde o início do ano letivo, a professora de Artes, Greice De Barba Razzera, introduziu uma proposta educacional singular. Utilizando agulha, linha e uma técnica tradicionalmente associada às avós e tias, os alunos estão aprendendo a arte do crochê. Entre aprendizados e conversas, os estudantes já produziram desde quadradinhos até cachecóis e ponchos, peças características desta habilidade manual.

A iniciativa não só visa ensinar uma habilidade manual valiosa, mas também integra o projeto “Vida entre Nós”, dedicado a ajudar aqueles afetados pelas recentes enchentes na região. A preocupação da professora Greice é assegurar que essa técnica cultural não caia no esquecimento e seja transmitida de geração em geração. O crochê já se tornou parte integrante da vida escolar e comunitária, unindo os alunos em um processo que fortalece não apenas a prática artística, mas também os laços de solidariedade.

Desde o básico, como segurar a linha e a agulha, até pontos mais elaborados como baixo, alto, meio alto e baixíssimo, os alunos têm se dedicado com entusiasmo ao aprendizado. Luís Otávio Velasques, do 6º ano da EMEF Agostino Brun, compartilha sua experiência positiva: “Além de ser bom para a mente, as peças que estamos produzindo serão doadas para as pessoas afetadas pelas enchentes dentro do projeto ‘Vida entre Nós”, diz.

Julia Bertan, do 9º ano da EMEF Vânia Medeiros Mincarone, destaca a importância do crochê não apenas como arte, mas como uma forma de ajudar o próximo: “Achei muito legal porque podemos ajudar as pessoas na escola e descobri o crochê com a professora”, conta.

Para Gustavo Razia, aluno do 7º ano da mesma escola, a experiência vai além do aprendizado técnico: “É uma experiência muito legal saber que vamos ajudar os desabrigados da enchente. É emocionante poder contribuir com nosso trabalho”, explica.

Os pais também estão envolvidos e apoiando a iniciativa, mesmo aqueles inicialmente céticos. A professora Greice, com uma conexão pessoal forte com o crochê, encontrou inspiração em sua própria história familiar para trazer essa arte para os jovens. Em sua jornada acadêmica em Artes Visuais, Greice produziu esculturas em crochê e sacolas plásticas, pesquisando profundamente o artesanato e seus artistas. “Estou muito feliz em ver o entusiasmo dos alunos. No início, muitos diziam ‘minha avó faz, minha tia faz’, como se fosse algo distante. Mas eles rapidamente descobriram suas habilidades e agora trabalham em equipe, ajudando uns aos outros e criando novas peças”, comenta Greice.

A professora destaca ainda o envolvimento dos alunos do 7º ano da EMEF Agostino Brun com o tear, explorando também a cultura indígena na criação de tapetes com linhas.