Nas últimas semanas, o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) de Bento Gonçalves tem realizado diversas atividades que beneficiam os trabalhadores. Rodas de conversa e palestras aconteceram nas Unidades de Saúde dos bairros Progresso e Maria Goretti.
Para realizar essas ações, o setor possui uma equipe multidisciplinar composta por médico do trabalho, médico examinador, enfermeiro do trabalho, psicólogo, fisioterapeuta, além do técnico de segurança do trabalho.
As atividades são elaboradas referentes à saúde e segurança no trabalho, conforme identificada a necessidade nos locais e, também, através de solicitações das coordenações. A enfermeira do trabalho e coordenadora do SESMT, Jaicimara Oliveira, comunica que, em agosto, haverá novas ações. “Já temos várias palestras agendadas, grupos de apoio e rodas de conversa sobre acidentes de trabalho, prevenção e combate à princípio de incêndio, uso de EPI´s, trabalho em equipe, bem-estar no trabalho x atendimento, saúde mental no trabalho, ergonomia, melhora da postura corporal, autocuidado, dentre outros temas que possam surgir”, conta.
A Unidade de Saúde do Progresso teve como tema principal o trabalho em equipe, com debate iniciado pela psicóloga Janine Rigatti. Os assuntos abordados foram: reflexão sobre o momento atual na pós pandemia, discussões sobre trabalho em equipe e seus resultados, além da dinâmica de grupo com o objetivo de identificar aspectos do dia a dia do trabalhador, quando se trata de relacionamentos interpessoais e união.
Já na Unidade de Saúde do Maria Goretti, ocorreu uma palestra sobre acidentes de trabalho com o técnico de segurança do trabalho, Rogério Menegotto. Nela, que falou sobre o porquê acontece o acidente, como evitar e o que fazer quando acontecer.
De acordo com Jaicimara, eles podem ocorrer por vários fatores, como estresse mental, negligência, falta de atenção, trabalhadores cansados mental ou fisicamente, condições inseguras, desconhecimento dos riscos e da forma de evitá-los, problemas no local de trabalho, personalidade, gambiarra e fatores circunstanciais. “Para evitar os acidentes de trabalho, devemos incentivar a conscientização de uma cultura de prevenção, realizar divulgações das medidas preventivas, executar treinamentos de aprimoramento, utilizar epc’s, epi’s e ter organização do ambiente”, afirma.
A enfermeira ainda ressalta que, quando ocorrer um acidente, o chamado por assistência médica e prestação de socorros deve ser feito imediatamente. “Deve-se assegurar que a área esteja segura para a equipe responsável pelos atendimento possa realizar os procedimentos; afastar curiosos para facilitar o deslocamento do acidentado e das equipes de socorro. Além disso, deve ser emitida a Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT), que pode ser expedida pela empresa, por representantes legais do trabalhador ou pelo trabalhador, sendo também necessário o preenchimento da CAT pelo Médico que prestar o atendimento ao acidentado”, finaliza.
Empresa garante a segurança de seus funcionários
O engenheiro de segurança do trabalho da Cooperativa Vinícola Aurora desde 2018, Ricardo Seibert, garante a segurança dos trabalhadores no ambiente industrial e realiza na empresa diversos programas e atividades, juntamente com a equipe do SESMT, composta também por três técnicos da segurança de trabalho, duas técnicas de enfermagem e um médico. “Tenho como principal missão, resguardar o mais importante patrimônio da empresa, o funcionário. Procuro desempenhar da melhor possível a minha função, que é garantir ninguém sofra acidentes durante seu expediente e que volte para casa nas mesmas condições, ou até melhores, do que quando chegou na empresa”, comenta.
Para garantir que ele e sua equipe façam serviços de qualidade para a empresa, Seibert realiza várias atividades com o grupo, como reuniões frequentes com o SESMET e o Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO), para ocorrer alinhamento das informações e todos terem a mesma linguagem. Além de procurar sempre mantê-los atualizados referente a algum decreto ou lei relacionado à segurança. “É importante sempre trabalharmos com base nas legislações atualizadas, pois são muito voláteis e mudam muito ao longo do ano. Garantir que tudo seja feito da melhor possível”, informa.
Segundo o engenheiro, todos os novos funcionários passam por um treinamento de integração, no qual são abordados vários assuntos relacionados à segurança na empresa. “O uso correto dos EPI’s, procedimentos em situação de emergência e outras questões gerais, que são informados com intuito de mostrar que temos um ambiente seguro e para auxiliar sobre todas as normas”, diz.
Há também, na cooperativa, ações que proporcionam segurança e bem estar aos funcionários. Entre elas estão: o checklist feito em máquinas para ver o perfeito funcionamento dos dispositivos de segurança; análises em equipamentos pressurizados, como caldeiras, vasos de pressão e tubulações; treinamentos de segurança periódicos e de normas reguladoras; o comportamento seguro e conscientização dos funcionários, palestras, entre outras atividades. “Também temos programas de segurança da empresa que estão em andamento, nomeado como Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), e as inspeções preventivas que abordam vários equipamentos e condições seguras de trabalho”, fala.
Envolvido em várias iniciativas dentro da empresa, Seibert conta que a que mais tem orgulho é a instalação que fez de linhas de vida, dispositivos previamente projetados em vários pontos das unidades da Aurora, nos quais o funcionário fica ancorado em caso de queda. “Hoje, vários colaboradores realizam suas atividades acima de dois metros de altura, que é considerado trabalho em altura conforme a norma reguladora nº 35 do Ministério do Trabalho, e muitas vezes, precisam acessar equipamento ainda mais altos. Com isso, vi que não estavam trabalhando de uma forma totalmente segura, e decidi instalar linhas de vida”, conta.
Para evitar os acidentes, o engenheiro ressalta que é preciso ter duas frentes. A primeira é disseminar a cultura de segurança dentro da empresa, fazendo com que cada colaborador saiba que ela faz parte das suas atividades laborais. A segunda frente é a condição de trabalho inseguras, que devem ser corrigidas para evitar ocorrências. “Não deixar máquinas sem a devida proteção, uma escada sem um guarda corpo, uma calha ou buraco no chão sem uma grade de proteção, entre outros casos”, finaliza.
A busca pelo curso aumentou
O técnico de segurança do trabalho e professor do Senac, Clébio Luiz Jora, formou-se em 2005 na Universidade de Caxias do Sul (UCS) e em 2004, um ano antes de concluir a graduação, estagiou numa empresa de móveis. “Estou há 18 anos trabalhando com esse tema e sempre incentivando a prevenção” afirma.
Atualmente, faz assessoria e treinamento, dentro de todas as normas regulamentadoras, juntamente com outros profissionais da área devidamente habilitados. Além disso, atua como professor do Senac há três anos, ministrando disciplinas presenciais na área de Segurança do Trabalho. “Aceitei o desafio pela vontade de disseminar conhecimento relacionado a função, pelo convite da instituição e por indicação. Entendo que compartilhar informações nessa área traz benefícios que podem ser aplicados em casa e nas empresas”, revela.
Ele conta que a procura pelo curso tem aumentado significativamente em função da preocupação das empresas em melhorar o ambiente de trabalho, zelando pelo bem dos colaboradores e o atendimento legal. Após a formação, o técnico poderá atuar em regime CLT ou em assessorias, consultorias, órgãos públicos. “Atualmente há uma alta demanda nas empresas por profissionais da área”, comenta.
Segundo Jora, o mais importante como professor é “ensinar com foco na prevenção e mostrar a realidade das empresas, considerando que cada uma tem suas particularidades. O que é ensinado na aula, pode ser aplicado no dia-a-dia”.
O técnico conta que quer espalhar o conhecimento sobre a prevenção nos ambientes de trabalho e conscientizar os alunos nas responsabilidades da profissão. Ele ressalta que para seguir neste setor, é importante ser persistente, pois segurança abrange vários fatores e, muitas vezes, há mudanças de cultura. “Usar sempre o bom senso, atuar conforme a lei considerando a realidade de cada empresa e o seu segmento. Além da busca pela continua atualização, pois há mudanças na legislação a todo momento”, finaliza.
Fotos: Arquivo Pessoal