Alguns se apegam na fé, outros na família ou nas conquistas como agricultores para continuar no ramo

Neste domingo, 28, é comemorado o Dia do Agricultor. Para celebrar a data, o Jornal Semanário buscou produtores da região que foram atingidos pelas recentes enchentes, mas que não desanimaram por causa da catástrofe e estão dando a volta por cima.

O produtor de Santa Tereza, Odair Girelli, relata que seus parreirais foram praticamente todos destruídos. “Aqui o impacto foi grande, fomos atingidos por quatro deslizamentos. Nossa única forma de trabalho, que são as parreiras, ficou totalmente comprometida”, declara o agricultor.

Neste momento de perdas, Odair Girelli conta com a ajuda de vizinhos agricultores e não perdeu a fé de dias melhores. “Foi bem assustador, ficamos 40 dias fora de casa, não tinha luz nem água. Os vizinhos vieram nos ajudar a limpar o que sobrou, pois dentro de casa estava cheio de lama. Eu tinha vontade de batalhar para recomeçar tudo. Foi a fé e a família que me fizeram continuar”, enfatiza.

Já o produtor de Linha Alcântara Faria Lemos, Emerson Cimadon, relata que teve quase um hectare de vinhedo perdido, sendo que somente 0,3 de área poderá ser recuperada ainda este ano. Apesar disso, ele não desiste da vida de agricultor. “Com fé e força de vontade é possível esquecer as coisas ruins que aconteceram e se reerguer novamente. Quando aconteceu isso em maio, sempre pensei no seguinte: a família está bem, ninguém se feriu e ainda é possível reorganizar a propriedade novamente”, relata.

No momento em seguida à catástrofe, Emerson Cimadon já contou com a ajuda de vizinhos e parentes para tirar a lama que havia dentro de casa. Outras instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também auxiliaram nesse primeiro momento. “No meu caso também tive a visita do agrônomo da Cooperativa Aurora para me auxiliar nas reformas dos parreirais e tivemos auxílio da Prefeitura com maquinário para limpeza. Ainda tem muito a se fazer, mas aos poucos estamos nos organizando de novo”, frisa.

André Barella, também agricultor de Santa Tereza, fala da importância da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) logo depois dos estragos que ocorreram na propriedade de sua família. “A Emater foi bem importante nesse momento, eles se preocuparam com a restauração do solo, ajudaram com as análises de terra, correção de solo e de áreas verdes com sementes”, evidencia o produtor, que se apegou em todos esses anos de trablho e nas conquistas de sua família como agricultores para seguir em frente.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza, Cedenir Postal, faz uma retrospectiva dessa característica de persistência e luta dos agricultores da região: “Nosso colono teve muita dificuldade desde que os primeiros imigrantes chegaram aqui há 150 anos. No início era tudo mato, não tinha estrada, nem a mínima infraestrutura, e foi com muita persistência que se conseguiu construir essas cidades pujantes que temos. É louvável o trabalho de nossos antepassados e agora dia após dia é uma luta diária, superando os desafios que se apresentam, sejam do clima, dos governos, dos preços, que muitas vezes não cobrem os custos de produção”. E continua: “A catástrofe atingiu em cheio a nossa região e abalou nossos agricultores, mas a gente já está vendo todos com vontade de continuar, apesar de que nos primeiros dias o choque foi grande e muitos pensavam em desistir. No entanto, agora já estão reerguendo suas estruturas produtivas, seus parreirais, suas casas e estão abrindo novamente as estradas. Superar os desafios é característico da nossa região, dos nossos agricultores”, declara o presidente.