Enquanto preveem quebra de cerca de 30% na colheita, agricultores querem união para ampliar valor pago pelo mercado

Os produtores de pêssego de Pinto Bandeira pretendem se unir para garantir um preço maior para a fruta neste ano. A reunião deve ocorrer ao longo dessa semana e responde à possibilidade de uma quebra de cerca de 30% da safra em relação ao ano passado, além de garantir competitividade com a produção dos demais estados.
Em função da supersafra de 2016, especialistas avaliam que é comum que tenha uma colheita menor. Além disso, o frio fora de época pode ter prejudicado os pomares e contribuído para um resultado inferior ao do ano passado. O período de colheita segue até janeiro de 2018.
Para Rogério Longo, de 35 anos, que produz cerca de 450 toneladas com quatro produtores, a quebra está sendo maior do que era esperado inicialmente, podendo chegar a 40%. “Os outros estados também tiveram redução na quantidade de produção, então não aconteceu só com a gente”, comenta.
Longo ressalta que, no ano passado, os pinto-bandeirenses tiveram que esperar terminar a comercialização das frutas dos demais estados para conseguir vender um volume considerável dos pêssegos gaúchos. “Nós precisamos de mais união do setor”, afirma.
Na opinião do produtor, ainda é ilusório conversar sobre preço, uma vez que as primeiras comercializações sempre são com o valor mais alto. “O que acaba determinando é depois de dezembro, quando o volume é maior”, afirma.

União pode ser difícil

Na opinião do administrador de uma câmara fria, Tadeu Ângelo Zeni, de 36 anos, é difícil que haja unidade no setor porque cada câmara ou produtor comercializa para um mercado diferente. “Não temos um mercado comum. Cada um vende para um lugar diferente”, ressalta. A câmara que Zeni administra movimenta cerca de 1.000 toneladas da fruta por ano.
Embora Zeni preveja uma quebra de safra com relação ao ano passado, por conta de fatores climáticos, a previsão é de que o preço esteja em torno de 20% maior. “Nós tivemos que adiantar a colheita em 15 dias”, relata.
Para o agricultor Nestor Rubbo, de 42 anos, a colheita está dentro do esperado, o que denomina como uma safra normal. Sobre a questão do preço, Rubbo ressalta que a união dos produtores é importante. “O problema é como”, questiona. Ele planta cerca de 80 toneladas de pêssego, em quatro hectares de terra.

 

“Nós esperamos quebra na produção”

A variação climática pode ser a responsável por uma safra menor, em Pinto Bandeira, neste ano. Em Bento Gonçalves, de acordo com a Emater/RS, a produção também deve apresentar queda. Essa é a avaliação do engenheiro agrônomo que atende a Capital do Vinho, Alexandre Frozza.
De acordo com ele, o que se vê no município é que tem menos frutos se comparado ao ano passado. Mesmo assim, na observação de Frozza, o excelente inverno beneficiou o desenvolvimento da floração e, em consequência, do pêssego. ”Depois de uma supersafra, nós esperamos uma quebra de produção. Sempre tem que ter uma colheita menor no ano seguinte”, salienta.

Entre Pinto Bandeira e Bento Gonçalves

Enquanto a altitude de São Pedro, em Bento Gonçalves, permite o cultivo de variedades mais tardias, o clima e a altura em Pinto Bandeira beneficiam também as variedades precoces. “Tivemos um período de seca, isso incentiva a formação do tubo, que leva o pólen até o ovário”, analisa Frozza.
Ele avalia também que os frutos sofrem com a interferência do inverno da safra passada. ”Leva a uma quebra de produção normal”, afirma. Além disso, o engenheiro agrônomo comenta que a questão do início da floração interfere na formação do fruto, assim como a baixa umidade no solo.