A partir do momento em que se iniciou o comércio de vinho, surgiu a figura também expressiva da nossa vitivinicultura colonial a do tanoeiro que construía os barris. As tanoarias se multiplicaram, vindo até mesmo alguns imigrantes práticos, que foram os mais hábeis tanoeiros da região. A construção de barris é uma arte extremamente difícil e árdua. O tanoeiro que construía os barris é um tipo muito forte, pois além de talento e arte, exige muito esforço físico, enfrentando variações de temperatura, uma vez que ele lida com fogo e pesadas ferramentas.
Apesar disso, é um tipo muito alegre, mesclando o trabalho árduo com alegres canções, que o tornaram um elemento muito folclórico. As unidades de medidas dos barris de madeira utilizados na época eram as seguintes: Cartola – 400 litros; Bordalesa – 200 litros; Quarto – 100 litros; Quinto – 80 litros; Décimo – 40 litros; Vigésimo – 20 litros.
Em 1888, estava sendo construída a ligação da estrada São Sebastião do Caí – Caxias do Sul e Caxias do Sul – Vacaria, passando por Antônio Prado. Em 1902, concluiu-se a estrada Borges de Medeiros que ligava Guaporé a Muçum. Em 1904, a estrada Roca Sales. Em 1908, a importante Buarque de Macedo, que une Montenegro, passando por Garibaldi, Bento Gonçalves, Veranópolis, Nova Prata, Lagoa Vermelha, indo até Campos Novos e Curitibanos, em Santa Catarina (hoje é a BR 470). Nessa época é aberta a Júlio de Castilhos, que de São Sebastião do Caí e ainda hoje passa por Nova Vicenza (hoje Farroupilha) Antônio Prado e seguindo até Vacaria. Em 1911, terminaram as obras das estradas de Monte Belo, Garibaldi e São Marcos a Nova Trento (hoje Flores da Cunha). Além dessas, muitos quilômetros de estradas municipais eram abertas em toda a região. Pode-se dizer que a partir de 1900/1910, iniciou o surgimento do transporte em carretas entre as regiões de consumo da época. Até ali, todo o transporte era feito em lombo de animais. A produção de vinho foi crescendo até o ponto em que o mercado local e regional foi insuficiente para absorver toda a oferta, sendo preciso buscar novas saídas para o excedente. Era preciso não esmorecer a ânsia do desenvolvimento que a Colônia tomava, com a crescente produção de vinhos.
Naquele cenário da época, surgiram duas figuras inteligentes, orgulho de um povo que soube vencer todos os obstáculos de uma terra íngreme rumo ao progresso e ao desenvolvimento. Trata-se do toscano Antônio Pierucini natural de Luca (Itália) e do vicentino Abramo Eberle, natural de Vicenza (Itália), ambos agricultores de origem, dotados de inteligência, coragem e espírito pioneiro fora do comum.
Pierucini já havia viajado pelo centro-sul do Brasil. Em 1898, empreendeu o que pode ser considerada a primeira grande expedição de comercialização e transporte do vinho gaúcho em direção aos mercados do centro do país, quando conduziu um carregamento de vinho, em lombo de burros, até São Simão, interior do estado de São Paulo, conseguindo vender todo o lote.
Eberle, dois anos após, arriscou-se e chegou com o primeiro carregamento de vinho até a capital paulista, após jornadas dolorosas no seu percurso, também conseguiu vender o vinho. Dessa forma, iniciou-se uma nova fase no progresso da Colônia Italiana, permitindo assim um novo alento na expansão da produção Vitivinícola, que além do estado do Rio Grande do Sul, passaria a fornecer vinhos aos outros estados.
“VOCÊ CONHECE A HISTÓRIA DO NOSSO MUNICÍPIO???”
Fonte: Memórias do Município de Bento Gonçalves – Arquivo Histórico