Segundo relatório divulgado pelo Obstrab UCS, principais segmentos que contrataram foram indústria e serviços
Um dos medos que podem assombrar um jovem a respeito do futuro é o de como ele irá entrar no mercado de trabalho e se há vagas disponíveis. A boa notícia é que, de acordo o Boletim Juventude e Mercado de Trabalho divulgada na última semana pelo Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (Obstrab UCS), há boas perspectivas para inserção do trabalhador de até 29 anos.
O relatório trata sobre o primeiro semestre do ano e abrange quatorze regiões da UCS, formadas pelas cidades de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Carlos Babrosa, Canela, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Guaporé, Nova Prata, São Sebastião do Caí, Torres, Vacaria, Veranópolis e Vila Maria. A Capital do Vinho é a segunda maior em número de jovens empregados, com 16.762, o que representa 13,3% do total dos municípios nos quais as pesquisas foram realizadas, ficando atrás apenas de Caxias, que leva 44% dos números.
Em 2020, a pandemia foi o motivo principal para que o saldo de empregos para os jovens decaísse drasticamente nos primeiros seis meses do ano. No período, houve fechamento de 591 postos de trabalho. Já na mesma época de 2021, foram contratadas 10,6 mil pessoas, registrando-se o melhor resultado desde 2013, quando foram admitidas 10,8 mil dessa faixa etária.
Segundo a coordenadora do Obstrab UCS, Lodonha Coimbra Soares, a recuperação de 2020 para 2021 foi mais rápida do que se podia imaginar. “No ano passado, quando teve uma redução muito drástica nas contratações de empregos formais, as perspectivas a nível Brasil, Rio Grande do Sul, e municípios da região é de que o PIB (Produto Interno Bruto) iria cair muito. Isso aconteceu na metade de março. Em abril, o saldo foi extremamente negativo, maio foi um pouquinho menos, junho também e a partir de julho já houve uma leve retomada”, relata.
O reestabelecimento, conforme a docente, tem motivos claros. “Foi muito levado pelas medidas governamentais de apoio e redução de horas trabalhadas. Isso ajudou a não cair tanto quanto imaginávamos. A partir do segundo semestre, embora fosse negativo, era um menor do que tinha sido nos meses anteriores. Até chegarmos mais para o fim de 2020, e vermos um saldo positivo”, sublinha.
O quadro favorável visto nos últimos meses do ano da pandemia proporcionou que o primeiro semestre de 2021 fosse proveitoso aos trabalhadores. Os principais segmentos que contrataram foram indústria e serviços. Houve 6.035 contratações de jovens de 18 a 24 anos na região UCS, seguidas por 2.743 de adolescentes de até 17 anos. “O que podemos destacar é que esse trabalho foi muito para a primeira faixa etária mais empregada, que são os jovens aprendizes. Temos que levar em consideração que foi, geralmente, o primeiro emprego com remuneração menor. Ocorreu uma redução na massa salarial nesse período”, destaca Lodonha.
A maior parte das admissões, ainda, é de pessoas com o ensino médio completo, totalizando 4.642, seguido pelo incompleto, com 2.850. “Não significa dizer que não está havendo vagas para ensino superior, mas a maior inserção é nessa faixa. A média dos alunos que se formam é a partir dos 25 anos em diante. A faixa etária dos 25 aos 29 já busca salários maiores e tem uma qualificação na mão de obra. Não significa que não há vagas”, explica.
Perspectivas para o futuro
Para que os números de jovens contratados na região UCS suba ainda mais, Lodonha afirma que é uma questão de políticas públicas. “Recentemente o governo aprovou uma reforma trabalhista que inclui programa de inserção do jovem no mercado. Essa reforma está sendo discutida porque, ao mesmo tempo que ela facilita o empregador a abrir postos, também tira alguns direitos, como a carteira assinada, o não recolhimento do fundo de garantia por parte do empregador. É uma medida que está sendo ainda discutida. O objetivo do governo é inserir, não só o jovem, mas as pessoas com mais de 50 anos. Em contrapartida, há diminuição nos direitos desses trabalhadores”, pondera.
Outro fator que pode interferir é a vacinação. “Podemos observar que o Rio Grande do Sul é o segundo estado do Brasil com mais vacinados, e isso ajuda muito na inserção do jovem. Os agentes econômicos, as pessoas, as famílias, os trabalhadores, as empresas começam a ficar um pouco mais seguros com a imunização, principalmente da população jovem também”, ressalta.
Para o segundo semestre, a possibilidade é de mais crescimento. “A partir do momento que nós temos Dia das Crianças, perspectiva de Natal e Ano Novo, há uma probabilidade de aumento de postos de trabalho, tendo em vista o maior otimismo desse final de ano, por conta, principalmente dessa imunização e da flexibilização”, prevê a coordenadora.
A tendência é de manutenção ou até aumento da quantidade de postos de trabalho. “Temos que lembrar que a economia não é uma ciência exata. Graças a Deus estamos indo bem, mas estão chegando as cepas e está acontecendo aumento de casos em países que já até abandonaram o uso das máscaras. A gente não pode afirmar categoricamente, mas a perspectiva é que seja de melhora”, frisa.
Confira o Boletim Juventude e Mercado de Trabalho.