Há cerca de quatro semanas, o percentual inflacionário estava em 8,27%. Com redução de 0,73%, este ano deve fechar com o IPCA em 7,54%
A expectativa para os índices de inflação projetados para este ano foi reduzida, pela terceira semana consecutiva. No início desta semana, o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, destaca que 2022 deve fechar com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 7,54%. Há cerca de quatro semanas, o percentual inflacionário estava em 8,27%.
De acordo com o economista, professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e consultor empresarial, Romário de Souza Gollo, os índices de inflação estão baixando porque a taxa básica de juros da economia (Selic) está se elevando. “Consequentemente, o custo do crédito também aumenta, inibindo assim o consumo agregado. Com a redução do consumo, os preços tendem a se estabilizar, resultando na queda dos índices de preços”, explica.
A queda do IPCA proporciona consequências positivas para os consumidores, conforme Gollo. “Contribui para manter o poder de compra do seu dinheiro. O fato é que os salários são reajustados em uma determinada data focal, enquanto que os produtos (bens e serviços), geralmente aumentam os preços em periodicidade menor”, sublinha.
Já para 2023, a previsão de inflação subiu de 5,09% para 5,20%. Há um mês, a estimativa era de 4,83%. O economista salienta que o aumento no percentual significa que os indicadores econômicos oscilam ao longo do tempo. “Percebendo que há uma pressão para frear a inflação, trazendo para patamares desejáveis, até o final de 2022, naturalmente em 2023 é previsto uma inversão na curva”, destaca.
Para Gollo, como as variáveis macroeconômicas são de certa forma correlacionadas, como é o caso da inflação e taxa de juros, assim outras também podem estar contribuindo para a redução dos índices. “Entretanto, dependendo da performance das variáveis, no momento seguinte a inflação pode voltar a subir”, aponta.
PIB apresenta crescimento
As estimativas do Produto Interno Bruto (PIB) também apresentam alta. Na última semana, a expectativa era que houvesse crescimento de 1,59% em 2022, mas esse percentual subiu para 1,75%.
Segundo o docente, o PIB mostra o desempenho da economia em um determinado período de tempo. “Assim, quando há um crescimento do PIB significa que a economia performou bem naquele período e isso é bom para os brasileiros e a economia, em geral“, expõe o economista.
Gollo acentua que, considerando os impactos da covid-19, com resultados negativos no PIB, o resultado positivo que vem sendo atingido, com a retomada das atividades econômicas, ainda é pouco significativo. “O ideal é que o crescimento fosse maior, pois, assim, os brasileiros teriam à sua disposição uma quantidade maior de bens e serviços. Ou seja, aumentaria a oferta e demanda agregada e, consequentemente, o desempenho da economia”, ressalta.
Dólar x economia brasileira
Os movimentos da economia brasileira estão muito ligados ao câmbio, de acordo com o professor da UCS, especialmente ao dólar. “Sempre que há uma variação cambial, os preços de grande parte dos produtos também oscilam”, esclarece.
Além disso, Gollo sustenta que quando há uma valorização cambial, o benefício vai para os importadores. “Por outro lado, uma desvalorização vai beneficiar os exportadores. Portanto, as alterações no valor do dólar frente ao real, tanto valorizando nossa moeda quanto desvalorizando, sempre haverá interferência, beneficiando alguns em detrimento de outros”, conclui.