Com mudanças no modelo de avaliação e a estreia de novos jurados, lista de vencedores deve sair com nomes premiados pela primeira vez

Depois de uma pausa em 2019 e a retomada de nosso calendário bienal a partir dessa edição, o Prêmio Salão Design teve uma edição totalmente renovada em 2020, com mudanças de categorias, jurados e no formato de avaliação dos produtos concorrentes. Tantas mudanças nos bastidores resultaram num conjunto de premiados também inédito: entre os vencedores, todos estão sendo agraciados pela primeira vez. Apenas a designer Roberta de Sá Faustini já tinha recebido uma menção honrosa no passado.

A principal mudança no regulamento ocorreu ainda na fase de inscrições e alterou a tipologia de produtos que podem concorrer ao prêmio. Não houve categorias para acessórios e iluminação, podendo ser inscritos apenas projetos de mobiliário. Foram 827 projetos de estudantes e profissionais inscritos em cinco categorias, chamadas de desafios: Desafio dos Espaços em Transformação; Desafio da Identidade Brasileira 2020; Desafio do Uso do Painel; Desafio da Tecnologia Embutida e Desafio das Experiências Positivas.

Já tradicionais na premiação, permanecem sendo concedidos o troféu Professor Orientador para os melhores produtos de estudantes e também o Prêmio Madeiras Alternativas, esse último em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro desde 1996 e que reconhece o uso de madeiras consideradas não muito utilizadas.

O diretor do Prêmio Salão Design, José Ferro, destaca que as reformulações apresentadas no Prêmio Salão Design neste ano atendem às mudanças no mercado de móveis, mas não apenas isso: também consideramos um retorno do prêmio às suas origens, que é de fomentar a inovação no setor moveleiro. “As categorias de iluminação e acessórios foram suprimidas, dando foco ao mobiliário em si. Ademais, a nosso ver, a categorização do prêmio por cômodos da casa – móveis para dormitório, móveis para área social, móveis para área externa, etc – já não condiz com uma realidade em que as pessoas dão vida a seus espaços fazendo as mais diversas adaptações e customizações do mobiliário”, analisa.

Para a primeira etapa de avaliação dos inscritos, foi convidado um grupo de jurados técnico-funcionais, formado por acadêmicos e profissionais do design. Coube a eles analisar as condições técnicas dos projetos inscritos e aspectos como segurança, materiais utilizados, viabilidade produtiva e sustentabilidade. Foram aprovados para a segunda etapa 104 finalistas do Brasil, Argentina e Uruguai.

Na segunda etapa de julgamento, entrou em cena um novo grupo de jurados, dessa vez com uma pegada estético-criativa. Eles estiveram reunidos em Bento Gonçalves em janeiro para a avaliação presencial dos finalistas e escolha dos vencedores. O grupo foi formado pela crítica, historiadora e curadora de design Adélia Borges; o arquiteto, designer e marceneiro Fernando Mendes; o designer multipremiado, jurado de inúmeros concursos, autor e tradutor Freddy Van Camp; a artista plástica e designer Heloisa Crocco; e a diretora de conteúdo da Casa Vogue Taissa Buescu. 

Sobre os vencedores

Para a jurada Adélia Borges, sustentabilidade é uma palavra de ordem hoje em dia, mas quando se menciona a palavra vêm à mente das pessoas palavras como reciclado e reciclável. No entanto, segundo ela, outros pré-requisitos muito importantes são a extensão da vida útil de um produto e a sua multifuncionalidade. “O mobiliário infantil Vira e Mexe, por exemplo, tem um módulo grande e dois pequenos. Aparentemente simples e singelo, é um conjunto sintonizado com todas as premissas do design contemporâneo e de grande versatilidade”, destaca.

Para o Prêmio Madeiras Alternativas, categoria especial realizada desde 1996 em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro, participou da avaliação dos finalistas a técnica do Serviço Florestal Brasileiro Elisa Palhares de Souza. O prêmio reconhece o uso de madeiras consideradas não muito utilizadas. O premiado o designer Marcelo Briza Bicudo, que criou o banco Iris para a empresa Butzke. Ele vai ganhar uma expedição amazônica a áreas de manejo sustentável.

Ela explica que a divulgação de espécies pouco conhecidas no setor é de extrema importância para a viabilidade técnica e econômica do manejo sustentável, que alia a exploração madeireira com a preservação da floresta. Nesta edição de 2020, as madeiras usadas nos produtos abrangeram tanto espécies nativas quanto exóticas. Entre os finalistas, 41 produtos utilizaram madeira maciça e 25 móveis estavam aptos a concorrer ao prêmio, possibilitando a divulgação de oito diferentes espécies brasileiras, entre elas o cumaru, jequitibá e tauari.

Com patrocínio de Berneck, Brasmacol e Interprint do Brasil, o Prêmio Salão Design é o prêmio brasileiro de design de mobiliário, sendo realizado desde 1988 pelo Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis). O prêmio nasceu como projeto paralelo da feira Movelsul Brasil e, em sua trajetória de 32 anos, já teve 15.040 projetos inscritos.

Nessa 23ª edição, o prêmio é de R$ 10 mil para profissionais e R$ 6 mil para estudantes. A cerimônia de premiação e mostra de produtos será na Movelsul Brasil, de 16 a 19 de março de 2020, em Bento Gonçalves. Os vencedores vão participar, ainda, de uma segunda exposição nesse ano, durante o São Paulo Design Weekend.

Vencedores do Prêmio Salão Design 2020

Categoria: Desafio dos Espaços em Transformação
Modalidade Estudante
Mesinha Bold, design de Renan Albano, São Paulo (SP)
UNESP | Universidade Estadual Paulista. Professor orientador: Claudio Roberto Y Goya
Troféu Professor Orientador: Claudio Roberto Y Goya

Modalidade Profissional
Mobiliário Vira e Mexe, design de Roberta de Sá Faustini, São Paulo (SP)

Categoria: Desafio da Identidade Brasileira 2020
Modalidade Estudante
Zals, design de Richard Tenfen e Augusto Meurer, Joinville (SC)
UNIVILLE | Universidade da região de Joinville

Modalidade Profissional
Banco Peteca, design de Rafael Studart Alencar, Fortaleza (CE)

Menção honrosa modalidade Profissional
Cadeira Salvador, design de Vinicius Siega, Bento Gonçalves (RS)

Categoria: Desafio do Uso do Painel
Modalidade Profissional
Lazo, design de Clarisa Bielawski, Ernesto Fasano, Pablo Jaime e Florencia Martínez, Sámago, Montevideo (UY)

Menção honra na modalidade Profissional
Mesa de centro Cob, design de Frederico Cruz, Florianópolis (SC)

Categoria: Desafio da Tecnologia Embutida
Modalidade Profissional
Cadeira Jataí, design de José Alcântara Machado e Luciana Sobral para Maqmóveis, São Paulo (SP)

Menção honrosa modalidade Estudante
Cabideiro Tripé, design de Bárbara da Silva Pinto, Viamão (RS)
PUCRS | Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Professor Orientador: Alexandre Monteiro de Barros

Menção honrosa modalidade Profissional
Talipot, design Jayme Bernardo para Saccaro, Caxias do Sul (RS)

Categoria: Desafio das Experiências Positivas
Modalidade Estudante
Sofá Lote, design de Miriam Emi Makinodan Shirozaki, Curitiba (PR)
UFPR | Universidade Federal do Paraná
Troféu Professor Orientador: Gheysa Caroline Prado

Modalidade Profissional
Poltrona e pufe Arcos, design de Leandro Garcia para Schuster Móveis & Design, Curitiba (PR)

Menção honrosa modalidade Profissional
Pele, design de Roberta Banqueri para Todo Indústria de Móveis, São Paulo (SP)

Prêmio Madeiras Alternativas
Banco Iris, design de Marcelo Briza Bicudo para Butzke, São Paulo (SP)

Fonte: Ascom Sindmóveis
Foto: Ana Carolina Azevedo / Divulgação