“Lembro ainda da época da infância percebi o gosto da uva e do vinho, e mesmo do vinho doce, quando o pai vindimava na sua propriedade e fazia o seu vinho particular. A primeira imagem gravada na memória aconteceu em 1953, quando a vizinhança vinha buscar, em casa, vinho doce. A refeição servida com esse produto gerou alegria e surpresa.
No aniversário do pai, segundo a comunidade afirmava era o ambiente onde bebiam o melhor vinho da localidade. E eu procurava guardar o sabor porque me sentia feliz de ouvir essas afirmações. Para mim, aquela época foi histórica. O pai preparava vinho ainda nos anos 30 entre as famílias, na região colonial, e o dele era o preferido. Este fato evidencia que o homem, embora sem treinamento, ao natural, buscava o meio de escolha do produto.
Hoje todos os de boa sensibilidade captam o excelente odor de uma refeição, ou ao entrar numa padaria, confeitaria ou indústria de alimentos. O odor é alvo da curiosidade pessoal. Lembro que, na adolescência, no Ensino Fundamental, me ensinavam algo do gosto, mas nada de olfato. Até para os hábitos do interior, cheirar uma bebida era considerado uma ação deselegante. Verdadeiramente é necessário um curso teórico, prático para desenvolver a arte e a sensibilidade desse sentido. Na vida de estudante do Ensino Fundamental, verifiquei um maior uso do olfato pelas aves, pelos insetos, pelas moscas e pelos animais no seu habitat. Ainda hoje o beija-flor nos dá lições de inteligência e amor; as abelhas, a arte do trabalho, sendo capazes de determinar o plano de vibração da luz, da qual se valem para se orientar: o cão e o boi, na escolha do alimento ideal.
Foi a partir da carreira como estudante de tecnologia em vinho que senti em mim despertar a tenção maior para reconhecer o odor das diferentes fontes odoríferas do meio ambiente.
O setor vinícola precisa incrementar o trabalho de análise sensorial em todos os tipos de elaboração e campos de serviços, tais como: – Avaliação da Vindima – Avaliação dos Espumantes na Região Vinícola do Rio Grande do Sul – Exames dos resultados das vinificações particulares.
Creio que em nossa região e no Brasil, tem se respostas positivas nesse sentido. São as crescentes formações de Confrarias, Amigos do Vinho, Maître, Sommelier, Gourmet, que completam um serviço abnegado e de bom gosto.
A resposta de um vinho é a expressão qualitativa do meio de cultivo, da ocorrência climática, da variedade de uva, do procedimento de elaboração, da metodologia de conservação. Compete exatamente ao homem discernir e buscar soluções e apoio para aquilo que faz com respeito e conhecimento.”
Firmino Splendor em 2003